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Publicado originalmente pelo editor de Novo Milênio no caderno Informática do jornal A Tribuna de Santos, em 28/9/1999.
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 01/05/00 08:31:34
TCO
Quando a rede cai, 
o business é que fica fora do ar 

Custo Total de Propriedade vai além do desktop: envolve toda a empresa

Ricardo Brognoli (*)
Colaborador

Assunto bastante em moda no mercado de informática, o Custo Total de Propriedade (TCO - Total Cost of Ownership) é um conceito bastante complexo e que vai muito além do computador de mesa que está na nossa frente. Algum tempo atrás, o Gartner Group desenvolveu um estudo sobre o TCO na computação e chegou à conclusão de que esse conceito não envolve apenas o custo do equipamento - workstations, servidores, software, suporte, atualização de hardware e software, produtos de rede etc. -, mas também custos ligados às atividades da empresa.

Diferentes versões de TCO estão se desenvolvendo e incorporando os custos relacionados às necessidades específicas dos ambientes corporativos, por exemplo o tipo de trabalho realizado e as condições necessárias para assegurar a confiabilidade, escalabilidade e crescimento do sistema. E, a propósito, você já parou para pensar qual é o custo de um banco com o sistema fora do ar durante uma hora?

Java – O interesse pelo TCO veio à tona quando o modelo da computação baseado em Java se propôs a reduzi-lo drasticamente, a princípio com a administração centralizada das redes corporativas. Esse interesse gerou uma guerra de análises de TCO em sistemas desktop. Por conta disso, muitas empresas não consideram todas essas variáveis em suas análises de TCO e ignoram o valor desses custos para o usuário, tornando as pesquisas mais uma ferramenta de marketing do que a representação da realidade. Uma das variáveis mais importantes - e constantemente ignorada - é o custo de um sistema parado.

Há muitos anos, empresas como a Sun vêm contribuindo para fazer do Unix uma plataforma madura, robusta e compatível com as aplicações de missão crítica. Pesquisas recentes com usuários finais e analistas apontam o sistema Unix como mais estável do que o Windows NT, da Microsoft. E, mesmo se o Windows NT se aperfeiçoar e amadurecer ao longo dos anos, o Unix continuará à frente. Por esta razão é a plataforma preferida nas áreas de telecomunicações, trading floors e em empresas de engenharia, onde o downtime do sistema é inaceitável.

TI – Como uma plataforma robusta e confiável pode causar impacto no TCO das empresas? Isso depende da importância do sistema no gerenciamento dos negócios. O conceito fundamental quando se avalia o TCO está nos custos ligados à Tecnologia de Informação (IT - Information Technology) das empresas, que não podem ser exclusivamente medidos por custos diretos, gastos na compra de equipamentos e custos com funcionários da área de tecnologia. Custos indiretos, como downtime da rede (N.E.: período em que ela fica inoperante por falha) e de usuários finais, também têm um impacto substancial no orçamento de TI das empresas, assim como em seus negócios.

O downtime do sistema pode ter um impacto significativo na linha de produção da empresa - acarretando perda na produtividade, atraso no lançamento do produto, clientes insatisfeitos, perda de lucros e aumento nos custos de sistemas. Sem contar ainda que, quando a empresa sofre uma falha em software ou hardware, perdem-se por completo os trabalhos que estavam sendo desenvolvidos. Na pior das hipóteses, a empresa perde sua capacidade de produzir. Os departamentos de TI são chamados para dar suporte e os backups são ativados.

Engenharia – Um excelente exemplo desse efeito pode ser observado nos processos de modelagem em engenharia. Os engenheiros freqüentemente rodam programas pesados que levam horas ou dias para serem processados. Se a estação de trabalho falhar enquanto o modelo estiver rodando os cálculos, o engenheiro pode ser forçado a começar tudo de novo. Isso pode significar horas, dias ou semanas de trabalho perdido. E não representa apenas perda de produtividade para o engenheiro, como pode também afetar a produtividade de outros membros da equipe. Além disso, rodar novamente uma aplicação atrasa os projetos subsequentes e afeta o lançamento de produtos no mercado, para não falar do comprometimento com a satisfação do cliente.

Há outras áreas onde a empresa pode limitar o downtime do sistema com a adoção de um sistema operacional robusto para os desktops. A companhia pode migrar uma aplicação de missão crítica para um servidor HPC (high performance computing - computação de alta performance) e server farms (conjuntos de servidores). Nesse exemplo, clustering e sistema de tolerância a falhas podem reduzir o tempo de downtime. No desktop, a expansão do sistema e sua escalabilidade são importantes para se evitar falhas de memória. E finalmente, processadoes mais rápidos e aplicações sintonizadas permitem que os trabalhos sejam finalizados em tempo, limitando o impacto de imprevistos de downtime ou a reinicialização do sistema.

As empresas devem ter sempre em mente o risco de falhas em seus sistemas. Um modelo de TCO precisa levar em consideração o custo do downtime do sistema e o impacto decorrente desse problema. E lembre-se: não foi a rede que caiu, são os negócios que estão fora do ar.

(*) Ricardo Brognoli é gerente de produtos da Sun Microsystems do Brasil.