POR DENTRO
DO COMPUTADOR - 19
Segurança em hardware
ganha importância
Pequenos
cuidados podem ser a diferença entre continuar em atividade ou ter
de refazer meses de trabalho perdido
Com
a diversidade de equipamentos, periféricos, suprimentos e outros
itens relacionados com a computação, é quase impossível
elaborar uma lista de quesitos de segurança a eles relacionados.
Mas, existem cuidados básicos e outros que mesmo muitos especialistas
em informática não sabem que deveriam tomar, como a troca
periódica dos filtros de ozônio existentes nas impressoras
a laser. Eis uma pequena lista de recomendações, algumas
tão óbvias que são desdenhadas – e por isso ignoradas,
causando riscos aos dados:
Cuidados
básicos – O ambiente é importante para a durabilidade
dos equipamentos e para evitar falhas:
1)
Não fume enquanto trabalha com o computador. Ele possui um sistema
de resfriamento por ventilador, que chupa a fumaça para dentro do
gabinete. As partículas da fumaça, com o tempo, podem provocar
corrosão nos delicados circuitos internos.
2)
Não exponha o computador a mudanças bruscas de temperatura,
a altas temperaturas ou diretamente ao sol (para os modernos PCs, a temperatura
ambiente confortável para os humanos basta, também não
é preciso instalar o computador dentro de uma geladeira).
3)
Como ocorre com qualquer outro equipamento eletrônico, não
exponha o computador à umidade excessiva ou mesmo à chuva.
Cuidado com aquela goteira no teto... E, se derramar café no teclado,
pare tudo, salve os programas e desligue o computador o mais rapidamente
possível. Depois, remova o máximo de líquido que puder
do teclado e espere secar antes de voltar a usar o equipamento.
4)
A poeira é inimiga da informática. Um grão de poeira
num disquete ou CD-ROM tem o mesmo efeito de uma grande rocha sobre uma
folha de papel.
5)
Insetos também são problema, e as formigas urbanas existentes
na região adoram se instalar dentro dos computadores e telefones.
O ácido fórmico que elas liberam é um poderoso corrosivo...
6)
Evite campos magnéticos próximos ao computador. Afinal, as
memórias do computador são eletromagnéticas. Só
use com o micro caixas de som blindadas, pois as comuns, usadas nos aparelhos
de som, não têm essa proteção e emitem radiações
perigosas para o micro.
7)
Para o bem de sua própria saúde, verifique se o monitor tem
baixa taxa de radiação, dentro das normas internacionais
para esse caso.
8)
Não deixe o monitor aceso e parado por muito tempo. O monitor utiliza
geralmente fósforo para formar as imagens, e se ficar horas, dias,
parado com a mesma imagem, quando for desligado você continuará
vendo para sempre essa mesma imagem, pois esses pontos da tela terão
sido mais gastos que os outros. Por isso é que se usa programas
salva-telas, que colocam uma imagem qualquer em movimento. Embora, na verdade,
o melhor salva-tela é o que deixa a tela totalmente escura, embora
o monitor esteja ligado. A propósito, excesso de luminosidade na
tela “envelhece” mais rapidamente o monitor.
9)
Nada no computador deve depender de esforço físico. Se um
conector não está se encaixando no outro, é mais provável
que esteja invertido, e a dificuldade é proposital, para alertar
o usuário, já que uma conexão invertida pode provocar
um curto-circuito ou no mínimo o não funcionamento de um
componente. Também não tente forçar um disquete no
compartimento, e – a não ser que nos equipamentos especialmente
preparados que começam a surgir no mercado – não troque componentes
ou instale equipamentos periféricos sem antes desligar o micro.
10)
Os computadores mais modernos – todos os da geração Pentium,
por exemplo – possuem um pequeno ventilador para resfriar o chip.
Repare pelo ruído característico se ele está funcionando,
pois em caso contrário o processador esquenta anormalmente e pode
se fundir ou no mínimo apresentar falhas graves de funcionamento.
