Em março de 1956, vários pontos da Avenida Nove de Abril foram
destacados em fotos legendadas no jornal santista A Tribuna. Esta, sobre os correios, foi publicada na edição de 24 de março de 1956
(ortografia atualizada nesta transcrição):
PRÉDIO NOVO PARA O CORREIO - Dentre os problemas que exigem rápida solução dos poderes
competentes, está inegavelmente o novo prédio para os Correios e Telégrafos. O prédio onde funciona o atual correio de há muito se tornou acanhado.
Trata-se de uma construção bastante antiga, que também serve de residência à pessoa encarregada dos serviços postais. Além de não fazer entrega de
correspondência em domicílio, o correio de Cubatão não dispõe de telégrafo, serviço que é feito com grande morosidade pela E. F. Santos-Jundiaí. Os
funcionários do correio, porém, são verdadeiros abnegados, trabalhando mesmo fora da hora do expediente. O novo prédio, de acordo com a indicação do
município, deverá ser construído na Praça 1º de Maio, na Vila Paulista. Segundo soubemos, a Câmara Federal está cuidando do assunto, em conseqüência
de um pedido feito pelo vereador Francisco Eleutério Pinheiro. - Na foto, o arcaico e inadequado prédio onde funciona o correio de Cubatão
Foto e legenda publicadas em A Tribuna de 24/3/1956
Esta foi publicada na edição de 21 de março de 1956 de A Tribuna:
SINGULAR CONTRASTE - A fotografia mostra uma das muitas residências do tempo do Brasil-Império,
ainda existentes no município, ao lado de um dos mais modernos edifícios da cidade. O prédio moderno já está construído no alinhamento da nova
Avenida Nove de Abril. Pode-se notar o novo alinhamento que a avenida vai ter, não sendo demais lembrar ao Executivo cubatense a necessidade de
iniciar, o quanto antes, as obras de alargamento, uma iniciativa que já está tardando
Foto e legenda publicadas em A Tribuna de
21/3/1956, página 2
No dia 18 de março de 1956, o mesmo jornal A Tribuna publicou (na
página 19) uma matéria mais ampla, sobre o crescimento da cidade de Cubatão (ortografia atualizada nesta transcrição):
A TRIBUNA EM CUBATÃO
Cubatão, sentinela do grande parque fabril
Longe da velha afirmativa de que o parque
industrial paulista tem início no Planalto, o município de Cubatão, a partir do presente, passou a desmentir essa tradição, constituindo a porta de
entrada do nosso grande centro manufatureiro. Também não peca o povo cubatense entregando suas atividades superiores apenas em favor da expansão e
progresso do grande cometimento que é a Refinaria de Petróleo, muito embora seja reconhecido plenamente que esta se coloca entre as maiores do
mundo. Muito ao contrário, acima do que ainda muitas pessoas supõem, repontam por todos os setores do seu conjunto topográfico as atividades de
preparação para o estabelecimento de novas usinas, novas fábricas, novos empreendimentos.
Assim, mal chegava próximo a seu termo a construção da Refinaria e já se delineavam outras
atividades de elevado cunho industrial. E, atualmente, para quem cruza a ponte do Rio Casqueiro, já não é mais a paisagem desolada, embora poética,
de antes, que se apresenta. De um lado, depara-se com a montagem da fábrica da Companhia Brasileira de Estireno e de outro, com a da fábrica de
pneus que, ao lado da produção de petróleo, irá, por certo, dar a Cubatão, em breve tempo, a oportunidade para instalar sua primeira fábrica de
automóveis.
Ainda quanto à primeira, dessas novas indústrias, está assentado que deverá dar trabalho a
centenas de operários, para o fim de fabricar artigos de matéria plástica, especializando-se em quase todos os artigos em que seja viável a
substituição da matéria-prima, dando-lhes, assim, novo cunho e aperfeiçoamento.
A par de tudo isso, que representa expressiva parcela no progresso não somente de São Paulo, mas
do país, na sentinela do nosso parque de indústrias, vão sendo adquiridos terrenos para neles serem instaladas novas fábricas. E como resultado
desse surto de progresso, a população cresce, novas levas de operários são para aqui atraídas, surgirão novos bairros, de construção moderna, que
virão dar à cidade um aspecto digno do progresso para o qual caminha.
Foto publicada com a matéria de 18/3/1956 - "Um monstrengo em plena Nove de Abril"
Um monstrengo em plena Nove de Abril - A afirmativa sincera de que Cubatão está crescendo
vem de encontro a uma série de problemas administrativos que estão a exigir dos poderes públicos um pouco mais de energia para serem resolvidos. O
alargamento da Avenida Nove de Abril, por exemplo, é um dos muitos aspectos que fazem o visitante pensar que esta é uma terra sem dono.
Na verdade, o panorama que se descortina na nossa principal artéria é simplesmente desolador. São
prédios em ruínas, completamente fora do alinhamento das construções novas e por esse motivo forçando o contraste e causando uma impressão pouco
lisonjeira aos que diariamente nos visitam.
Não sabemos o que está retendo a Prefeitura para começar o alargamento de uma artéria que de há
muito deveria ter sido ampliada, pela extraordinária importância que assumiu com o astronômico crescimento da cidade.
Pois bem, quando se fala em desapropriações, quando se pensa que as obras terão início a qualquer
momento, "a título precário" o Executivo Municipal autoriza a construção do barracão, como o que se vê na fotografia. Foge à lógica e ao bom senso
que alguém autorize construções numa avenida que está para ser alargada, completamente fora das mais comezinhas disposições do Código de Obras,
mesmo com a ressalva do "título precário". Trata-se de uma barraca destinada, segundo soubemos, a vender frutas. Mas seja para qual for o fim, está
errada a sua construção e a mesma deve o mais cedo possível ser demolida.
Foto publicada com a matéria de 18/3/1956 - "Balbúrdia no
trânsito de Cubatão"
Balbúrdia no trânsito de Cubatão - A Avenida Nove de Abril, ex-Avenida
Bandeirantes ou, mais precisamente, antiga estrada de rodagem que fazia a ligação São Paulo-Santos, tornou-se, com o crescimento de Cubatão, a
principal rua de um dos mais progressistas municípios do Estado. Com a abertura da Via Anchieta, o antigo caminho para o Planalto ficou quase
abandonado.
Veio a emancipação política de Cubatão e a sua conseqüente elevação à categoria de
Município, com demarcação de fronteiras etc. Mas o antigo traçado da estrada de rodagem foi mantido, provocando uma natural confusão entre as
jurisdições do Estado e do Município. Daí não se saber exatamente se a fiscalização do trânsito compete a um ou a outro. Não existe qualquer
indicação sobre estacionamento ou qualquer sinal que proíba o mesmo.
Motoristas conscienciosos há que encostam os seus veículos bem junto ao meio-fio ou
mesmo sobem no passeio, evitando assim congestionar a avenida. Mas há outros que não têm a mínima noção de responsabilidade, colocando os seus
veículos em qualquer lugar e provocando congestionamentos.
Numa movimentada avenida como a Nove de Abril, deveria haver um guarda que proibisse
a parada de veículos em certos trechos e em determinadas horas, evitando assim o "malabarismo" dos demais motoristas para passar por aquele trecho.
No clichê, um caminhão que fica quase o dia inteiro estacionado num mesmo lugar, até
que apareça alguém que o mande circular ou, como sugere a placa colocada no pára-brisa, que o compre... |