EQUIPAMENTO
Computador PC quer ser Peter Pan
na Terra do Nunca
Até os pacotes de bolachas
evoluem e se adaptam ao usuário...
Marcelo Frangetto (*)
Colaborador
A maior
diferença da espécie humana para as demais é a capacidade
cíclica de observar, pensar e agir, transformando o mundo com o
passar do tempo, a imagem de suas atitudes e pensamentos. Assim, chegamos
a inventar roda, lançar um foguete tripulado ao espaço etc...
Tudo está evoluindo. Um dia, pela manhã, ao abrir um pacote
de bolachas, puxei aquela bendita fita vermelha que corta a embalagem abrindo
o pacote. Isso é um simples dispositivo pensado por uma pessoa criativa,
que observou o problema de todos os modos e resolveu colocando uma fitinha
adesiva por dentro, na borda do pacote. Demoramos muito para conhecer o
que queríamos de um pacote de bolachas, pois isso sempre foi possível
mas ninguém antes observou e executou.
Também com o computador teríamos
de ter essas mudanças. São vinte anos (1978-98) em que se
pensa em micros e não em computadores. O ciclo de evolução
é o mesmo, Fabricante-Usuário, porém muito mais intenso
que qualquer outro produto sendo desenvolvido; inclusive, o computador
participa do desenvolvimento de inúmeros outros produtos, por tabela!
Desde que o projeto foi clonado pelo
mundo asiático com aval da IBM, o PC ficou preso a interesses exclusivamente
econômicos e aí surgiram muitos oportunistas no negócio,
começando com o hardware e depois com o software.
Um computador, hoje, está preso no que é o resultado de duas
condições: máquina e sistema operacional, que é
a interface entre o usuário e o hardware.
Teoricamente satisfeitos –
Aí é onde eu queria chegar: A Intel e demais fabricantes
de acessórios de hardware para PC e a Microsoft e demais
fabricantes de software apoiados nela. Na outra ponta, na condição
teórica de satisfeitos, nós, usuários, que o utilizamos
para trabalhar, divertir, pesquisar ou inovar o mundo ao nosso redor.
Resumindo:
1) A IBM inventou ou PC;
2) A Intel e os asiáticos
ficaram com o hardware;
3) A Microsoft ficou com o Sistema
Operacional (DOS);
Evolução do PC (resumo):
Hardware: A Intel só
produz processadores e dá sugestões para os asiáticos
melhorarem a performance desde que comprem seus projetos;
Software: Bill Gates observa
e dá ordens para que se crie algo mais fácil de se usar do
que o DOS. Sua visão destina-se em popularizar o uso do computador,
tornando-o mais amigável para os leigos, surge então o Windows;
Hardware: aumentam as vendas
de computadores, por se tornarem mais amigáveis, e a Intel pensa
em mudanças para melhorar o desempenho da Microsoft e por conseqüência,
dela mesma.
Devido a esse ciclo, Intel e Microsoft
se fortaleceram economicamente, devido ao controle que faziam entre o lançamento
de um produto e seu sucessor, até o Pentium de diversas velocidades
(de 33 MHz em 33 MHz inclusive o Pentium 199 MHz que passa por 200 MHz)
e o Win-95. Agora os caminhos se estreitam, de uma forma que o usuário
não necessita fazer upgrades constantemente como antes. Isso
ocorre no mundo inteiro. Quando a Microsoft lançou o Win-95, Bill
Gates deu uma entrevista em que dizia não haver necessidade de ser
lançado um sistema operacional a cada dois anos, referindo-se ao
próximo S.O., achei até que o melhor marketing seria
o Win-2000. Porém, veio o Win-98 e Bill Gates se afasta da presidência
para "pensar" em outras coisas, como por exemplo uma rede de satélites.
No teto? – Será que
a Intel e a Microsoft começam a bater com a cabeça no teto
das evoluções? Será que não chegou o momento
desse computador ser refeito, para solucionar inúmeros problemas
de performance e estabilidade do S.O. que utiliza?
Antes, não se sabia o que
se queria realmente de um computador. Ninguém imaginava vídeo
e áudio, muito menos Internet. Fora as aplicações
em conjunto com diversas áreas. Hoje, o S.O. ainda não possui
uma cara amigável. Soluções, soluções...
O PC, de criança e adolescente,
passa para a fase adulta.
Dessa vez não projetaríamos
um computador e sim um Sistema Operacional, para depois projetarmos o computador
que o utilizará. Todos os detalhes de uso estariam envolvidos, como
navegação, integração com comunicações,
multitarefa não centralizada em um único processador, portas
de comunicações mais velozes, vídeo, som, CD-ROM,
dispositivos de IO de 32/64 bits independentes etc. ... Depois, então,
seria produzido o projeto do hardware. Primeiro atende-se ao usuário
e depois o hardware.
Difícil de conseguir? Compare
o desempenho e custo de um PC com um videogame. A Nintendo fez parceria
com a MIPS para a produção de seu console, que foi projetado
em cima do que se precisava para criar jogos com qualidade. O CD-ROM do
PlayStation tem 150 KB/s eqüivalendo à velocidade mais simples
no PC, porém é multiprocessado e em conjunto com um poderoso
descompactador de vídeo por hardware, produz vídeo
em 24 fps (frames por segundo). O som possui 32 canais livres enquanto
o tradicional do PC, um canal mono/estéreo. E a que custo comparativo?
O PC, para fazer menos do que isso, custa oito vezes ou mais.
Só existe talvez um caminho
para esse computador: ou a Microsoft decide produzir um computador com
a Intel, gastando alguns milhões em incentivos, assumindo um equipamento
não compatível com o anterior – inclusive já vivemos
a era dos softwares e hardwares incompatíveis há
muito tempo –, ou essa mega-empresa começa a devolver mais rapidamente
do que tomou, o espaço de mercado que a Mac, Silicon Graphics, Sun
e Netscape estão esperando, prontas para receber, e o PC, ficará
sendo um simples protótipo de computador, uma teia de emendas e
remendos, para ser apreciado no futuro em um museu.
(*) Marcelo
Frangetto é diretor técnico da Visual Data Informática
Ltda. |