A Internet vai para o lixo
Mário Persona (*)
Colaborador
As mães
do pessoal que trabalha na NCR devem estar orgulhosas de seus filhos. Depois
de anos de condicionamento do tipo "Filho, coloque o lixo na rua", os rapazes
foram muito além e podem acabar colocando o lixo na mãe de
todas as ruas, essa imensa malha viária de dados chamada Internet.
Logo o lixo estará sendo reciclado de uma forma jamais imaginada
antes.
A idéia é que sua lata
de lixo seja o meio de comunicação com seu supermercado.
Você joga ali a lata de ervilhas e automaticamente o supermercado
é avisado, acrescentando o produto em sua próxima lista de
compras. Mas por favor, não ligue ainda para NCR encomendando essa
lata de lixo inteligente, porque tudo o que eles têm no momento é
um protótipo, funcionando em laboratório.
A lata de lixo inventada pela NCR
é dotada de um sistema capaz de identificar cada item que é
jogado fora. Todo mundo sai ganhando em um processo assim. O consumidor,
que dispõe de uma maneira prática de dar baixa em sua despensa
e ao mesmo tempo criar sua próxima lista de compras, e o fornecedor,
que passa a conhecer e registrar em um banco de dados as preferências
de cada cliente. Este poderá direcionar suas próximas promoções
e peças de marketing com muito mais certeza de alcançar
seu alvo. Se o consumidor jogar fora uma embalagem de milho e outra de
creme de leite, o fornecedor saberá criar associações
de produtos para consumidores que consomem dois ou mais tipos de produto
simultaneamente.
Chip - A lata de lixo
experimental pretende descartar também o código de barras,
utilizando um sistema que possa armazenar mais informações
sobre o produto, como um chip implantado nas embalagens, dotado
de antena e com capacidade para transmitir os dados via rádio.
Porém, Bob Galvin, da Monarch
Marking Systems - uma empresa que desenvolve sistemas usando código
de barras -, acredita que essa solução ainda é muito
cara para ser incluída em embalagens de produtos baratos. É
que, para a lata de lixo funcionar, é necessário que as embalagens
também sejam inteligentes. Se isso ocorre, existe também
a possibilidade que a própria lata de lixo faça a separação
entre vidros, plásticos, papel etc., direcionando cada embalagem
para um compartimento específico.
Todavia, mesmo que existam dúvidas
quanto à tecnologia a ser adotada, a lata de lixo inteligente certamente
irá estar presente nos lares em um prazo menor do que podemos imaginar.
E não só ela, mas outros eletrodomésticos já
começam a funcionar em rede, como o microondas e a geladeira com
conexão para a Internet, lançados recentemente.
(*) Mário
Persona é consultor, escritor e palestrante. Esta crônica
faz parte dos temas apresentados em suas palestras. Edita o boletim eletrônico
Crônicas
de Negócios e mantém endereço
próprio na Web, onde seus textos estão disponíveis. |