NOTÍCIAS 2010
Feliz Humor Novo!
Mario Persona [*]
Não importa quais os seus planos para o novo ano, não
vou repetir o "Feliz Ano Novo" que você já recebeu de montão. O que desejo a você de verdade é um "Feliz Humor Novo". Porque se tudo
aquilo que você planejou para o novo ano der errado, tem uma coisa que ainda pode dar certo: o humor.
Você não ri quando vê o Gordo levar uma torta do Magro na cara? Ou quando o Gato se arrebenta na hora de pegar o Rato? Oras,
lembre-se do quanto você riu dos dois ladrões de "Esqueceram de mim"! E eles só se lascaram, não foi?
Entendeu agora por que desejo a você um "Feliz Humor Novo"? É porque o bom humor é algo que depende mais de você do que dos outros
ou das circunstâncias. E é uma das coisas que mais influenciam os outros e faz com que gostem de você.
Se há uma coisa que me tira do sério são pessoas que saem do sério por qualquer coisa. E quando digo que saem do sério, não é por
ficarem risonhas e divertidas, muito pelo contrário. Nessa nossa misteriosa língua portuguesa, na qual "pois não" quer dizer "sim" e
"pois sim" quer dizer "não", sair do sério significa ficar mais sério ainda.
Sair do sério significa perder o senso de humor, que é outra palavra que pode significar mais de uma coisa. Além do humor ser a
capacidade de rir da piada sem precisar que o outro explique, e um estado de espírito alternativo para encarar os reveses da vida,
humor é também o nome dado a alguns fluidos secretados pelo corpo, como a bile.
Quer dizer que quando vem aquele gosto amargo na boca, isso é humor? Pois é, eu também não entendi. Mas até que faz sentido, se você
pensar que existe também o mau humor, que está para o bom humor assim como o mau colesterol está para o bom colesterol.
Só que aí as coisas funcionam ao contrário. Geralmente o mau colesterol você ganha quando está de bom humor, depois de comer aquela
bela picanha bem gorda e tirar uma soneca de três horas na rede. E o bom colesterol? Troque a picanha por um suco de alfafa e vá
malhar durante três horas. Depois tente sorrir.
Mas, independente do que você come, o bom humor pode ter o papel de um bom colesterol. Pessoas bem humoradas são mais ativas,
felizes e positivas. Atacam menos o fígado — delas e dos outros — e não precisam tomar antidepressivo. Pelo menos essa é minha
opinião, mas se você discordar e achar minha teoria uma piada, então ria. Também vai funcionar.
Geralmente o humor exige uma vítima que nos faça sentir superiores. Sou palestrante e sei que o público mais difícil é aquele
formado por pessoas muito sofisticadas, porque elas só riem se puderem se sentir superiores ou se acharem o palestrante um perfeito
idiota. Nas minhas palestras elas sempre riem.
O humor ajuda em meu trabalho de escritor e palestrante por permitir criar situações que ajudam a assimilar a mensagem. Alguém já
disse que fazer rir é uma excelente estratégia de ensino, por isso quando meus alunos estão rindo, eu aproveito as bocas abertas e
enfio a informação diretamente em seus cérebros.
É fácil entender o poder do humor no aprendizado. Você seria capaz de repetir um texto que leu apenas uma vez há dez anos?
Provavelmente não, a menos que seja uma piada. Você se lembra dela, inteirinha, do jeitinho que leu, não é mesmo? Então pode
acrescentar ao seu dicionário mais um significado para a palavra humor: adesivo cerebral.
Sempre fiz uso do humor em minhas aulas. Às vezes eu brincava até enquanto os alunos faziam prova, para aliviar a tensão. Foi o que
aconteceu um dia, quando eu disse brincando que os cientistas descobriram que o cabelo do topo de nossa cabeça arrepia quando a
gente faz o que é proibido. Para minha surpresa vários alunos passaram a mão na cabeça.
[*] Mario Persona é escritor, palestrante e consultor de
comunicação e marketing. Texto disponível em seu site.
|