COMUNICAÇÕES
Breve história da Internet
Rede mundial de computadores
tinha no início objetivos militares
Alexandre Sobrino (*)
Colaborador
A comunidade
da Internet jamais será capaz de esquecer o dia em que a apresentadora
de TV Hebe Camargo perguntou a um ilustre convidado de seu programa onde
ficava a Internet. Ainda que tenha causado razoável sensação
na época, o fato refletiu bem a falta de informação
vigente a respeito deste (ainda novo) assunto - muito embora a Internet
comercial já tenha completado mais de três anos de existência
em nosso país.
Muito embora pouca gente saiba (e
haja controvérsias…), a verdade é que a Internet não
nasceu para atender aos anseios de uma sociedade ávida por informação
instantânea (e abundante) ou por educação e entretenimento.
Muito pelo contrário: a tecnologia - que hoje é chamada de
quarta mídia e já é reconhecidamente indispensável
- nasceu justamente para fins bélicos.
A verdade é que a Internet
(na época, conhecida pelo nome da Arpanet) foi idealizada
pela Agência de Projetos de Pesquisa Avançados do governo
americano (Arpa) e nasceu em meados de 1969, nos Estados Unidos, com o
objetivo de dar suporte à Guerra Fria, interligando os computadores
das bases militares americanas.
Era uma forma realmente inteligente
e eficaz de assegurar a comunicação entre os militares, já
que a estrutura da rede não dependia do funcionamento de uma central
- uma concepção até que razoavelmente ousada para
a época. Logo, se uma determinada base militar fosse bombardeada
(e destruída) pelos inimigos, a comunicação entre
as demais bases não ficaria comprometida.
DARPA Internet – Por volta
de 1980, a Arpanet finalmente se dividiu, dando origem a duas redes distintas:
a Arpanet e a Milnet, sendo esta última uma rede declaradamente
militar (MILitar NET). A primeira começou a tornar-se mais popular
nas universidades para fins de pesquisa, mas a pesquisa priorizada, infelizmente,
ainda era... militar. Estas duas redes formavam o que ficou conhecido por
DARPA Internet (abreviação de Defense Advanced Research Projects
Agency Internetwork).
A partir de 1984, a National Science
Foundation (NSF), um órgão independente do governo americano,
assume a manutenção da rede DARPA Internet, fundando o que
passou a ser chamado de NSFNET. Dois anos depois, o número de servidores
conectados simplesmente dobrou - começava a ficar evidente o potencial
comercial e a viabilidade da rede como veículo de disseminação
de pesquisas e informação.
A nossa breve história chega
ao seu ápice em 1990: a DARPA Internet, finalmente, é extinta
e a NSFNET serve de base para o que hoje conhecemos como Internet. É
também nesta época que surge o primeiro provedor de acesso
comercial do mundo.
Surge a Web – Já no
ano seguinte, o Laboratório Europeu para Física de Partículas
(CERN, localizado em Genebra, Suíça), com equipe liderada
por Tim Berners-Lee, desenvolve o ambiente que hoje conhecemos por
“World Wide Web” ou WWW (Teia de Alcance Global).
A idéia original era conceber
uma forma de possibilitar a troca de documentos entre os físicos
da instituição, mas, enfim, era boa demais para ficar restrita
a poucas pessoas e logo foi compartilhada com a crescente comunidade internauta.
Desta forma, poucos meses depois, uma equipe de estudantes universitários
liderada por Marc Andreesen (hoje, um dos executivos mais influentes da
Netscape Communications) cria o programa de navegação web
(popularmente conhecido como browser) Mosaic e o acesso comercial
à rede, literalmente, explode.
Em meados de 1995, o acesso à
Internet começa a tornar-se uma realidade também em nosso
país, a partir do surgimento de dezenas de provedores de acesso
comercial, muito embora pesquisadores brasileiros já utilizassem
a rede Internet desde o início da década de 90. O resto da
história… bem, acho que você já conhece.
(*) Alexandre
Sobrino é bacharel em Ciências da Computação
e pós-graduado em Computação e Sistemas Digitais pela
Universidade Santa Cecília (Unisanta). É consultor de informática,
web
designer e professor das faculdades de Ciências e Tecnologia e
Artes e Comunicação da Unisanta. |