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Artigo escrito em 1999
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 01/15/02 13:07:30
A Internet vai para o lixo 

Mário Persona (*)
Colaborador

As mães do pessoal que trabalha na NCR devem estar orgulhosas de seus filhos. Depois de anos de condicionamento do tipo "Filho, coloque o lixo na rua", os rapazes foram muito além e podem acabar colocando o lixo na mãe de todas as ruas, essa imensa malha viária de dados chamada Internet. Logo o lixo estará sendo reciclado de uma forma jamais imaginada antes.

A idéia é que sua lata de lixo seja o meio de comunicação com seu supermercado. Você joga ali a lata de ervilhas e automaticamente o supermercado é avisado, acrescentando o produto em sua próxima lista de compras. Mas por favor, não ligue ainda para NCR encomendando essa lata de lixo inteligente, porque tudo o que eles têm no momento é um protótipo, funcionando em laboratório.

A lata de lixo inventada pela NCR é dotada de um sistema capaz de identificar cada item que é jogado fora. Todo mundo sai ganhando em um processo assim. O consumidor, que dispõe de uma maneira prática de dar baixa em sua despensa e ao mesmo tempo criar sua próxima lista de compras, e o fornecedor, que passa a conhecer e registrar em um banco de dados as preferências de cada cliente. Este poderá direcionar suas próximas promoções e peças de marketing com muito mais certeza de alcançar seu alvo. Se o consumidor jogar fora uma embalagem de milho e outra de creme de leite, o fornecedor saberá criar associações de produtos para consumidores que consomem dois ou mais tipos de produto simultaneamente.

Chip - A lata de lixo experimental pretende descartar também o código de barras, utilizando um sistema que possa armazenar mais informações sobre o produto, como um chip implantado nas embalagens, dotado de antena e com capacidade para transmitir os dados via rádio. 

Porém, Bob Galvin, da Monarch Marking Systems - uma empresa que desenvolve sistemas usando código de barras -, acredita que essa solução ainda é muito cara para ser incluída em embalagens de produtos baratos. É que, para a lata de lixo funcionar, é necessário que as embalagens também sejam inteligentes. Se isso ocorre, existe também a possibilidade que a própria lata de lixo faça a separação entre vidros, plásticos, papel etc., direcionando cada embalagem para um compartimento específico.

Todavia, mesmo que existam dúvidas quanto à tecnologia a ser adotada, a lata de lixo inteligente certamente irá estar presente nos lares em um prazo menor do que podemos imaginar. E não só ela, mas outros eletrodomésticos já começam a funcionar em rede, como o microondas e a geladeira com conexão para a Internet, lançados recentemente.

(*) Mário Persona é consultor, escritor e palestrante. Esta crônica faz parte dos temas apresentados em suas palestras. Edita o boletim eletrônico Crônicas de Negócios e mantém endereço próprio na Web, onde seus textos estão disponíveis.