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Artigo escrito em 1999
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 01/15/02 13:56:06
Na rua que sobe e desce... 

Mário Persona (*)
Colaborador

A antiga brincadeira de criança parece encontrar eco na idéia dos empresários mais conservadores, quando assistem as mudanças que ocorrem hoje no mundo dos negócios. Não é de surpreender que exista um certo ceticismo para com a Internet, pois começamos a ouvir falar cada vez mais de uma sociedade virtual, com negócios virtuais em lojas virtuais localizadas em shoppings virtuais. E não poderiam faltar as comunidades virtuais que, ao contrário do que se esperava, são habitadas por pessoas reais. Todavia são lugares cujos endereços são tão concretos quanto podem ser coisas que você não pode tocar ou pesar numa balança.

Diante de uma realidade assim, é preciso que o empresário moderno se conscientize de que negócios reais - e polpudos - estão acontecendo por detrás deste cenário virtual e que tome uma posição o mais rápido possível. Mas que não seja uma posição virtual.

É de Eric Hoffer a frase que cabe muito bem aqui: "Em uma época de mudanças drásticas, são os aprendizes que sobrevivem; os 'experientes' carregam bagagem demais para poderem viver em um mundo que não mais existe". É exatamente isso que estamos assistindo na atual era da informação. 

Garotos imberbes desenvolvem produtos e idéias que são responsáveis pela decolagem de empresas com uma lucratividade nunca imaginada nas décadas que passaram. Edificadas sobre o alicerce da criatividade, essas empresas vão ousadamente engrossando as ondas da Internet, onde hoje surfar pode significar bons negócios. 

Estamos assistindo a revolução virtual conquistando seu espaço - numa espécie de "chega prá lá" - entre os sólidos ícones gerados pela revolução industrial. Talvez solidificados demais para conseguirem acompanhar as novas tendências. 

Alicerce de bits - Se a revolução industrial foi grandemente impulsionada pela máquina a vapor, seguida dos motores a combustão que transportavam o progresso por ferrovias e estradas a uma velocidade medida em quilômetros por hora, a revolução virtual tomou forma com o advento do circuito integrado e passou a trafegar seus produtos à velocidade da luz. Enquanto uma delimitou seu espaço com ferro e concreto em um endereço fisicamente bem definido, a outra foi construída sobre um alicerce de bits, com paredes de elétrons e telhado de microondas. 

O endereço? Um ponto qualquer no espaço, se é que isto ajuda. Mas sempre com um "www" de "World Wide Web" na frente para lembrar que o mundo perdeu suas fronteiras. É a grande teia de abrangência mundial onde as aranhas da oportunidade abocanham os melhores negócios.

Resultados concretos - Mas, para algo que parece ter a consistência do vácuo, a moderna sociedade da comunicação e seu mundo de negócios é tudo menos etérea em seus resultados. A última pesquisa anunciada no Forrester Forum, que acontece anualmente em Boston, indica que o comércio mundial via Internet verá suas vendas totalizarem 3,2 trilhões de dólares no ano 2003. Parece pouco? Isto representa 5% das vendas praticadas em todo o mundo. Nada mal para uma área de negócios vista com um certo ceticismo por um grande número de empresários que ainda vivem na era do comércio do tipo balcão-escada-prateleira.

Nas palavras de George F. Colony, presidente do Forrester Research, já não resta dúvidas de que o comércio pela Internet terá uma fatia significativa da economia global nos próximos cinco anos. Segundo ele, "para se alcançar um pleno potencial, o negócio precisa se mover rapidamente se quiserem conquistar liderança de mercado". Para muitos empresários que ainda vêem os negócios pela Internet como algo distante, deixando para depois o investimento na área, é bom começarem a reservar seu endereço na rua que sobe e desce, pois muito antes do que se espera os negócios sobem e a lucratividade aparece.

(*) Mário Persona é consultor, escritor e palestrante. Esta crônica faz parte dos temas apresentados em suas palestras. Edita o boletim eletrônico Crônicas de Negócios e mantém endereço próprio na Web, onde seus textos estão disponíveis.