POLÍTICA
Bug do Milênio ameaça
governos estaduais
Maioria dos estados não
está com sistemas preparados para o ano 2000
A maioria
dos governadores empossados dia 1º/1/1999 está encontrando
um sério problema pela frente: os sistemas informatizados estaduais
não estão preparados para trabalhar no ano 2000 e os governos
correm o risco de entrar em colapso a qualquer momento, segundo Fernando
Iglesias Gozalez, diretor da empresa Microbase, especializada em software
de base, ferramentas e aplicações de missão crítica.
Devido ao ano eleitoral de 1998, os investimentos para eliminar o chamado
Bug do Milênio foram deixados de lado, segundo o especialista.
Iglesias avalia que há pouco
tempo para corrigir o Bug e os governos devem enfrentar problemas logo.
Sem ter como processar operações com vencimento no ano 2000,
os governos estaduais deverão ficar ainda mais caóticos dentro
de alguns meses. A única alternativa à urgente correção
dos sistemas computadorizados seria a emissão de notificações
fiscais e de pagamento de forma manual, "na unha" mesmo, explica, "o que
torna inviável a administração". Na área federal,
foi instituído o Programa 2000, que pretende concluir a correção
dos sistemas ainda neste semestre.
Quebra iminente – No setor
privado nacional, a falha (registro de datas com apenas dois dígitos
para o ano, fazendo com que 2000 seja armazenado como [00] e interpretado
como se fosse o ano 1900) também deverá trazer grandes estragos
à economia, diz o consultor. Ele argumenta que, como pelo menos
75% das empresas brasileiras ainda não tomaram providências
para corrigir seus sistemas informatizados, há o risco de rompimento
de cadeias de produção em vários setores da economia
nacional. Sem efetuar a correção do Bug em seus computadores,
as empresas não terão condições de processar
eletronicamente pedidos, faturas, contratos ou qualquer operação
com vencimento após este ano.
Como exemplo, ele cita a indústria
automobilística, onde a interrupção do trabalho de
apenas um entre centenas de fornecedores pode parar a linha de produção
de uma montadora e prejudicar centenas de outras empresas. O instituto
Gartner Group avalia que todas as empresas que operam no Brasil vão
experimentar pelo menos uma falha grave com o Bug. Nos Estados Unidos,
muitos advogados já estão engajados no rendoso filão
de pedidos de reparação de danos por quebra de contratos
em razão do Bug, e muitos de seus colegas brasileiros já
trilham o mesmo caminho.
Depois do alerta, Iglesias faz o
comercial: como a cada dia vai ficando mais difícil encontrar mão-de-obra
especializada para a correção dos sistemas, a solução
mais acessível é o uso de ferramentas que verificam e corrigem
automaticamente os sistemas, para posterior conferência e acerto
manuais. A Microbase utiliza para tais serviços a ferramenta Conquer2000,
tendo capacidade de corrigir de 500 mil a 1 milhão de linhas de
código fonte a cada dez dias. O sistema de uma pequena empresa tem
no mínimo 400 mil linhas de código fonte. |