MERCADO
ABES divulga balanço das
atividades antipirataria em 1998
Foram mais de 118 ações
contra usuários, produtores e revendedores de software pirata
Mais
de 118 ações contra empresas que utilizavam cópias
irregulares de software, comércio de CDs piratas e integradores
que vendiam PCs com cópias piratas instaladas (dobrando a performance
de 1997, quando foram feitas 54 apreensões), com mais de 20 prisões
em flagrante por uso ou venda de software pirata, além de
denunciar empresas que utilizavam cópias irregulares nos estados
do Ceará, Pernambuco, Bahia, Espírito Santo, Santa Catarina,
Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, São
Paulo e até no Distrito Federal, foram o resultado das ações
contra a pirataria de software realizadas em 1998 pela Associação
Brasileira das Empresas de Software (Abes), junto com a Business Software
Alliance (BSA).
"As ações e vistoria,
busca e apreensão de cópias de software não
fizeram distinção entre as empresas, autuando estatais, laboratórios,
instituições de ensino, agências de publicidade, indústrias,
empresas de transporte e até mesmo camelôs, diz Rodolfo Fischer,
coordenador da campanha antipirataria.
Foi o caso da Companhia de Energia
Elétrica de Santa Catarina (Celesc), que utilizava mais de mil cópias
irregulares dos mais variados tipos de software, durante uma ação
de vistoria em suas dependências. Outro destaque foi a primeira sentença
em um processo de uso de cópias piratas após a promulgação
da nova Lei de Software (lei 9609/98), no Rio de Janeiro, onde a
indenização chegou a 500 vezes o valor de cada cópia
irregular apreendida. O serviço Telepirata (0800 1100389), que recebe
denúncias de uso de software pirata e que fornece informações
sobre o uso de software legal, bateu o recorde de 6.000 ligações
ao longo de 1998, sendo 20% telefonemas de denúncias e 80% de usuários
buscando orientações sobre o uso de software licenciado.
Ao todo, foram verificadas as cópias
de software instaladas em mais de mil computadores em todo o Brasil.
As violações aos direitos de autor sobre software
e as penalidades impostas aos infratores foram amplamente divulgadas, incentivando
o uso de cópias legais - prática essencial ao desenvolvimento
do setor de software no País.
Estimativas – A Abes espera
reduzir o nível de pirataria no Brasil para índices inferiores
a 60% neste ano, aumentando a abrangência da campanha antipirataria.
"Esperamos que os governos federal e estaduais contribuam na fiscalização
para coibir a pirataria de software, entrave sério ao desenvolvimento
do setor no Brasil", acrescenta Fischer. Segundo o coordenador, é
grave o problema de desrespeito ao direito intelectual no Brasil: "Esperamos
que o governo seja mais atuante no combate à pirataria. Não
basta ter a lei se o governo não fiscaliza de forma efetiva os sonegadores".
Com a nova lei, sancionada em fevereiro
de 1998 pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, foi intensificado o
combate às empresas que usam cópias não autorizadas
de programas de computador. A lei prevê penas rigorosas para os infratores,
com indenizações de até três mil vezes o valor
de cada programa pirateado, além de penas que variam entre seis
meses de detenção a quatro anos de reclusão. A nova
lei também determina que a pirataria é considerada crime
de sonegação fiscal.
"O rigor das apreensões aumentou
consideravelmente com a nova Lei de Software, que prevê punições
rigorosas para a pirataria de software", explica Fisher. Segundo
o coordenador, o problema é sério e afeta a rentabilidade
das empresas de informática, além de prejudicar a arrecadação
fiscal e comprometer a criação de novos postos de trabalho.
Estimativas da entidade projetam
em R$ 913 milhões/ano os prejuízos com a pirataria de software.
De acordo com estudo realizado pela empresa de consultoria Price Waterhouse,
68% dos programas em operação no Brasil são piratas.
O estudo ainda aponta que a redução de um ponto percentual
no índice de pirataria significa a geração de mil
postos de trabalho na área de tecnologia.
Se o Brasil reduzisse a pirataria
em 15%, o setor geraria praticamente 15 mil novos empregos e proporcionaria
uma arrecadação adicional superior a US$ 142 milhões
em impostos. A consultoria também estima que, se no ano 2000 o índice
de pirataria recuar para 27% - índice atual dos Estados Unidos -,
o Brasil arrecadará mais de US$ 1 bilhão em impostos e gerará
58 mil novos empregos.
A Abes
é uma entidade que congrega mais de 400 empresas nacionais de software
e que organiza ações em prol do setor e na defesa dos direitos
autorais para as empresas de informática. A BSA é uma organização
internacional que defende os direitos autorais para o setor de software
em 65 países de cinco continentes e que conta com empresas como
Adobe, AutoDesk, Microsoft e Symantec entre seus associados. |