Na rua que sobe e desce...
Mário Persona (*)
Colaborador
A antiga
brincadeira de criança parece encontrar eco na idéia dos
empresários mais conservadores, quando assistem as mudanças
que ocorrem hoje no mundo dos negócios. Não é de surpreender
que exista um certo ceticismo para com a Internet, pois começamos
a ouvir falar cada vez mais de uma sociedade virtual, com negócios
virtuais em lojas virtuais localizadas em shoppings virtuais. E
não poderiam faltar as comunidades virtuais que, ao contrário
do que se esperava, são habitadas por pessoas reais. Todavia são
lugares cujos endereços são tão concretos quanto podem
ser coisas que você não pode tocar ou pesar numa balança.
Diante de uma realidade assim, é
preciso que o empresário moderno se conscientize de que negócios
reais - e polpudos - estão acontecendo por detrás deste cenário
virtual e que tome uma posição o mais rápido possível.
Mas que não seja uma posição virtual.
É de Eric Hoffer a frase que
cabe muito bem aqui: "Em uma época de mudanças drásticas,
são os aprendizes que sobrevivem; os 'experientes' carregam bagagem
demais para poderem viver em um mundo que não mais existe". É
exatamente isso que estamos assistindo na atual era da informação.
Garotos imberbes desenvolvem produtos
e idéias que são responsáveis pela decolagem de empresas
com uma lucratividade nunca imaginada nas décadas que passaram.
Edificadas sobre o alicerce da criatividade, essas empresas vão
ousadamente engrossando as ondas da Internet, onde hoje surfar pode significar
bons negócios.
Estamos assistindo a revolução
virtual conquistando seu espaço - numa espécie de "chega
prá lá" - entre os sólidos ícones gerados pela
revolução industrial. Talvez solidificados demais para conseguirem
acompanhar as novas tendências.
Alicerce de bits - Se a revolução
industrial foi grandemente impulsionada pela máquina a vapor, seguida
dos motores a combustão que transportavam o progresso por ferrovias
e estradas a uma velocidade medida em quilômetros por hora, a revolução
virtual tomou forma com o advento do circuito integrado e passou a trafegar
seus produtos à velocidade da luz. Enquanto uma delimitou seu espaço
com ferro e concreto em um endereço fisicamente bem definido, a
outra foi construída sobre um alicerce de bits, com paredes de elétrons
e telhado de microondas.
O endereço? Um ponto qualquer
no espaço, se é que isto ajuda. Mas sempre com um "www" de
"World Wide Web" na frente para lembrar que o mundo perdeu suas fronteiras.
É a grande teia de abrangência mundial onde as aranhas da
oportunidade abocanham os melhores negócios.
Resultados concretos - Mas,
para algo que parece ter a consistência do vácuo, a moderna
sociedade da comunicação e seu mundo de negócios é
tudo menos etérea em seus resultados. A última pesquisa anunciada
no Forrester Forum, que acontece anualmente em Boston, indica que o comércio
mundial via Internet verá suas vendas totalizarem 3,2 trilhões
de dólares no ano 2003. Parece pouco? Isto representa 5% das vendas
praticadas em todo o mundo. Nada mal para uma área de negócios
vista com um certo ceticismo por um grande número de empresários
que ainda vivem na era do comércio do tipo balcão-escada-prateleira.
Nas palavras de George F. Colony,
presidente do Forrester Research,
já não resta dúvidas de que o comércio pela
Internet terá uma fatia significativa da economia global nos próximos
cinco anos. Segundo ele, "para se alcançar um pleno potencial, o
negócio precisa se mover rapidamente se quiserem conquistar liderança
de mercado". Para muitos empresários que ainda vêem os negócios
pela Internet como algo distante, deixando para depois o investimento na
área, é bom começarem a reservar seu endereço
na rua que sobe e desce, pois muito antes do que se espera os negócios
sobem e a lucratividade aparece.
(*) Mário
Persona é consultor, escritor e palestrante. Esta crônica
faz parte dos temas apresentados em suas palestras. Edita o boletim eletrônico
Crônicas
de Negócios e mantém endereço
próprio na Web, onde seus textos estão disponíveis. |