INFORMÁTICA
Empresas adotam remédios
contra recessão
Como expandir ou ampliar segmentos
para compensar os efeitos recessivos
Alianças,
investimentos em fábricas, joint-ventures, abertura de filiais.
Essas são algumas das receitas executadas por empresas como Microtec,
SAS Institute, Trellis, Compushop e Softtek para enfrentar os efeitos recessivos
que encolhem alguns dos segmentos tradicionais de consumo de informática.
Uma aliança que resulta na
construção de dois centros de excelência técnica
(um em São Paulo e outro no Rio de Janeiro) para desenvolvimento,
treinamento e implantação de soluções de data-warehousing
é a iniciativa tomada pela empresa internacional de software
SAS Institute e pela multinacional de consultoria Softtek. A parceria já
objetiva incrementar os negócios com algumas das maiores empresas
de telecomunicações em atividade no Brasil e reforçar
as opções para o mercado de automação bancária.
"Data-warehouse é a
nouvelle
vague (nova onda) depois da epidemia ERP (enterprise resource planning
- planejamento dos recursos empresariais) e o desarme da bomba-relógio
ano 2000", explica André Leite, diretor da Softtek. "Essa parceria
já está montando sistemas de apoio à decisão
(o que incrementa ações de marketing) para empresas
como Net Brasil, Globocabo, Ecisa/Egec, Esso, CSN, e estamos apoiando o
SAS em grandes projetos como o do Banco Itaú", conclui.
Mercado virgem – Já
a Microtec optou por uma joint-venture que a une à israelense
ITP para a fabricação no Brasil de equipamentos educacionais.
A Microtec vem desenvolvendo soluções completas para o mercado
de escolas desde o início do segundo semestre e coroa seus investimentos
(estimados em R$ 1 milhão) com o contrato de transferência
de tecnologia que irá permitir nacionalizar equipamentos como coletores
de dados especiais para pedagogia, gerenciadores de salas de aula e softwares
totalmente traduzidos para o português".
"Estamos entrando em um mercado absolutamente
virgem. Estimamos que apenas 4,2% das escolas particulares brasileiras
estão totalmente automatizadas, e que apenas 1,2% das nossas escolas
públicas possuem algum recurso de informática. Nossa expectativa
de faturamento indica R$ 40 milhões em 99 com esse segmento", explica
Vicente Soares, vice-presidente do Grupo Vitech América, controlador
da Microtec.
Nova fábrica – Investir
em ampliação dos índices de produção
e em uma nova fábrica é a resposta frontal da Trellis para
espantar a recessão e a crise especial que amedronta fabricantes
de fax/modem no mundo todo. A empresa está finalizando um investimento
total de US$ 370 mil em operações que irão aumentar
em 40% sua capacidade produtora, elevando-a para 20 mil unidades ao mês,
e alocá-la em nova fábrica que irá ampliar o espaço
total da empresa de 650 m² para 1.000 m².
A partir deste mês (1/1999
- data estimada para o término de todas as implementações)
a Trellis estará fabricando 20 mil unidades de equipamentos fax/modem,
além de produtos para redes fast ethernet como hubs,
switches,
placas de redes etc.
"O setor está enfrentando
uma crise específica que agrava os efeitos recessivos sinalizados
por várias regiões mundiais, e encontra motivos na aceitação
lenta por parte dos consumidores das novas tecnologias de transmissão
a 56 kbps. Apesar disso, a Trellis está conhecendo uma elevação
de seu faturamento de 21%, o que faz crescer nossas receitas este ano para
US$ 10,5 milhões", afirma Cassio Spina, diretor dessa empresa.
Califórnia brasileira
– Expandir mercados regionais é a resposta da Compushop para a fatal
retração de consumo. A rede de revendas inaugurou sua quinta
filial, desta vez no interior paulista, na região de Ribeirão
Preto. Os investimentos iniciais são da ordem de R$ 100 mil e o
retorno esperado em vendas é de aproximadamente R$ 5 milhões
para este ano. A iniciativa se justifica pelos números da região
que já foi chamada de Califórnia Brasileira: renda per capita
de US$ 5 mil, cerca de dois milhões de habitantes (em 80 cidades),
aproximadamente 1.300 indústrias e 12.900 estabelecimentos comerciais,
além de aglutinar a produção de 20% do açúcar
e 32% do álcool combustível do Brasil.
"A região se assemelha, em
índices econômicos, à de Salvador, na Bahia, que já
representa 10% do faturamento da rede", informa Ulisses Lima, diretor da
Compushop. Os investimentos totais da empresa em 1998 remontaram a R$ 1,5
milhão e seu faturamento também apresentou crescimento expressivo,
passando de R$ 35 milhões em 1997 para mais de R$ 45 milhões
em 1998. |