11)
Evite trepidações no equipamento. Procure ver as normas de
remoção e transporte contidas nos manuais do equipamento.
A propósito: exija todos os manuais: até o gabinete da CPU
tem um manual, sem o qual fica difícil reconfigurar o display
indicador da velocidade do micro. Tenha cuidado especial com o disco rígido,
bem mais sensível.
12)
Principalmente junto à fonte de energia, ao chip e aos rolos
de impressão, tome cuidado com o calor, caso o equipamento tenha
sido desligado há pouco tempo. Podem ocorrer sérias queimaduras,
principalmente em certos roletes da impressora laser, que funcionam a 180
graus centígrados.
13)
Evite bloquear a passagem do ar no gabinete da CPU, atrás do monitor
ou em volta da impressora, pois a falta de renovação do ar
provoca o superaquecimento e danos nesses equipamentos. E mantenha os equipamentos
nivelados.
14)
Os cartuchos de tonner das impressoras laser podem estar com o pó
todo de um lado, depois de certo tempo de uso. Antes de forçar uma
impressão mais escura para compensar (existe um controle para isso,
mas o ideal é deixá-lo na posição normal, para
evitar maior gasto de tinta ou tonner), tente retirar o cartucho
de tonner e fazer pequenos movimentos de forma a redistribuir o
pó existente em seu interior; isso vale também quando a impressora
emite alerta de fim do tonner: geralmente, esse simples procedimento
permite fazer a mensagem desaparecer e – com ou sem ela - possibilita obter
mais 50 a 100 páginas impressas. Mas, é evidente que o tonner
está acabando, procure ter um cartucho de reserva.
15)
Ainda sobre as impressoras a laser, se você estiver obtendo riscos
pretos verticais num dos lados do papel (geralmente o direito), ou linhas
horizontais por toda a largura da página, pode ser que o cartucho
de tonner esteja com o fio corona sujo. Algumas impressoras (HP,
Apple, Canon) já vêm com um limpador de fio corona. Veja como
fazer a limpeza no manual de instruções de sua impressora.
16)
Poucas pessoas sabem que a impressora a laser tem um filtro de ozônio,
que serve para eliminar o gás ozônio produzido pela impressora.
Com o tempo, partículas de papel, fumaça de cigarro e o próprio
ar poluído acabam entupindo este filtro, tornando-o ineficaz. Testes
dinamarqueses indicaram que esses filtros deixam de funcionar depois de
cerca de um ano, emitindo quantidades de ozônio prejudiciais à
saúde, que podem causar problemas respiratórios, náusea,
dores de cabeça e envelhecimento precoce da pele. O risco é
maior em espaços pequenos e mal ventilados, onde o gás não
tem como se dispersar. Cientistas ingleses descobriram que funcionários
trabalhando em ambientes onde há copiadoras e impressoras a laser
estão expostos a uma quantidade de ozônio dez vezes maior
que o nível considerado seguro. Alguns fabricantes de impressoras
a laser recomendam a troca dos filtros após 30 mil a 50 mil páginas,
e não é um procedimento caro.
Eletricidade
– A parte elétrica também merece cuidados:
17)
Nossas linhas elétricas subdesenvolvidas são também
um problema sério. Voltagem menor que a nominal, “ruídos”
elétricos provocados por motores nas imediações (o
liqüidificador da cozinha ou o elevador do prédio) causam danos
a longo prazo, enquanto um pico de energia repentino pode queimar o computador,
danificar irremediavelmente o disco rígido ou pelo menos interferir
com os dados que estão sendo manipulados nesse momento. Se não
dispuser de um no-break (que mantém o computador funcionando,
mesmo quando falta energia, e geralmente corrige as falhas elétricas),
use ao menos um filtro de linha (cuidado: alguns dos “filtros de linha”
existentes no mercado são apenas sofisticados benjamins,
que apenas dão mais opção para a ligação
de outros periféricos).
18)
Lembre-se de garantir o aterramento do sistema. Aquele terceiro pino nos
conectores elétricos, que muitos simplesmente arrancam para ligar
o computador em nossas tomadas, não está ali por enfeite.
