EMMY
Autômato foi construído
na Unisanta
Para
ilustrar sua tese de doutorado, aprovada com
distinção e louvor pela banca examinadora (de que participou
também o próprio Newton Carneiro da Costa), o professor Inácio
apresentou um robô móvel elaborado com base na Lógica
Paraconsistente. O projeto, denominado Robô Móvel Emmy (em
homenagem a Emmy Noether, eminente cientista com importantes contribuições
no campo da Lógica Matemática), foi construído por
quatro alunos da Faculdade de Engenharia Eletrônica da Unisanta.
Desde 11/1998, os alunos Cláudio
Rodrigo Torres, Danilo de Mendonça Salles, Israel João Júnior
e Alexandre César iniciaram os estudos e a construção
de Emmy. Após uma palestra do professor João Inácio,
os universitários resolveram mergulhar de cabeça na Lógica
da Contradição. "Nós levamos a tese de doutorado do
professor para casa e começamos a estudar a Lógica da Contradição.
Não foi difícil assimilar o conceito, pois a tese estava
muito bem escrita", afirmou Cláudio.
Todos os componentes do grupo residem
na região do ABCD paulista. Por trabalharem durante o dia e estudarem
à noite, decidiram renunciar às férias e aos finais
de semana para desenvolver o projeto. "Os alunos de cursos noturnos às
vezes são rotulados de fracos, pois não têm tempo para
se dedicar aos estudos. Mas este trabalho prova que o interesse independe
da carga horária de aulas. Encaramos esse desafio como se fosse
uma tarefa solicitada pela indústria em que trabalho", afirmaram.
A montagem em módulos sobrepostos,
separados por função, permite um estudo didático e
a visualização da ação de cada parte no controle
de movimentação do robô. Emmy tem 60 cm de altura e
está montado numa plataforma móvel de alumínio de
formato circular, com 30 cm de diâmetro. Além das placas de
circuitos eletrônicos e dos sensores, possui baterias de alimentação,
motores e rodas.
Funcionamento – "As contradições
ou inconsistências são comuns quando descrevemos partes do
mundo real", lembra o professor: "Os sistemas de controle utilizados em
Automação e Robótica funcionam em geral com base na
Lógica Clássica, onde a descrição do mundo
é considerada por apenas dois estados. Esses sistemas binários
travam ao tentar tratar situações contraditórias.
Assim, normalmente são projetados para ignorar informações
que evidenciam conflito".
"Na aplicação do controle
clássico em Robótica, o tratamento de situações
que fogem àquelas convencionais consume um tempo muito longo para
ser processado, provocando lentidão nas respostas do robô,
diminuindo assim a capacidade de reação e em muitas vezes
provocando o desligamento do controle".
Porém, no projeto do professor
João Inácio, o sistema de controle de deslocamento do robô
funciona justamente com conceitos de inconsistência. Um Controlador
Lógico Paraconsistente (CLP), construído em hardware,
recebe e faz o tratamento de sinais elétricos. As informações
sobre a existência ou não de obstáculos na trajetória
do robô são obtidas por dois sensores de ultra-som (conhecidos
como dispositivos para-sônicos), que fazem o papel do olho humano.
Esses dispositivos são controlados por um circuito especial microprocessado
que converte a distância de Emmy ao obstáculo em dois valores
de tensão elétrica.
As amplitudes dos sinais de tensão
elétrica são relacionadas proporcionalmente com as distâncias
correspondentes entre o robô e os obstáculos. Para o CLP,
os sinais de tensão são considerados como graus de crença
e descrença. Após equacionados, os sinais recebem um tratamento
conforme a Lógica Paraconsistente, que os transforma em palavras
binárias compostas por 12 dígitos, que seriam as doze possibilidades
de trabalho do robô.
Raciocínio – Dessa forma,
o Robô Emmy pode trafegar em um ambiente não-estruturado,
desviando de obstáculos e evitando colisão com quaisquer
objetos presentes ou colocados repentinamente na sua trajetória,
utilizando todas as condições oferecidas pela Lógica
Paraconsistente. Entre os exemplos de contradições enfrentadas
por Emmy estão situações como passar perto das paredes,
em caminhos estreitos, curvos, em terrenos acidentados ou ainda na presença
de tráfego. "O número de possibilidades de trabalho é
ilimitado", explica o professor.
Ele observa que a Lógica Paraconsistente
pode ter aplicações bem variadas, além de áreas
como a Robótica, a Inteligência Artificial e as Redes Neurais.
Na computação, por exemplo, um sistema especialista de suporte
a diagnósticos médicos processaria dados contraditórios
sobre as condições de saúde de um paciente, quando
é impossível verificar qual deles é o verdadeiro.
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