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Publicado originalmente pelo editor de Novo Milênio no caderno Informática do jornal A Tribuna de Santos, em 25/5/1999.
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 01/07/00 14:05:44
TI
Quando a tecnologia faz crescer o custo das empresas 

Como acompanhar, orçar e controlar os gastos e o custo da infra-estrutura

Rubens C. Nicoluzzi (*)
Colaborador

Embora haja crescimento dos recursos de Tecnologia da Informação (TI) nas grandes e médias corporações, as diretorias destas empresas ainda não compreendem como acompanhar, orçar e controlar os gastos e o custo da infra-estrutura. Mas, toda a culpa não é destes sujeitos de terno da diretoria. Os técnicos têm atitudes fora de propósito ao planejar e estabelecer políticas, e isso também causa problemas.

As empresas que querem estar sólidas necessitam mudar urgentemente o relacionamento entre a diretoria e os profissionais de TI. Vejamos um exemplo do que este descompasso é capaz: uma empresa resolveu comprar um sistema mais dinâmico para tratar as contas de seus clientes. Sua base de tecnologia eram mainframes que rodavam aplicações administrativas como entrada de pedidos, contabilidade geral, faturamento, entre outros. Gastou uns US$ 250 mil em um sistema de imagem, mas precisou gastar US$ 96 mil na atualização de servidores para suportar o novo sistema.

Teve ainda que quadruplicar a sua capacidade de banda WAN (N.E.: wide area network ou rede com área ampla), gastando mais US$ 72 mil, e melhorar o tráfego na LAN (local area network ou rede local), além de integrar os dados com o mainframe, dispendendo mais US$ 175 mil). O resultado aí está: os custos inesperados bateram em US$ 343 mil - mais que o próprio sistema de imagem. 

A direção da empresa estava disposta a dar uma soma significativa de dinheiro para melhorar níveis de serviço em uma única aplicação, sem entender como esta mudança afetaria outras aplicações e a infra-estrutura. Os técnicos acabaram gastando quase US$ 350 mil para manter os sistemas administrativos, que de fato dirigem o negócio. A diretoria não entendeu (e o pessoal técnico não comunicou) que produtos e serviços não são importantes.

Sine-qua-non – Mudar a estrutura inteira do departamento de TI e revisar o modo como a tecnologia é comprada são medidas extremas, porém muitas vezes necessárias. Mas, mudar o relacionamento entre diretoria e equipe de TI é condição sine-qua-non para se dar respostas às tendências atuais. O que só algumas empresas já percebem é que o maior componente de custo não é o preço de compra, mas sim os custos ocultos de treinamento, personalização, compatibilidade e conectividade.

Embora continuem comprando seus micros desktop, as diretorias e os técnicos deveriam perceber que produtos de ciclo de vida muito rápidos (micros, servidores e softwares) não deveriam ser adquiridos antes que se estudasse exaustivamente a possibilidade de um leasing. Da mesma forma, há claras vantagens em se adquirir produtos de ciclo maior, como soluções e dispositivos de redes. É raro também que se debatam alternativas como a terceirização da base - principalmente em caso de plataformas muito fugazes - e nem sempre há concordância quanto à conveniência dos altos investimentos que uma política de treinamento exige das corporações.

Seja como for, as diretorias administrativas devem concordar com os técnicos que manter soluções arcaicas, com pessoal desatualizado, não é um método eficiente de administrá-las. Pelo contrário, o custo do atraso tecnológico é muito maior do que o de se montar e executar um bom planejamento de TI. É hora do pessoal técnico começar a pensar no negócio enquanto business e os homens da diretoria adotarem uma atitude menos apática ou menos preconcebida em relação à tecnologia de TI. Enquanto houver descompasso não haverá eficiência.

(*) Rubens C. Nicoluzzi é gerente de Marketing da Prolan Soluções Integradas.