'Hoaxes': verdadeiros alarmes falsos
O simples e-mail não
destrói um disco rígido, portanto relaxe e aproveite
Alexandre Sobrino Ganança
(*)
Colaborador
Você
certamente estranhou o título deste artigo, mas eu tenho certeza
absoluta de que, nos últimos meses, mensagens deste tipo passaram
a ser uma presença constante em sua caixa postal:
“(…) Leiam com atenção
- A todos os usuários da Internet: Se alguém receber uma
mensagem de correio eletrônico com o assunto PENPAL GREETINGS, por
favor, APAGUE-A SEM ABRÍ-LA. Esta é uma advertência
para todos os usuários da Internet de que existe um vírus
muito perigoso que está sendo distribuído pela rede mundial
chamado PENPAL GREETINGS (…)”.
Reconheceu este estilo de mensagem
? (posso até apostar que você já recebeu uma – ou até
mesmo, várias - dessas em sua mailbox). Acertei ?
Pois é - trata-se da mais
nova coqueluche da Internet: os hoaxes, que, na tradução
literal, corresponderiam a passar um trote ou pregar uma peça. Na
verdade, que fique bem claro, não existe vírus algum por
trás desses alarmes, que são absurda e absolutamente falsos
(e, se você parar para analisar, muitíssimo bem humorados).
O que existe é tão somente uma criativa (e, geralmente, mal
elaborada) advertência, escrita em tom quase apocalíptico,
visando transmitir pânico entre os usuários leigos da rede
mundial. Porém, por mais incrível que possa parecer, até
mesmo profissionais da área estão acreditando nessa baboseira
toda – o que me levou a escrever este artigo especial para Informática.
Os hoaxes, ao contrário do
que pode parecer, não são novidade. O primeiro trote famoso
é datado de 1994 e chama-se Good Times, cujo alarme circula até
hoje na Internet, mostrando que a falta de conhecimento continua favorecendo
este tipo de gozação. O alerta promete que o vírus
apagará todo o seu disco rígido, caso você abra alguma
mensagem cujo assunto (subject) seja “Good Times” (na tradução,
bons tempos).
As mensagens dos hoaxes, em sua maioria,
têm textos tão frágeis que precisam envolver os nomes
de entidades respeitáveis para que ganhem alguma credibilidade.
Geralmente, estes alarmes falsos começam com um “leia com atenção
– mensagem recebida nesta manhã por parte da Microsoft” ou algo
parecido (como é o caso do trote “Win a Holiday”) e terminam com
uma pomposa assinatura.
É óbvio que tais empresas
jamais perderiam tempo assinando brincadeiras como estas – mas, enfim,
as mensagens continuam circulando na Rede e as pessoas continuam acreditando.
Sem chance – É preciso
deixar bem claro que, no presente momento, não existe a menor possibilidade
de que a leitura de uma mensagem possa ativar a execução
de um vírus de computador ou a formatação de seu disco
rígido – afinal, uma mensagem de correio eletrônico é
tão somente um texto, algo que pode ser lido - mas não executado.
E, a não ser que a mesma venha acompanhada de um arquivo, você
não corre o menor risco de ter a sua máquina contaminada
por meio de uma correspondência eletrônica.
Porém, na hipótese
de se receber um e-mail com um arquivo a ela anexado, cabe a você
decidir se quer ou não utilizá-lo – e, se me permite um conselho,
recomendo que, se este arquivo preso à mensagem vier de desconhecidos,
você o apague sem pestanejar. Se for de algum conhecido seu, não
abra mão de passar o antivírus antes de fazer uso do mesmo,
ainda que seja uma simples e inofensiva monografia escrita no Microsoft
Word (lembre-se que o vírus de macro CAP, o número um do
mundo em infeções no momento, ataca justamente este tipo
de documento).
De qualquer forma, é bom que
você relaxe e aproveite a brincadeira – “Good Times”, “Penpal Greetings”,
“Join The Crew”, “Win A Holiday”, “Irina”, “Deeyenda”, “AOL4Free”, “Free
Money” e similares são apenas trotes. Portanto, você não
deve passar tais alarmes adiante – não há absolutamente nada
em jogo, além de um conjunto de palavras sem qualquer veracidade.
Enfim, da próxima vez em que
você receber uma mensagem que contenha algo do tipo: “(…) este é
um vírus muito perigoso e, no espaço de tempo em que se lê
a mensagem, ele se expande automaticamente por todos os endereços
eletrônicos que você tenha armazenados em seu diretório
de correio, e, depois de DESTRUIR seu disco rígido, tem potencial
para DESTRUIR o disco rígido de QUALQUER pessoa de sua lista de
endereços (…)” ou qualquer outra besteira desta natureza, lembre-se
deste artigo, dê uma bela bocejada e… apague a mensagem. Afinal,
a melhor forma de lidar com estas falsas epidemias computacionais é…
ignorando-as.
(*) Alexandre
Sobrino Ganança, bacharel em Ciências da Computação
e pós-graduado em Computação e Sistemas Digitais pela
Universidade Santa Cecília (Unisanta), é consultor de informática,
Web Designer e professor das Faculdades de Ciências e Tecnologia
e Artes e Comunicação da Unisanta. |