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Publicado originalmente pelo editor de Novo Milênio no caderno Informática do jornal A Tribuna de Santos, em 30/3/1999.
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 01/07/00 14:10:41
PROCESSADORES
Laboratório de pesquisa LatinChip é criado para desenvolver protótipos nacionais 

Instalações funcionarão no campus da Universidade de São Paulo

Um acordo para a instalação da LatinChip, primeira fábrica de protótipos de chip destinada ao desenvolvimento de microeletrônica e sistemas integrados no Brasil, foi assinado entre a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Estadual de Campinas, a Fundação Centro Tecnológico para Informática (CTI, do Ministério de Ciência e Tecnologia) e a Motorola, primeira parceira privada a apostar no projeto. As novas instalações da LatinChip estarão abertas a projetos educacionais e para pesquisa e desenvolvimento de universidades latino-americanas.

A Motorola participa com investimentos iniciais de aproximadamente US$ 1,3 milhão, envolvendo a doação de equipamentos para a fabricação de circuitos integrados, em instalações a serem construídas no campus da USP. O acordo também garante investimentos para treinamento, abrindo a possibilidade de intercâmbio de técnicos nos laboratórios da Motorola nos EUA. 

O projeto do LatinChip significa o início de uma nova era na indústria latino-americana de semicondutores, sendo o primeiro passo para a viabilização do Programa de Integração de Sistemas de Informação (Proisi), da USP, da Escola Politécnica e do Laboratório de Sistemas Integráveis, que, ao longo de dois anos, deverá receber investimentos na ordem de US$ 20 milhões, só para as instalações.

Mais avançado – Segundo Hector de Jesus Ruiz, vice-presidente executivo da Motorola Inc. e presidente do Setor de Produtos Semicondutores, "o LatinChip disponibilizará infra-estrutura de microeletrônica de última geração, tornando-se o mais avançado ambiente educacional no mundo, fora dos Estados Unidos, na área de semicondutores". 

O responsável pela coordenação da doação de equipamentos e ferramentas ao LatinChip é o brasileiro Fábio Pintchovski. Vice-presidente do Laboratório de Pesquisa e Desenvolvimento de Produtos de Semicondutores da Motorola em Austin (Texas/EUA), Pintchovski comanda o desenvolvimento da mais avançada tecnologia CMOS (complementary metal oxide semiconductor). Além disso, ele e sua equipe serão consultores do projeto durante a construção, e seus técnicos serão os responsáveis pelo programa de intercâmbio de treinamento e capacitação de acadêmicos, estudantes e profissionais latino-americanos que virão a gerenciar e operar o Latin Chip.

Inicialmente, o LatinChip contará com tecnologia de 0,8 mícron,  permitindo a fabricação de circuitos integrados com pelo menos um milhão de transistores. Num prazo de cinco anos, pretende-se migrar para tecnologias ainda mais avançadas, como a de 0,5 mícron e a seguir 0,35 mícron.

O LatinChip possibilitará às indústrias e instituições latino-americanas a obtenção de circuitos integrados dedicados por elas projetados ou em cooperação com o centro de projetos da Motorola, visando a prototipagem acelerada, validação e integração de sistemas, agregando um grande conteúdo tecnológico aos produtos desenvolvidos. "Como resultado, iremos aumentar o conhecimento na área de semicondutores em todo o continente", explicou Pintchovski, que, como ex-uspiano, está entusiasmado com a iniciativa.

"A idéia do LatinChip nasceu há sete meses e agora se torna realidade. Isto prova o comprometimento das partes envolvidas para o aprimoramento dos profissionais da América Latina, visando o crescimento da alta tecnologia e o desenvolvimento da economia. Dará aos estudantes da América Latina a real experiência com processos e equipamentos de semicondutores avançados", acrescentou Pintchovski, cuja equipe estará treinando nos Estados Unidos os técnicos e estudantes que atuarão no projeto.

Soluções – O LatinChip irá expandir as competências e a infra-estrutura técnica das duas universidades, assim como do CTI. Para ilustrar o tipo de soluções avançadas DigitalDNA que o LatinChip trará para a pesquisa educacional, Hector Ruiz utiliza como exemplo um micro-controlador, do tamanho de uma unha. 

"Dentro de um chip deste tamanho, que contém mais de 1,5 milhão de transistores, está a inteligência necessária para controlar todas as funções de seu aparelho de TV, como canais, cor, volume, tudo", explica Dr. Ruiz. O micro-controlador foi desenvolvido no Centro de Tecnologia de Semicondutores da Motorola, em Jaguariuna. O software para o chip foi criado pelo novo Centro para Tecnologia de Software da Motorola, inaugurado dia 23/3/1999 em Santiago do Chile.

"Este é o conceito DigitalDNA da Motorola, agora ainda mais enriquecido pela inovação e tecnologia latino-americana. O mais importante para nós e que, com este acordo os estudantes latino-americanos poderão desenvolver e fabricar chips tão avançados quanto este, nas instalações do LatinChip", acrescenta Ruiz.

O presidente da Motorola do Brasil, Dante Iacovone, destacou a importância, para a Motorola, do trabalho com as universidades brasileiras para a instalação do LatinChip no campus da USP. "Com mais de 1.600 empregados no Brasil, a Motorola está comprometida com o desenvolvimento de oportunidades educacionais que aprimorem a formação de recursos humanos. O LatinChip trará esta oportunidade e, com certeza, as vantagens serão compartilhadas pela Motorola e toda a indústria de alta tecnologia na América Latina", afirma Iacovone.