Data: Quinta
feira, 26 de Novembro de 1998 20:54
É o
nosso primeiro e unico filho. Ele nasceu no dia 03/04/89, quando tínhamos
26 e 31 anos respectivamente. Foi um filho muito desejado e amado
desde o inicio. A gravidez foi normal e foi feito todo acompanhamento pré-natal.
O parto foi cesariana, pois até a data prevista (31/3) não
houve sinais e então optamos pela cirurgia. Pedro nasceu muito bem;
chorou logo e teve nota 9 de Apgar. Nasceu com 48 cm e pesou 3,430 kg.
Seu primeiro
ano de vida foi ótimo, com desenvolvimento perfeito e nenhuma doença.
Sentou com cinco meses, andou com 11 meses, disse as primeiras palavras
com 7 meses e antes disso já emitia sons naturais de um bebê.
Com um ano e dois meses, certa tarde, durante o sono, Pedro acordou como
que assustado, como se tivesse engasgado. Isso se repetiu por mais alguns
dias, até que fomos ao médico. O médico, que viu uma
crise, suspeitou de refluxo-gastroesofágico e solicitou alguns exames.
Nesta época, estas crises aconteciam mais ou menos 10 vezes ao dia
e duravam aproximadamente 15 segundos. Como os exames não acusaram
nada, por indicação do médico, procuramos um neurologista
infantil, que disse tratar-se de crises convulsivas. Fizemos um primeiro
eletroencefalograma que foi normal. Procuramos o Dr. Salomão Schwartzmam,
que avaliou-o e considerou-o neurologicamente perfeito.
Nesse período,
as crises aumentavam em quantidade e intensidade. Assim, em agosto de 90
ele foi internado na UTI pela primeira vez com aproximadamente uma crise
a cada 3 minutos. Ficou no hospital 20 dias, saiu com as crises mais controladas.
Fez uma tomografia computadorizada que foi normal. O segundo eletro acusou
foco irritativo do lado direito do cérebro. Apesar de tudo isso,
seu desenvolvimento continuava normal, porém mostrava-se mais sonolento.
As crises continuavam, eram crises mistas. Em outubro de 90, percebemos
que ele estava sorrindo menos e chorando menos e que, quando sorria, o
lado esquerdo de seu rosto parecia paralisado. Em novembro de 90, percebi
que ele usava menos o braço esquerdo. Os médicos chamaram
de seqüelas. Em dezembro de 90, fizemos uma ressonância magnética
de crânio, um exame de fundo de olho e alguns exames para detectar
erros inatos do metabolismo. Todos os exames foram normais.
Nessa época,
ele já apresentava dificuldade para caminhar e falava menos. Mantinha
uma média de mais ou menos 20 crises por dia. No decorrer
de sete meses, mudamos muito de médicos e vários anticonvulsivantes
foram testados, porem o efeito nunca era totalmente satisfatório
e esteve internado mais duas vezes para controlar crises mais freqüentes.
Em janeiro de 91, Pedro foi internado mais uma vez e saiu do hospital sem
andar, sentar ou falar. Em fevereiro, novamente com crises muito fortes,
ficou 20 dias no Hospital. As crises já duravam 1 min e manifestavam-se
a cada 10 min. Nesta ocasião, foi medicado com cortisona e fez vários
exames de metabolismo, porém nada foi encontrado. A habilidade motora
dele ficou ainda mais prejudicada. Quando teve alta, não segurava
a cabeça, não sentava sozinho e parecia não reconhecer
ninguém, alem de não fixar o olhar em nada.
O tempo foi
passando e com fisioterapias e muito carinho, Pedro foi conseguindo alguns
pequenos progressos. Continuávamos nossa "maratona" em médicos
e exames, porém nada acontecia. Suas crises ficaram um pouco mais
controladas, manifestando-se somente durante o sono, aproximadamente 8
episódios por noite, e duravam cerca de 1 min. No final de 95, ficou
alguns dias consecutivos sem apresentar crises, no máximo 4 dias.
Nestes últimos anos, repetiu alguns exames, porém nada novo
aconteceu. Teve várias complicações pulmonares e tomou
muito antibiótico. Nos últimos meses de 95, Pedro readquiriu
o controle de cabeça e ganhou maior firmeza no tronco. Passou a
fixar o olhar nas pessoas e objetos, porem ainda não manifestando
desejo de pegá-los. Seu rosto ficou mais expressivo, apesar de ainda
não rir ou chorar.
Em janeiro
de 96, repetimos a ressonância magnética que apresentou-se
tal e qual a anterior. Segundo o médico que assinou o laudo: dentro
dos padrões da normalidade. Segundo o Dr. Fernando Arita, seu médico
atual: um cérebro um pouco menos denso do que uma criança
de 7 anos. Repetimos também o eletroencefalograma, que apresentou-se
bem melhor que o anterior, com crises mais localizadas no lado frontal
direito. Fizemos, também, um estudo de cariótipo (pai, mãe
e filho) com a Dra. Rita de Cássia Stoco e nada foi encontrado.
Disse suspeitar de Doenças Mitocondriais e sugeriu fazermos um estudo
de DNA. Foi feita, também, uma dosagem de aminoácidos no
sangue e uma cromatografia de açúcares na urina.
Atualmente,
Pedro mantém cerca de 4 crises convulsivas durante o sono, principalmente
a partir de 5 horas da madrugada. Em suas crises, estica braços
e pernas, gira a cabeça para a esquerda e chora. Duram cerca de
45 segundos. Sua atenção continua fixa nas pessoas e objetos,
porem não se movimenta espontaneamente. Readquiriu razoável
controle de tronco, porem não senta, não fica em pé,
não fala, não sorri ou chora. De dois anos para cá,
desenvolveu uma escoliose bastante preocupante. Esta medicado com Rivotril,
Valpakine e Tryleptal.
Pedro, atualmente,
está com 9 anos. (1998) Durante todos estes anos, não encontramos
uma resposta para o que acontece com Pedro e, também, nunca encontramos
alguém com problema semelhante para trocar experiências.
Se você puder ajudar, se for médico ou já conheceu
alguma criança com o mesmo problema, por favor, nos escreva. Se
não, passe esta mensagem para frente, para que encontre o destino
certo. Muito obrigado, Liane e Manoel. Nosso endereço: Rua Conselheiro
Brotero, 1559 apto. 134 CEP 01232.011 Sao Paulo - SP - BRASIL. Fone:
(011) 3662.4826. |