É a conexão para o fio-terra, que descarrega excessos de
tensão na terra, evitando prejuízos ao equipamento. O melhor
sistema de filtragem de linha não poderá dar toda a garantia
esperada sem estar conectado ao fio-terra. Você até pode dispensar
esse terceiro fio, principalmente se está num prédio mais
antigo, que não o possui, mas esteja ciente do risco que corre.
Ligar o fio-terra à torneira ou a um prego também não
é a solução correta, consulte seu eletricista.
19)
Se o computador está ligado à rede telefônica, procure
instalar um filtro de linha que atenda também à tomada telefônica,
pois muitos distúrbios podem ser provocados por “ruídos”
elétricos trazidos pelo fio telefônico.
20)
Em caso de raios, desligue o computador da tomada e também da linha
telefônica. A não ser que confie num bom sistema de pára-raios...
21)
Quando precisar mexer dentro do gabinete do computador, desligue-o da tomada
e procure usar um bracelete anti-estático. Ou, pelo menos, toque
em algum objeto metálico que permita descarregar a eletricidade
estática. Andar sobre um carpete, por exemplo, acumula eletricidade
estática suficiente para literalmente torrar um microprocessador.
Não é exagero, embora alguns técnicos de computação
sequer tomem esses cuidados mínimos, e ainda afirmem depois que
o problema era o chip queimado...
22)
Evite ligar e desligar seguidamente o micro. Em condições
normais, ele é preparado para ficar ligado até permanentemente.
Ao ligar o micro, uma torrente de elétrons é repentinamente
injetada nos circuitos, provocando um certo desgaste. Por isso, modernamente
se tem dado preferência a equipamentos que podem ficar ligados em
repouso quando não estão sendo usados, com baixo consumo
de eletricidade.
Manutenção
soft
– Back-ups,
desfragmentação de disco rígido, são cuidados
importantes, também:
23)
Evite desligar simplesmente o computador, sem antes fazer o fechamento
dos programas e arquivos que estejam abertos. Nem sempre as informações
vistas na tela estão salvas, podem estar apenas na memória
de trabalho, que é zerada quando o computador é desligado.
Isso pode danificar os arquivos, que ficam perdidos no sistema, ao perderem
os vínculos lógicos que possuem. O Windows também
tem um procedimento de finalização que deve ser seguido sempre.
24)
Devido ao método que o computador usa para arquivar os dados, um
programa um pouco mais extenso pode ocupar blocos de memória não
contíguos. O primeiro bloco recebe um sinal apontando para o endereço
onde está o bloco seguinte, e assim por diante. O usuário
nem percebe diretamente esse fato. Mas, com o passar do tempo, essa descontinuidade
dos dados provoca um esforço maior do cabeçote leitor de
dados no disco rígido, que tem de ser reposicionado para a
leitura dos blocos de dados, ocasionando uma certa demora. No caso de uma
falha elétrica, esses vínculos podem ser perdidos. Por isso,
é recomendável que uma vez por semana (ou mais, se o uso
fôr muito grande) seja acionado o programa desfragmentador de disco
rígido. Geralmente, é possível automatizar esse procedimento.
25)
Periodicamente, vale conferir o "estado de saúde" do disco rígido
e dos disquetes, com um programa tipo Scandisk, que faz uma varredura na
estrutura de dados, aponta e corrige os problemas encontrados. Entre esses
problemas, pode estar um trecho do disquete ou do disco rígido que
tenha perdido a magnetização e, portanto, a capacidade de
gravar dados. Este setor pode ser isolado, tornando-se indisponível
para futuras gravações, evitando assim uma futura perda de
dados.
26)
Verificar os arquivos – principalmente os que estão sendo colocados
no sistema pela primeira vez – com um programa antivírus é
cada vez mais de importância fundamental para evitar a perda de dados.
Por outro lado, mesmo um programa oficial mas com falhas de programação
pode trazer problemas. Se o seu computador não pode parar, não
arrisque a instalação de um programa desconhecido, prefira
localizar um outro micro em que o teste possa ser feito sem problemas.
