A ver navios
Mário Persona (*)
Colaborador
Digamos
que você esteja procurando um lugar para fazer negócios. Você
é uma pessoa exigente e há algumas características
que gostaria de encontrar no mercado onde irá montar sua "barraca".
O lugar existe, mas exige de você atenção e rapidez
de decisão.
Você quer...
...poder vender seus produtos e serviços
24 horas por dia, 7 dias por semana, 365 dias por ano, mesmo enquanto dorme,
joga bola ou visita os amigos;
...poder trabalhar só quando
quer ou quando pode, dormir de dia, trabalhar à noite, trabalhar
de pijamas, no escritório ou no banheiro;
...poder manter-se informado enquanto
trabalha, ter acesso imediato às instalações, condições
e preços de seus concorrentes em qualquer parte do mundo para ver
o que estão fazendo;
...poder atender clientes de qualquer
cidade, país, continente, fuso horário, pessoas de qualquer
idioma, idade, raça, costumes, mesmo quando ele estiver em casa,
na loja, na fábrica ou no escritório;
...poder atender dezenas, centenas
ou milhares de clientes ao mesmo tempo sem precisar de um batalhão
de vendedores ou representantes;
...poder fazer propaganda personalizada
e um marketing de grande alcance com pouco investimento;
...poder criar uma imagem forte e
grandiosa de sua empresa, sem grandes investimentos com edifícios,
infra-estrutura, funcionários etc.;
...poder fazer com que seus clientes
trabalhem para você, preenchendo eles mesmos os pedidos e permitindo
que consultem seu estoque, seus preços, escolham o que desejam;
...poder comprar de seus fornecedores
sem sair de onde está, sem trocar de roupa ou deixar de tomar seu
café;
...etc. etc. etc. ...
Será que existe um lugar assim?
Se estiver atento, saberá responder. E, se souber inovar, saberá
agir. Mas tem que ser uma resposta rápida, como na história
que prometi na semana passada, da empresa de navegação que
desejava contratar um telegrafista.
A sala de espera estava cheia de
candidatos, quando um deles se levantou e entrou na sala do gerente de
RH diante dos olhares de surpresa de todos. Alguns minutos depois o gerente
apareceu para dispensar os candidatos, anunciando que já haviam
contratado o rapaz que acabara de entrar. Diante do protesto dos telegrafistas,
de que nem sequer haviam sido chamados para a entrevista, o gerente explicou.
O chamado para entrarem havia sido
feito em código Morse pelo sistema de som ambiente e só houve
um candidato atento o suficiente para ouvir. Esse foi contratado para telegrafista
do novo transatlântico. Os outros ficaram a ver navios.
(*) Mário
Persona é consultor, escritor e palestrante. Esta crônica
faz parte dos temas apresentados em suas palestras. Edita o boletim eletrônico
Crônicas
de Negócios e mantém endereço
próprio na Web, onde seus textos estão disponíveis. |