NOTÍCIAS 2005
Cirurgia por computador revoluciona ortopedia
Com a ajuda de programas sofisticados, recém-lançados, computadores aumentam a precisão em
cirurgias ortopédicas e tendem a convergir com as técnicas de cirurgias minimamente invasivas
Nas salas de cirurgia, duas novas ferramentas vêm se mostrando
cada vez mais preciosas: a informática e a robótica. Trabalhos científicos publicados nos últimos anos colocam frente a frente o
olhômetro dos médicos e as informações transmitidas pelo computador em cirurgias onde a precisão é um item fundamental, como,
por exemplo, nas cirurgias para colocação de prótese de quadril. Os resultados sugerem um placar equivalente a um 4X3 para os
computadores.
"Foi analisado o posicionamento de uma determinada prótese colocada por vários cirurgiões. O
resultado mostrou uma variação enorme de posições escolhidas, o que não aconteceria se a mesma cirurgia fosse realizada com a ajuda
de um computador. Mesmo cirurgiões experientes, com uma grande bagagem de cirurgias realizadas, podem variar na escolha da melhor
posição para colocar a prótese", diz o dr. Ricon Jr., diretor do Centro Ortopédico de Ipanema (na capital carioca) e especialista em
doenças do quadril. Ricon está completando a marca de 1.300 cirurgias para colocação de próteses de quadril e estima que,
anualmente, sejam realizadas no Brasil cerca de 30 mil cirurgias do mesmo tipo.
Segundo o especialista, os computadores vêm sendo usados em duas formas de cirurgias. Nas
chamadas cirurgias robóticas, em conjunto com um robô, eles realizam algumas etapas da preparação dos ossos para a colocação
da prótese; e nas chamadas cirurgias de navegação, eles guiam os passos para a colocação da prótese ou da fixação da fratura.
Durabilidade - "O desenvolvimento tecnológico possibilitou um grande avanço na área
cirúrgica. O computador cria uma imagem tridimensional que permite a colocação da prótese na posição exata, aumentando sua
longevidade", explica o médico. Com isso, diminui bastante o risco de desgaste precoce da prótese e o paciente pode ficar por mais
tempo longe dos centros cirúrgicos.
De acordo com o especialista, o mau posicionamento é o principal fator de soltura e de falha
da prótese. "Existem diversos fatores que aumentam ou diminuem a durabilidade da prótese, como a qualidade do osso do paciente, o
tipo de prótese utilizada, entre outros. Mas a posição em que ela é colocada também faz muita diferença", acrescenta. Em média, as
próteses duram de 15 a 30 anos.
Alemães - Como quase tudo na área de informática, os programas dos computadores
usados nas salas de cirurgias também estão em constante evolução. Segundo Ricon Jr., os novos programas, além de propiciarem uma
precisão ainda maior, facilitam a correção de vários parâmetros durante a cirurgia e diminuem o tempo de operação, uma vez que
coletam dados de forma mais simples e rápida. Os alemães estão na vanguarda da tecnologia da navegação e são referências no
desenvolvimento de programas para os computadores cirúrgicos. Agora, o desafio dos europeus é fazer a convergência do
uso do computador com as técnicas cirúrgicas minimamente invasivas.
"Nos países desenvolvidos, já se tem em mente que a mini-invasiva deve ser feita com
navegação. Quando se realiza uma cirurgia mini-invasiva, não se vê muito bem onde a prótese está sendo colocada. Aí valem a
intuição, talento, arte e experiência do cirurgião. Mas craque também perde gol. Por isso, alguns países estão desenvolvendo
programas de computador para navegação em cirurgias mini-invasivas", conta o ortopedista, que lançou o site
www.clinicadoquadril.com.br. No endereço, profissionais de saúde e leigos em geral
encontram informações sobre diagnóstico e tratamento das doenças que acometem a articulação, como artrose, síndrome do piriforme (ou
do bumbum sarado) etc. |