Uma luz, uma lenda
Quase
dois mil anos atrás, uma luz brilhante indicou aos Reis Magos que
um extraordinário
fenômeno acontecia: era o primeiro Natal, o do nascimento do menino
Jesus (e é por isso que os festejos natalinos prosseguem oficialmente
até o dia dos Reis Magos, 6 de janeiro).
Naquela época, existiam diversas
festividades, em meio aos gelados invernos europeus/escandinavos, homenageando
criaturas sobrenaturais que ajudariam a obter boas colheitas e pastagens,
quando o manto de neve derretesse. Influências cristãs e pagãs
foram se juntando em torno do personagem escandinavo Joulupukki e do europeu/asiático
Sint(a)Klaas.
São Nicolau viveu realmente
no século IV em
Lycia, uma província na costa sudoeste da Ásia Menor. Ele
teria nascido no porto marítimo de Patara e viajado ao Egito e à
Palestina quando jovem, tornando-se bispo da Igreja em Myra. Aprisionado
durante o período da perseguição aos cristãos
pelo imperador Diocleciano, foi libertado pelo sucessor, Constantino o
Grande. Em 1087, seus restos mortais foram levados de Myra para Bari, na
Itália, onde continuaram sendo cultuados, e essa devoção
se espalhou pelo mundo cristão, tornando-se ele patrono da Rússia
e da Grécia, além de protetor das crianças e dos marinheiros.
Nas igrejas protestantes alemãs,
era chamado Kriss Kringle, derivado de Christkindle, significando “Menino
Jesus”, associando sua história à de Cristo e dos presentes
dos Reis Magos. Tornou-se Santa Claus ou Pai Natal, e sua lenda chegou
à França, como Père Noel (Papai Noel), enquanto na
Holanda virou Sinter Claes, ou Santa Claus.
Trenós e renas - A história
se aperfeiçoou em 1823 na colônia holandesa de New Amsterdam,
hoje New York, quando Clement C.Moore escreveu “Uma Visita de São
Nicolau”, retratando o bom velhinho viajando de trenó, como é
costume na Escandinávia. Em 1866, apareceu na revista Harper’s
Weekly a primeira imagem de Papai Noel como é conhecido hoje,
num desenho de Thomas Nast.
Nos anos 30 deste século,
o programa radiofônico do locutor Markus Rautio completou
a magia, convencendo as crianças da Finlândia de que Santa
Claus vive na montanha Ear (Korvantunturi), cuja forma lembra a de uma
orelha. Por isso, poderia ouvir todos os desejos de todas as crianças.
No verão de 1950, quando Eleanor
Roosevelt visitou Rovaniemi, criou-se uma pequena instalação
para recepcioná-la, e que começou a virar atração
turística. Nos anos 60, foi ampliada, com uma cafeteria, até
ser completada em 1976 a instalação que hoje faz parte do
complexo Santa Claus Village. Durante o ano inteiro, mais de 400 mil turistas
visitam o local, que inclui o Santa Claus’ Post Office (escritório
postal de Papai Noel, que recebe cerca de 250 mil cartas por ano, de mais
de 150 países, e responde a todas elas), além de um shopping
center, centro de atividades, teatro de bonecos, restaurante, posto
de informações turísticas, organização
de passeios em carros de neve e trenós de renas e cães husky.
Semelhantes - Papai Noel, assim
como Jesus Cristo, são figuras mundiais. Como a Internet, uma rede
de computadores que começa a aproximar pessoas de todas as partes
do mundo, permitindo que elas conversem entre si, se conheçam e
se compreendam um pouco mais.
Mesmo isolado no Monte Ear, na nevada
Finlândia (perto do Círculo Polar Ártico), Papai Noel
não está só, pois as crianças de todo o mundo
podem lhe endereçar suas mensagens e suas esperanças de um
mundo melhor. Hoje, a estrela-guia é um satélite, a luz já
viaja em fibras óticas e chega às pessoas através
de uma tela de computador, e Papai Noel pode levar ao mundo inteiro sua
mensagem, de que seu melhor presente para o mundo é paz, alegria,
felicidade, compreensão.
Talvez a luz tenha mudado. Mas a
lenda continua... Boas Festas!
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