HISTÓRIA
Internet descobre o Brasil
Novos sites destacam a festa
pelos 500 anos do Descobrimento
À
semelhança do que aconteceu em 1992, quando foi bastante controvertida
a comemoração pela passagem dos 500 anos da descoberta da
América por Colombo, incluindo protestos devido às conseqüências
da chegada dos europeus ao Novo Mundo, também o quinto século
após a chegada de Cabral ao Brasil já é registrado
na Internet, com opções tanto para quem pretende festejar
a data, como para quem acha que ela deveria ser esquecida.
Vários endereços novos
estão aparecendo na Web, com material relativo ao Descobrimento
do Brasil, que amanhã (21/4/1999) completa
499 anos (não considerada a diferença entre os calendários
Juliano e Gregoriano, pois o certo seria comemorar em 1º de maio,
como foi explicado por Informática na edição
de 21/4/1998 -, nem as teorias que defendem a descoberta por outros navegadores).
Além dos sites mais antigos,
já citados por Informática nos anos anteriores, merece
destaque o da revista eletrônica brasileira "Cabral,
o Viajante do Rei", que está em sua sexta edição
(mas inclui as anteriores). A publicação é dividida
em temas, como Portugal - País Descobridor de Mundos; Belmonte -
Cidade Natal; O Homem - Pedro Álvares Cabral; A Viagem do Descobrimento;
Novo Mundo - A Colonização do Brasil; Santarém - Casa
de Cabral; e um espaço especialmente dedicado ao público
infantil, Era Uma Vez, que tem acesso
direto.
O trabalho é parte do Projeto
Memória, iniciativa conjunta da Fundação Banco do
Brasil e da construtora Odebrecht, que objetiva homenagear personalidades
e fatos marcantes do cenário brasileiro, como os 150 anos de nascimento
do poeta Castro Alves, em 1997, e o 50º aniversário da morte
do escritor Monteiro Lobato, em 1998. A publicação é
bimestral, partindo de extensa pesquisa, que deverá resultar ainda
num documentário em vídeo a ser exibido na televisão
e distribuído para escolas e instituições, além
de ser elaborado um livro de cunho histórico-artístico sobre
os Descobrimentos e organizada uma exposição itinerante para
a rede escolar pública.
Os responsáveis pelo site
mantêm contato constante com o comitê responsável pela
recuperação da Casa do Brasil/Casa de Cabral, na cidade portuguesa
de Santarém; com a câmara municipal de Santarém e com
estudiosos e instituições de Belmonte, terra natal de Pedro
Álvares Cabral.
Na Globo – Já o Projeto
500 Anos foi lançado em 1º/1/1998 pela Rede Globo de Televisão,
e ainda apresenta uma
página desatualizada que relaciona os diversos eventos programados
no Brasil e em outros países. Entre eles, a partida de Lisboa, dia
23/12/1999, de um navio transportando a Tocha do Descobrimento, para chegar
à praia de Copacabana durante as comemorações da passagem
de ano, iniciando depois uma viagem pelo País até chegar
a Porto Seguro no dia 22/4/2000, em meio a grande festa - para a qual já
está sendo feita a contagem regressiva, num relógio criado
pelo designer Hans Donner, naquela cidade e em outras onde está
sendo instalado. Tóquio, Paris, Nova Iorque e Lisboa também
terão eventos em 2000 destacando os 500 anos do Descobrimento do
Brasil.
Em 1999, está sendo organizada
a Copa 500 Anos, reunindo a Seleção Brasileira e equipes
representantes das nações que colonizaram o Brasil ou de
onde vieram grandes levas de imigrantes. E haverá um jogo no estádio
do Maracanã, em abril de 2000, entre a Seleção do
Brasil e uma equipe de jogadores de outros países.
Sem festa – Como contraponto
às festas oficiais, e para aumentar seu nível de consciência
em relação aos problemas brasileiros, vale conhecer ainda
o protesto feito no início do ano passado por Omar F. Reis em sua
revista eletrônica 3x4.
Comemorar o quê, pergunta ele, se o primeiro ato dos colonizadores
foi derrubar uma árvore, etapa inicial de uma devastação
que já atinge 97% da Mata Atlântica? No primeiro centenário
do descobrimento, 95% dos índios da região costeira do Brasil
já haviam desaparecido, escravizados e usados como objetos sexuais
da corte portuguesa, ou em conseqüência das guerras e doenças
trazidas pelos europeus (sarampo, malária, febre amarela etc.).
O protesto continua, lembrando que
os europeus destruíram a cultura indígena, inclusive as informações
- hoje preciosas - sobre milhares de espécies vegetais e animais
da floresta, de valor medicinal e alimentício - estas também
saqueadas pelos colonizadores. Em troca, Cabral deixou aqui dois condenados
à morte ("Um belo início de colonização!").
Séculos depois, foram exploradas as riquezas minerais do Brasil.
Por tudo isso, Omar comenta: "Talvez
não seja o caso de comemorar esses 500 anos. Quem sabe, seja mais
o caso de romper com a tradição eurocêntrica." E completa,
dizendo que talvez se devesse comemorar no ano 2000 "o ano zero de uma
nova era de convivência com a natureza e de respeito ao ser humano". |