INFORMATIZAÇÃO
Fornecedor de software, parceiro
ou ameaça?
É difícil para
as empresas acompanhar a rápida evolução tecnológica
Sérgio Lozinsky (*)
Colaborador
Ao contrário
do que ocorria há poucos anos, quando a possibilidade de substituir
os sistemas de informações de uma empresa por "pacotões"
soava como uma heresia, atualmente a maioria dos executivos e do próprio
pessoal de informática entende que tentar desenvolver e manter sistemas
por conta própria – utilizando somente os recursos internos da empresa
– é uma tarefa cara e difícil. A dinâmica da evolução
tecnológica – que muda radicalmente a cada 18 meses – não
mais permite a uma empresa assumir sozinha a obrigação e
o risco de alinhar o seu negócio com as sempre inovadoras possibilidades
que a tecnologia oferece, através de produtos cada vez mais sofisticados
tecnicamente, e ao mesmo tempo mais simples de serem utilizados.
Isso significa que as empresas vão
depositar sobre os fornecedores de tecnologia, selecionados como seus parceiros,
as esperanças de que seus processos de negócios permaneçam
ágeis e eficazes, mantendo e aumentando a sua competitividade no
mercado.
Os fornecedores de software
ou "pacotes" possuem um papel especial nesse contexto: os aplicativos de
negócios – sistemas financeiros, de vendas, distribuição,
produção etc. – formam os pilares sobre os quais esses processos
se apoiam. Como selecionar, então, o melhor fornecedor? Como evitar
que depois de algum (não necessariamente muito) tempo não
vamos ficar "na mão", desiludidos com a decisão de implementar
o produto escolhido? Como ter certeza de que teremos o suporte adequado,
um produto que funcione "de verdade", sem surpresas, e que não fique
estagnado na versão que adquirimos?
Como
ter certeza de que o produto não será abandonado pelos criadores?
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Más notícias
– Para começar, as más notícias: não
existem garantias absolutas no mercado de tecnologia; a distância
entre o sucesso e o fracasso de uma empresa nesse campo de atuação
é pequena, porque as inovações no campo da informática
costumam inviabilizar o que parecia moderno até ontem. É
preciso portanto estar consciente de que o cliente (a empresa) é
sócio no risco tecnológico associado ao produto selecionado.
Se não há como evitar
o risco, o jeito é então minimizá-lo: desenvolver
um critério que aponte os fornecedores com as melhores chances de
sobrevivência.
Para começar, saúde
financeira: lucratividade. Um fornecedor de software precisa de
dinheiro para investir em pesquisa e desenvolvimento, e manter uma estrutura
de marketing e de vendas adequada. Mas isso é só o
começo, digamos, um requisito para "entrar no jogo".
Além disso, é preciso
possuir em seus quadros alguns talentos individuais raros e caros: todo
"grande" produto de tecnologia tem por trás algumas poucas pessoas
geniais, com características incomuns. Essas pessoas não
são famosas, mas são determinantes na evolução
do produto.
Outro requisito importante é
o foco no produto: cada produto de tecnologia exige por si só um
volume de investimentos e de trabalho respeitáveis, para manter-se
atualizado e competitivo. Um fornecedor que veja nesse produto apenas um
componente de um portfolio amplo de ofertas vai precisar dividir sua capacidade
de investimento e de gestão entre vários itens ou serviços
que estarão sendo comercializados; para isso, o tamanho e a lucratividade
da organização devem realmente permitir compartilhar os recursos
disponíveis. Do contrário, todo o portifolio vai sofrer restrições,
e breve alguns itens serão descontinuados (para desespero de seus
usuários) para que os mais lucrativos permaneçam.
Junte-se a esses a satisfação
dos clientes atuais, parcerias tecnológicas mantidas com terceiros
(de preferência líderes em seus segmentos de atuação)
e a opinião (positiva) dos mais influentes analistas de mercado,
e teremos mais alguns critérios importantes a serem analisados pelo
potencial cliente.
A lista não acaba aí,
mas já é um começo. Mas não desanime. Lembre-se
do que disse Winston Churchill: "Só há uma coisa pior do
que lutar com aliados – é lutar sem eles".
(*) Sérgio
Lozinsky é sócio-diretor da Área de Tecnologia da
Informação da Price Waterhouse e autor do livro Software:
Tecnologia do Negócio (Editora Imago). |