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Publicado originalmente pelo editor de Novo Milênio no caderno Informática do jornal A Tribuna de Santos, em 6/7/1999.
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 01/07/00 14:15:45
Bips 

iPC – O leitor santista/californiano William Peel Poulin conta, via e-mail, que "picaretagem existe em todo o mundo. Nos Estados Unidos, a Future Power, uma pequena montadora de PCs, teve a cara de pau de roubar o design patenteado pela Apple e fazer um iMac versão PC (ou poderíamos dizer um iPC?). Por dentro, ele traz um processador Celeron de 466 MHz, CD-ROM Sony 40x, modem 3Com de 56 Kbps V.90 e 64 MB de SDRAM. Também traz duas portas USB, é claro, além de um disco de 6,4 GB Ultra DMA, slot PCI, drive de disquete, placa de vídeo Diamond Multimedia 8 MB 3D AGP e monitor de 15 polegadas embutido. Tudo isso pelo impressionante preço de US$ 799.

"Seria ótimo para a turma dos PCs e para a própria Future Power, se o design da máquina não fosse completamente chupado do iMac, do sistema de ventilação ao botão circular de força, e dos cabos translúcidos ao teclado levemente arqueado. Só faltou mesmo a alça do iMac, porque o resto está tudo lá. O E-power está sendo apresentado na Expo PC, que está acontecendo esta semana (N.E.:a semana passada - 6/1999) em Nova Iorque. Os advogados da Apple já apareceram no estande e disseram que vão processar a Future Power por violação dos direitos de patente.

"Os representantes da pequena empresa reconhecem que roubaram o design da Apple e responderam as questões de como iriam ganhar o processo com frases desse tipo: 'Sabem por quê eles não podem nos processar? Porque há uma grande diferença: nossa máquina tem disquete!'. Eles ainda disseram que o mouse não é redondo que nem o do iMac, tentando mostrar as 'evidentes diferenças' do produto que, não estranhamente, estará disponível em cinco cores: rubi, topázio, safira, esmeralda e ametista. Os próprios funcionários da Future Power divergiam na hora de dizer quando o E-power será lançado, falando em datas como outubro, começo do ano que vem e 'em breve estará numa rede de mais de 500 revendedores'. Se depender da Apple, não vai não".

Grande Irmão –  Parabenizando Informática pela edição anterior, que chamou a atenção pela geladeira "internética", o leitor Amilcar Brunazo Filho destaca a sátira publicada em Bips sobre o Big Brother e a invenção cubana: "Seu estilo tem evoluído e seus textos estão se tornando pequenas peças de valor literário. Com um humor leve, sutil e refinado (bem informado).", cita em seu e-mail, que tem como subject "Cozinha dos Jetsons". Gracias...

"Quanto a questão da cozinha e banheiro internetizados  - continua ele, seguindo o tom do texto citado - achei ótima a idéia de enviar um alerta pela Internet para que as geladeiras e fogões bloqueiem (deletem?) as comidas estragadas. Aí um hacker poderá enviar comando que faça as geladeiras jogarem todas as comidas na lixeira... (esta história vai longe...)

"Você reparou que peças de ficção cientifica (livros de bolso e até filmes) relativamente recentes (de 10 anos atrás) estão ficando surpreendentemente desatualizados, prevendo pro futuro costumes que já estão sendo abandonados hoje?", completa. 

Sim, a ficção científica é sempre um exercício de futurologia, mas o nosso futuro é mudado a cada instante. Assim, o mesmo Júlio Verne que previu em detalhes como seria a viagem à Lua e o funcionamento do submarino atômico, mais de cem anos atrás, também cometeu a previsão de uma Paris com trânsito congestionado de aerocarros (no ensaio "O dia de um jornalista americano em 2889", onde previa o uso do videotelefoto (misto de videofone e fax), mas não o uso de um gravador cassete...)

Nike I – "A respeito de artigo publicado na seção Informática do dia 27 de abril, gostaríamos de esclarecer  que não existem trabalhadoras de minorias lésbicas muçulmanas com L.E.R. acorrentadas às máquinas costurando tênis Nike. A Nike não tolera uso de trabalho forçado em nenhuma de suas fábricas sub-contratadas. Todas as fábricas que produzem calçados, vestuário ou equipamentos Nike devem cumprir um Código de Conduta da empresa que estabelece várias normas, dentre as quais a proibição expressa de uso de trabalho forçado. Existe monitoramento periódico em cada fábrica realizado pela empresa de auditoria independente Pricewaterhouse Coopers, para assegurar que esta e outras normas do Código de Conduta sejam cumpridas. A Nike inclusive é líder na melhoria de condições de trabalho na Ásia e tem trabalhado com diversas organizações não governamentais e de direitos humanos em projetos para aperfeiçoar continuamente as práticas trabalhistas.

"Gostaríamos que os leitores do jornal A Tribuna tivessem acesso às informações corretas sobre o tema e estamos à disposição para esclarecimentos necessários no tel. (011) 7295-0145", completa o e-mail enviado pela gerente de comunicação da Nike do Brasil, Kátia Gianone.

Nike II – Kátia se refere a um trecho de uma sátira divulgada por e-mail circular e reproduzida nesta coluna, e que imitava os onipresentes falsos alertas de vírus (fakes) que infernizam os usuários da Internet. O autor do satírico fake, entretanto, citou a Nike por existirem muitas mensagens na rede com denúncias de exploração de trabalhadores, referindo-se principalmente a empresas de origem coreana, e o próprio exagero da denúncia, misturando alhos com bugalhos ("...lésbicas muçulmanas com L.E.R. ..."), já servia como alerta ao leitor de que se tratava de uma peça humorística.

Enquadrar as atividades das empresas nos padrões cada vez mais altos de defesa ecológica e humana é um problema que aflige muito empresário sério na atualidade: por mais que existam normas internas severas para que a empresa se enquadre nesses padrões, basta que os ativistas descubram um pequeno fornecedor de produtos e serviços fora desses padrões para que todo o trabalho da empresa seja atacado. Daí a tendência crescente em todo o mundo de se criar monitoramentos que atinjam também os fornecedores e subcontratados, como o citado pela Nike.