Verifique os manuais antes da instalação, em busca de recomendações
do fabricante quanto à configuração mínima
do equipamento.
27)
Faça vários conjuntos de cópias dos arquivos (back-ups),
revezando-os. Não basta todo fim de tarde copiar os arquivos para
uma mesma fita ou para um disquete, pois com o tempo a mídia magnética
se desgasta e você só vai descobrir o problema quando precisar
realmente da cópia. O ideal é revezar as cópias, de
forma a que uma tenha os dados mais atualizados, a segunda esteja defasada
de um dia, a terceira defasada de dois dias etc. A freqüência
das cópias vai depender do uso dos dados e da quantidade de alterações
feita.
Algumas empresas
adotam o procedimento de uma cópia para cada dia da semana, de forma
que na pior hipótese (todas as demais cópias apresentarem
falhas) percam no máximo uma semana de trabalho. E, no caso de uma
alteração de dados não percebida de imediato, podem
fazer uma auditoria nas últimas versões, para descobrir quando
a alteração ocorreu e até restaurar a informação
correta original.
Segurança
física – Não basta ter um bom conjunto de cópias,
é preciso que elas estejam em segurança. Pesquisa feita em
1994 pela National Computing Centre do Reino Unido indicou os principais
perigos para o hardware, pela ordem de importância: incêndio;
parada do sistema; roubo/furto; falta de força; defeitos de rede;
sabotagem; raios e enchentes. Para os dados: vírus; erros de software;
uso inadequado do computador; erros do usuário; hackers.
28)
Não deixe todos os ovos no mesmo cesto, conforme o velho conselho
popular. Mantenha em local distante um conjunto de cópias back-up
dos arquivos, para que um acidente envolvendo os arquivos originais não
se estenda também às cópias de segurança.
29)
Na feira de informática Comdex, realizada em agosto na capital paulista,
um expositor (a empresa Aceco) mostrou de forma dramática o risco
que as empresas podem correr: colocou no estande um grande computador todo
queimado, com efeitos de som e luz para parecer que ainda existiam focos
de incêndio. Manuais, disquetes, tudo destruído.
Ela resumiu
o caos: o superaquecimento pelo fogo expele o cloro do PVC da decoração,
da mobília e dos equipamentos. Gases e fumaça preta e tóxica
corroem os equipamentos e os meios magnéticos; um bloco de 1 m³
de concreto, submetido por 10 minutos a até 600 graus centígrados,
libera vapor correspondente a 140 litros de água cristalizada; a
temperatura de 100 graus centígrados transforma a água cristalizada
em vapor, que destrói mídias e componentes; mesmo sem chamas,
o calor pode destruir equipamentos e dados; há que considerar ainda
o impacto de escombros, poeira, gases corrosivos, vandalismo, radiações,
explosão, magnetismo.
Mais: enquanto
por norma (NB-1344 da Associação Brasileira de Normas Técnicas/ABNT),
a mídia papel deve suportar 175 graus centígrados; o microfilme
suporta 110 graus; o cartucho 3480, só 75 graus; disquetes, fitas
DAT e Streamer e CD-ROMs, 55 graus. O custo médio da reposição
de 1 MB de dados é de US$ 1.266. Para o equivalente a um disco rígido
de 1,35 GB, fica em US$ 1.750.000,00.
30)
Analise: até que ponto seus dados são importantes para merecerem
uma proteção especial? Sabendo que a perda dos dados de faturamento
dos clientes, por exemplo, pode significar a própria falência
da empresa, pode ser oportuno adquirir um cofre para a colocação
de disquetes e fitas de cópia, de forma a ficarem protegidos contra
fogo, inundação, explosões etc. Já existem
cofres assim por menos de R$ 800,00. Em casos mais específicos,
como em indústrias onde existe grande interferência eletromagnética,
podem ser instaladas salas especiais que funcionam como gaiolas de Faraday,
protegendo o que estiver em seu interior contra tais interferências. |