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Publicado originalmente pelo editor de Novo Milênio no caderno Informática do jornal A Tribuna de Santos, em 16/6/1998.
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 01/08/00 13:21:48
SUDÁRIO
Um mistério de 20 séculos na Internet 

Manto que teria envolvido o corpo de Cristo é exposto em Turim e na rede mundial de computadores. E há outro sudário em Oviedo, na Espanha

Verdadeiro? Então como é que os testes indicam ter sido produzido na Idade Média? Fraude? Então, como pode conter detalhes que mesmo com os atuais conhecimentos científicos seria difícil ou impossível reproduzir?

A Igreja Católica se rende: pesquisadores até da agência espacial norte-americana Nasa e de outras renomadas instituições científicas empregam as mais modernas técnicas de informática e fazem nova bateria de exames no Santo Sudário, que também ficou exposto até o dia 14/6/1998 em Turim, na Itália, e agora só reaparecerá para o público no ano 2000, durante o Jubileu Cristão. Nesse período, os internautas puderam ver o Manto Sagrado através de uma Webcam colocada na Catedral de Turim (Torino), apontada para a vitrine high-tech em que a polêmica peça ficou exposta.

No endereço Sindone-Torino são apresentados (em italiano, inglês, francês e espanhol) imagens e textos sobre toda a histórica polêmica ligada ao lençol de linho que teria envolvido o corpo de Cristo, nos dias entre a Crucifixão e a Ressurreição. 

Como é lembrado, embora a Igreja reverencie o Manto, não o considera por enquanto como uma relíquia sagrada, de vez que existem muitas e seculares dúvidas sobre sua autenticidade. Basta dizer que as primeiras referências ao Sudário (síndone, em italiano) já levantavam suspeitas sobre a veracidade de ser ou não autêntico.

Polêmica – Se a Religião tem dúvidas, a Ciência tem mais ainda. Testes de datação com Carbono-14 indicam ser o linho produzido entre 1260 e 1390 DC, mas dois incêndios nas igrejas onde estava guardado podem ter alterado a chamada meia-vida do Carbono-14 em até 700 anos (ainda assim, faltaria explicar mais cinco séculos de diferença entre a morte de Cristo e a época presumida da confecção do manto!). 

Na verdade, esta é até agora a única dúvida consistente quanto à autenticidade do Sudário, pois até os vestígios da coroa de espinhos e de outros detalhes da suplício e sepultamento de Jesus citados nos Evangelhos (especialmente o de João) estão ali confirmados.

Os cientistas acreditam que o manto realmente envolveu um corpo, nas condições descritas como a da morte de Cristo (indícios de torturas, perfurações etc.), pois não seria possível – mesmo na atualidade – pintar o tecido da forma como as imagens aparecem: no mínimo, as tintas penetrariam mais de uma camada do tecido, o que não ocorreu, e o “artista” precisaria saber reproduzir, por exemplo, o efeito de substâncias invisíveis exaladas pelo corpo – que só foram conhecidas recentemente, mas estão presentes no Sudário. 

Os computadores revelaram que a imagem no Manto possui características tridimensionais exclusivas, e há vestígios de sangue, bem como de pólen de flores que indicam ter o manto passado por diversos pontos da Europa e do Oriente Médio.

O próprio detalhe da fixação dos pregos da cruz nos punhos, indicado pelo Sudário, é outra prova a favor da autenticidade da controvertida peça: ao contrário do que sugerem todas as imagens da Crucifixão pintadas em séculos anteriores, se Cristo tivesse pregos fixados nas mãos, elas se romperiam, não suportando o peso do corpo – detalhe que só foi percebido poucas décadas atrás.

E se já não bastasse um, existe outro Sudário: como é mostrado na Web, o Sudário da cidade espanhola de Oviedo tem referências ainda mais antigas. Sua presença já era registrada na Europa por volta do ano 850 d.C., acreditando-se que tenha envolvido a cabeça de Cristo...