Quem é o responsável?
Mário Persona (*)
Colaborador
"Quero
falar com a pessoa responsável". Esta é a primeira coisa
que o cliente diz quando tem algum problema. E no mundo virtual o consumidor
está aprendendo a verificar se existe alguém responsável
em uma loja na Web antes de fazer uma compra.
Em um artigo que li sobre os cuidados
a serem tomados em uma compra eletrônica, alguns eram: "Não
compre de vendedores anônimos", "Não compre de sites com endereços
de hospedagem ou de e-mail gratuitos, como www.geocities.com, www.xoom.com,
@hotmail, @yahoo, etc.", "Não envie seu cheque para uma caixa postal",
e por aí vai.
Sabendo que os compradores estão
sendo alertados disto, o que deve fazer o empresário que deseja
fazer negócios na Web? Mostrar a cara. Uma das características
da Internet que mais atrai os vigaristas - e assusta os honestos - é
justamente a possibilidade do anonimato. Não dar seu verdadeiro
nome, telefone e endereço em um chat pode ser uma boa precaução
se você não quiser ser importunado. Aplique a mesma tática
em seu site de negócios e você não será nunca
importunado. Nem por clientes.
Se você for como eu, daqueles
que não gostam de ser atendidos por máquinas com voz de lata,
saiba que muitos de seus clientes têm a mesma opinião. Daí
a necessidade de mostrar claramente a seu cliente com quem ele está
falando e dar-lhes a certeza de que existe alguém de carne e osso
do outro lado do balcão. Mas não exagere. Seu cliente quer
apenas certificar-se de estar falando com um ser humano. Ele não
está interessado na data de seu nascimento ou em ler sua biografia.
Exemplos - John Audette, do
Multimedia Marketing Group, mostra toda a sua equipe em
seu site, com direito a conhecer inclusive o cachorro da empresa. Ele
é um dos mais bem sucedidos profissionais do marketing virtual e
deve saber o que está fazendo. Outra equipe que você pode
conhecer é a da Virtualis
Systems, Inc., um grande provedor de hospedagem de sites na Internet.
Jim Daniels, da JDD Publishing, outra empresa de marketing virtual,
comenta que uma das páginas mais visitadas de seu site é
http://www.bizweb2000.com/howiquit.htm,
que traz sua foto e a história da empresa. E se você acha
que precisa ter boa aparência para aparecer em seu site... bem, Jim
parece não pensar assim!
A importância do contato humano
é tão grande que algumas revistas criam personagens fictícios
para atender seus clientes. Uma antiga revista, especializada nos micros
padrão MSX, tinha uma garota de 16 anos, Magali Suzana Ximenes,
para responder as cartas dos leitores. Estes, geralmente meninos e dessa
mesma faixa etária, escreviam mais interessados no hardware
do que no software, e adoravam ter suas dúvidas respondidas
por aquela menina descrita como sendo ruiva, bonita e conhecedora profunda
de computadores e linguagem de programação. Era o sonho de
qualquer micreiro imberbe, a antítese daquela irmã chata
que o adolescente tinha em casa. O que poucos percebiam era que a cada
ano Magali continuava com a mesma idade, e seu nome começava com
as letras MSX.
Se você costumava ler a versão
americana da Reader's Digest, conhecida aqui como "Seleções",
deve ter visto Carolyn Davis oferecendo produtos para as donas de casa.
Se não estou enganado, tanto a americana quanto sua correspondente
brasileira, cujo nome não recordo, eram personagens fictícias.
Assim como algumas mulheres que aparecem explicando a receita nas caixas
de mistura para bolo, tratava-se de uma técnica de marketing
para acrescentar calor humano à propaganda.
Conversando - O shopping
virtual de http://www.theglobe.com
oferece um chat com pessoas do outro lado da linha respondendo perguntas
sobre os produtos. Se as alegres funcionárias cujas fotos aparecem
aleatoriamente cada vez que você entra no chat são
reais ou não, nunca vou saber. Mas eu não resisti, e escrevi
um "hello!" para a pessoa que estava me atendendo. E ela respondeu.
Você não precisa colocar
em seu site o álbum de família ou a foto do papagaio, mas
não custa criar um ambiente onde o cliente não se sinta sozinho.
Coloque seu e-mail, endereço físico, telefone, fax,
dados de sua empresa, nomes a serem procurados em caso de problemas, e
o que achar importante para dar segurança para quem compra. Já
entrei em um site no qual cada página convidava, "Escreva para nós".
Mas procurei em vão por um endereço ou e-mail que
não existia. Infelizmente muitos são assim, exatamente como
aquele velho conhecido que sempre convida, "Apareça lá em
casa", e nunca diz onde mora.
(*) Mário
Persona é consultor, escritor e palestrante. Esta crônica
faz parte dos temas apresentados em suas palestras. Edita o boletim eletrônico
Crônicas
de Negócios e mantém endereço
próprio na Web, onde seus textos estão disponíveis. |