TENDÊNCIA
Cresce o uso de fábricas
de software
Gartner Group aposta em grande
ampliação do setor neste triênio
A previsão
do Gartner Group se torna realidade também no Brasil. No início
de 1998, aquele instituto de pesquisas previu que, no ano 2002, 60% de
todos os softwares desenvolvidos sob medida para grandes corporações
internacionais seriam feitos em fábricas de software. A Softtek
do Brasil viu a produção de sua fábrica de software
no Brasil dobrar apenas nos últimos três meses. A fábrica
interna da Softtek já tem sete grandes clientes e seu faturamento
atingiu no ano passado R$ 4,2 milhões de reais, ultrapassando 25%
de todo o faturamento no Brasil dessa multinacional de implantação
e consultoria.
Além da fábrica interna,
a Softtek também montou duas fábricas nas sedes de grandes
clientes. Todos esses organismos de produção são especializados
em desenvolvimento em linguagem ABAP4, a mesma usada pelo software
R3 de gestão integrada de negócios (ERP) da SAP. "Começamos
a transpor para o Brasil a experiência de nossas fábricas
de softwares internacionais há 18 meses, mas conhecemos a
resistência das grandes companhias que, por prática consolidada
de mercado, preferiam contratos por hora com as consultorias", explica
o diretor da empresa, Alexandre Pereira de Oliveira.
A companhia mantém em Monterrey
(México, seu país de origem) uma das maiores fábricas
de software do mundo, que emprega 500 funcionários e tem
sua capacidade de produção quase inteiramente absorvida pelo
mercado norte-americano. Aos poucos, as vantagens de economia de tempo,
custos e aumento da qualidade foram convencendo as companhias brasileiras.
"A metodologia de produção reduz os prazos de desenvolvimento
até 30% em média", informa Alexandre. "Alcançamos
maior produtividade pela proporcional padronização dessas
tarefas e por deslocar componentes para softwares sem prejuízo
de suas especificidades, esses são os mesmos motivos responsáveis
por queda de custos relativos. Já a qualidade é mantida e
até melhorada pela inclusão de componentes já testados
e eficazes em cada um dos softwares", finaliza o diretor.
Opção – O diretor
de Informática da Aços Villares, Getúlio de Souza
Galvão, explica que optou pelas fábricas de software
nos momentos de alta na necessidade de desenvolvimento da companhia. "Não
se trata de preferir equipes internas às fábricas ou o contrário,
mas devemos contar com alternativas de desenvolvimento seguras para os
picos de produção que demandam tecnologias específicas
que nos seriam muito mais complexas para internalizar. Nossa necessidade
atual de desenvolvimento de interface em linguagem ABAP4 é um desses
picos, e - nessa situação - encontramos um parceiro confiável,
que trabalha com metodologias mais rígidas e entrega documentações
completas, mantendo a agilidade necessária".
Sobre a diferença entre contratar
consultorias ou fábricas, Getúlio aponta os menores riscos
para o orçamento: "Com as fábricas, não discutimos
mais a questão das horas trabalhadas, mas a entrega dos produtos.
Esse fato torna nosso budget muito mais confiável, e ganhamos
uma visibilidade maior do orçamento", conclui o representante da
Villares.
O superintendente geral de Tecnologia
e Informática da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Marcos
Arino, expressa posição semelhante: "Utilizamos fábricas
de software em momentos bem específicos, quando envolvidos
com tecnologias determinadas. Assim, desenvolvemos interfaces em ABAP4
para suportar o trabalho de implantação SAP R/3 que promovemos
no momento, e utilizaremos as fábricas para a reconversão
de alguns aplicativos no trabalho de prevenção do Bug do
ano 2000".
Outras companhias que utilizam a
fábrica de softwares da Softtek Brasil são a Roche
(que inclusive encomenda softwares para outras unidades do grupo
espalhadas pela América Latina), Sharp, Agfa e C&A. Ao mesmo
tempo, a Softtek montou fábricas de software especializadas
em APAP4 (que desenvolvem soluções específicas para
sistemas SAP, como interfaces) na Votorantim e Shell. |