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Artigo escrito em 1999
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 01/15/02 13:22:38
A ver navios 

Mário Persona (*)
Colaborador

Digamos que você esteja procurando um lugar para fazer negócios. Você é uma pessoa exigente e há algumas características que gostaria de encontrar no mercado onde irá montar sua "barraca". O lugar existe, mas exige de você atenção e rapidez de decisão.

Você quer... 

...poder vender seus produtos e serviços 24 horas por dia, 7 dias por semana, 365 dias por ano, mesmo enquanto dorme, joga bola ou visita os amigos;

...poder trabalhar só quando quer ou quando pode, dormir de dia, trabalhar à noite, trabalhar de pijamas, no escritório ou no banheiro;

...poder manter-se informado enquanto trabalha, ter acesso imediato às instalações, condições e preços de seus concorrentes em qualquer parte do mundo para ver o que estão fazendo;

...poder atender clientes de qualquer cidade, país, continente, fuso horário, pessoas de qualquer idioma, idade, raça, costumes, mesmo quando ele estiver em casa, na loja, na fábrica ou no escritório;

...poder atender dezenas, centenas ou milhares de clientes ao mesmo tempo sem precisar de um batalhão de vendedores ou representantes;

...poder fazer propaganda personalizada e um marketing de grande alcance com pouco investimento;

...poder criar uma imagem forte e grandiosa de sua empresa, sem grandes investimentos com edifícios, infra-estrutura, funcionários etc.;

...poder fazer com que seus clientes trabalhem para você, preenchendo eles mesmos os pedidos e permitindo que consultem seu estoque, seus preços, escolham o que desejam; 

...poder comprar de seus fornecedores sem sair de onde está, sem trocar de roupa ou deixar de tomar seu café;

...etc. etc. etc. ... 

Será que existe um lugar assim? Se estiver atento, saberá responder. E, se souber inovar, saberá agir. Mas tem que ser uma resposta rápida, como na história que prometi na semana passada, da empresa de navegação que desejava contratar um telegrafista.

A sala de espera estava cheia de candidatos, quando um deles se levantou e entrou na sala do gerente de RH diante dos olhares de surpresa de todos. Alguns minutos depois o gerente apareceu para dispensar os candidatos, anunciando que já haviam contratado o rapaz que acabara de entrar. Diante do protesto dos telegrafistas, de que nem sequer haviam sido chamados para a entrevista, o gerente explicou.

O chamado para entrarem havia sido feito em código Morse pelo sistema de som ambiente e só houve um candidato atento o suficiente para ouvir. Esse foi contratado para telegrafista do novo transatlântico. Os outros ficaram a ver navios.

(*) Mário Persona é consultor, escritor e palestrante. Esta crônica faz parte dos temas apresentados em suas palestras. Edita o boletim eletrônico Crônicas de Negócios e mantém endereço próprio na Web, onde seus textos estão disponíveis.