Chega de jatobá
Mário Persona (*)
Colaborador
A cada
dia fico mais convencido de que a Internet não é uma corrida
do ouro, um meio fácil de se ganhar dinheiro. É antes uma
ferramenta essencial para os negócios de nossos dias, e precisa
ser corretamente utilizada pelas empresas. Mesmo assim, cada vez mais ela
se tornará seletiva, principalmente para aqueles que só estão
enxergando a espuma. É importante perceber que o poder não
está na espuma, mas na onda que a produz.
E quando falamos de Internet, é
importante saber que é na área dos negócios entre
empresas - no business-to-business - que ela está tendo o
seu maior impacto. Por ser uma área estrutural, ela não é
tão facilmente percebida por quem está na superfície.
Embora costume tratar do assunto de modo bem-humorado, nem por isso deixa
de ser algo sério, que deve ser muito bem ponderado pelos empresários.
O estilo de crônica que utilizo facilita a digestão de temas
que, de outro modo, poderiam ser extremamente chatos. Usar uma linguagem
técnica demais teria o mesmo efeito que distribuir jatobá
para os leitores.
Quem já comeu o fruto do jatobá
sabe do que estou falando. Para quem ainda não experimentou, ele
é mais parecido com um amendoim gigante, com casca dura e quase
preta. Dentro há um miolo parecido com um pó grudento, cor
verde-fralda e sabor idem. A casca é difícil de abrir, o
miolo cheira a chulé e, quando levado à boca, gruda de tal
modo que impede qualquer conversa.
Sem jatobá - Procuro
evitar que assuntos técnicos possam apresentar as características
do jatobá aos leitores. Aliás, são características
que deveriam ser afastadas de qualquer coisa que se refira a um relacionamento
de negócios na Internet. Isto porque a cada dia se descobre que
o relacionamento na Internet deve ser o mais pessoal possível. Devo
escrever para você, não para mil pessoas. E a informação
que eu passar não pode ser hermética, difícil de ser
aberta.
Ela precisa ter um conteúdo
que traga prazer, que estimule o diálogo, que não amarre
a boca do leitor. Ela precisa criar relacionamentos entre pessoas. Qualquer
contato na Internet precisa ter o calor de um aperto de mão, ainda
que seja um aperto de mão de negócios.
(*) Mário
Persona é consultor, escritor e palestrante. Esta crônica
faz parte dos temas apresentados em suas palestras. Edita o boletim eletrônico
Crônicas
de Negócios e mantém endereço
próprio na Web, onde seus textos estão disponíveis. |