TI
Quando a tecnologia faz crescer
o custo das empresas
Como acompanhar, orçar
e controlar os gastos e o custo da infra-estrutura
Rubens C. Nicoluzzi (*)
Colaborador
Embora
haja crescimento dos recursos de Tecnologia da Informação
(TI) nas grandes e médias corporações, as diretorias
destas empresas ainda não compreendem como acompanhar, orçar
e controlar os gastos e o custo da infra-estrutura. Mas, toda a culpa não
é destes sujeitos de terno da diretoria. Os técnicos têm
atitudes fora de propósito ao planejar e estabelecer políticas,
e isso também causa problemas.
As empresas que querem estar sólidas
necessitam mudar urgentemente o relacionamento entre a diretoria e os profissionais
de TI. Vejamos um exemplo do que este descompasso é capaz: uma empresa
resolveu comprar um sistema mais dinâmico para tratar as contas de
seus clientes. Sua base de tecnologia eram mainframes que rodavam
aplicações administrativas como entrada de pedidos, contabilidade
geral, faturamento, entre outros. Gastou uns US$ 250 mil em um sistema
de imagem, mas precisou gastar US$ 96 mil na atualização
de servidores para suportar o novo sistema.
Teve ainda que quadruplicar a sua
capacidade de banda WAN (N.E.: wide area network ou rede com área
ampla), gastando mais US$ 72 mil, e melhorar o tráfego na LAN (local
area network ou rede local), além de integrar os dados com o
mainframe,
dispendendo mais US$ 175 mil). O resultado aí está: os custos
inesperados bateram em US$ 343 mil - mais que o próprio sistema
de imagem.
A direção da empresa
estava disposta a dar uma soma significativa de dinheiro para melhorar
níveis de serviço em uma única aplicação,
sem entender como esta mudança afetaria outras aplicações
e a infra-estrutura. Os técnicos acabaram gastando quase US$ 350
mil para manter os sistemas administrativos, que de fato dirigem o negócio.
A diretoria não entendeu (e o pessoal técnico não
comunicou) que produtos e serviços não são importantes.
Sine-qua-non – Mudar
a estrutura inteira do departamento de TI e revisar o modo como a tecnologia
é comprada são medidas extremas, porém muitas vezes
necessárias. Mas, mudar o relacionamento entre diretoria e equipe
de TI é condição sine-qua-non para se dar respostas
às tendências atuais. O que só algumas empresas já
percebem é que o maior componente de custo não é o
preço de compra, mas sim os custos ocultos de treinamento, personalização,
compatibilidade e conectividade.
Embora continuem comprando seus micros
desktop, as diretorias e os técnicos deveriam perceber que produtos
de ciclo de vida muito rápidos (micros, servidores e softwares)
não deveriam ser adquiridos antes que se estudasse exaustivamente
a possibilidade de um leasing. Da mesma forma, há claras
vantagens em se adquirir produtos de ciclo maior, como soluções
e dispositivos de redes. É raro também que se debatam alternativas
como a terceirização da base - principalmente em caso de
plataformas muito fugazes - e nem sempre há concordância quanto
à conveniência dos altos investimentos que uma política
de treinamento exige das corporações.
Seja como for, as diretorias administrativas
devem concordar com os técnicos que manter soluções
arcaicas, com pessoal desatualizado, não é um método
eficiente de administrá-las. Pelo contrário, o custo do atraso
tecnológico é muito maior do que o de se montar e executar
um bom planejamento de TI. É hora do pessoal técnico começar
a pensar no negócio enquanto business e os homens da diretoria
adotarem uma atitude menos apática ou menos preconcebida em relação
à tecnologia de TI. Enquanto houver descompasso não haverá
eficiência.
(*) Rubens
C. Nicoluzzi é gerente de Marketing da Prolan
Soluções Integradas. |