Uma loja de ferramentas na Internet
Mário Persona (*)
Colaborador
A experiência
da empresa britânica Coastal Tool é mais um caso de sucesso
de uma empresa convencional que usou a Internet como forma de expandir
sua área de ação. Ao contrário dos grandes
investidores, que podem despejar milhões de dólares em propaganda
e marketing, as pequenas e médias empresas estão pouco
a pouco descobrindo que existe na Web uma oportunidade de ouro para quem
não pode investir muito e nem tem munição para esperar
anos pelo retorno.
A Coastal Tool and Supply entrou na
Internet com a cara e a coragem. Contrataram um provedor de acesso e hospedagem
para suas páginas, compraram um kit de desenvolvimento de
webpages,
software
para tratamento de imagens e livros que explicavam como criar um site.
Primórdios - Em 1995
pouca gente estava vendendo na Internet e a maioria das empresas tinha
no máximo um catálogo
on-line que convidava os visitantes
a entrarem em contato com a empresa e receberem mais informações
pelo correio. Em março de 1996, o site foi oficialmente inaugurado,
com a previsão de um modesto faturamento de cem mil dólares
para o primeiro ano. Apesar de acharem que era otimismo demais vender tal
soma, acabaram fechando o primeiro ano na marca dos 187 mil dólares.
A Coastal Tool começou com
uma abordagem que funciona ainda hoje: o site não devia ser apenas
um catálogo de preços e produtos, mas um manancial de informações
sobre ferramentas. De 187 mil dólares vendidos no primeiro ano,
a empresa saltou para 887 mil dólares no segundo ano, chegando perto
de um milhão e meio de dólares vendidos no terceiro ano somente
através do site. Até meados de 1998 a empresa havia gasto
muito pouco com publicidade. As vendas aconteciam graças aos sites
de busca, links de outros sites e indicação de clientes.
Na metade de 1998, o número
de visitas ao site começou a se estabilizar e então resolveram
transferir para a loja virtual todo o orçamento que era destinado
à propaganda da loja convencional. Assim, foram destinados setenta
e cinco mil dólares para a promoção do site na própria
Internet.
Conteúdo - À
medida que o negócio foi crescendo, o site foi ganhando em conteúdo.
As seções foram divididas de forma mais lógica, facilitando
a navegação e deixando o cliente a poucos cliques de distâncias
do fechamento da compra. Um sistema de busca dentro do próprio site
foi crucial para o aumento das vendas.
Outro detalhe importante: nada de
Java, Shockwave, música, vídeo, imagens grandes ou páginas
lentas no caminho entre o produto e o fechamento da venda. Tudo o que for
mais lento é apresentado como opção de link
que não precisa ser necessariamente acessado para efetuar a compra.
Com o tempo, resolveram substituir
o mecanismo de busca no site por uma lista de fabricantes e categorias
em formato texto. Eles constataram que a maioria dos clientes já
sabia qual o fabricante ou que ferramenta estavam procurando. Uma das áreas
de maior sucesso do site é a Tool Doctor. Ali o visitante pode ter
suas dúvidas respondidas e receber recomendações de
funcionários especializados. Uma norma desde o início do
site é a resposta rápida aos e-mails, no máximo
em 24 horas em dias normais.
Futuro - O próximo
passo será disponibilizar gratuitamente uma janela com informações
de interesse, que poderá ser instalada em sites destinados a marceneiros.
Outro projeto é a distribuição de um software
que faz conversão de medidas, calcula volumes de madeira para um
projeto e cria listas de materiais. O software pode funcionar no
micro do usuário, porém há links para a conexão
com a loja na Internet. Está sendo criada até uma página
de sugestões de presentes, como acontece em sites para noivas.
Afinal tem muita gente que gostaria
de ganhar uma furadeira nova de aniversário. Para este ano, está
prevista a implementação de um cálculo automático
de frete para qualquer parte do mundo e uma ligação direta
da página de vendas com o estoque da empresa, dando baixa automaticamente
a cada item vendido. As novas funções do site devem custar
cerca de 100 mil dólares e entrarão em funcionamento em meados
de 1999, quando as vendas on-line terão atingido a marca
dos vinte mil clientes.
(*) Mário
Persona é consultor, escritor e palestrante. Esta crônica
faz parte dos temas apresentados em suas palestras. Edita o boletim eletrônico
Crônicas
de Negócios e mantém endereço
próprio na Web, onde seus textos estão disponíveis. |