NOTÍCIAS 2005
Ator Francisco Cuoco conta Fábulas de Esopo
Coleção de revistas e CDs resgata fábulas criadas há 26 séculos
Pela primeira vez em mais de 40 anos de carreira, o ator
Francisco Cuoco se apresenta para crianças narrando fábulas na coleção de revistas e CDs "Cia Histórias do Baú conta Esopo",
que nesta semana chega ao mercado editorial, com lançamento simultâneo em São Paulo e Rio de Janeiro, a partir do dia 1/4/2005.
A coleção é um projeto da Cia Histórias do Baú, uma companhia paulista de teatro que, além
de manter espetáculos voltados para o público infantil, com o objetivo de desenvolver as potencialidades criativas, críticas e
lúdicas das crianças, "agora investe nesta linha editorial com o objetivo de estimular o hábito e o gosto pela leitura em família",
informa Amauri Alves, ator, diretor, produtor cultural e
empresário.
"Este projeto editorial", conta Amauri, "foi criado para os pequenos leitores, pois o
conteúdo das fábulas de Esopo é essencial para o desenvolvimento ético e moral de nossas crianças". Ainda segundo o produtor,
"resgatamos fábulas criadas por Esopo, há cerca de 26 séculos. Das 358 encontradas, estamos editando 27 utilizando diferentes
recursos que estimulam a convivência e a troca de informação ao
redor de uma boa história".
Narrando as Fábulas de Esopo, Francisco Cuoco protagoniza as mais diferentes histórias,
divididas em quatro CDs. Para ele trata-se de "um belo projeto, onde podemos levar para dentro dos lares e das escolas, os valores
familiares, de amizade e que educam acima de tudo". Assim que surgiu o convite para participar do projeto, Cuoco se colocou à
inteira disposição da produção: "Essa brincadeira lúdica é um desafio que aceitei com muito carinho", confessa o ator. "Eu agora
quero ir ao encontro das pessoas e contribuir para melhorar o espírito delas, através do riso, da poesia e da mágica do contador de
histórias", conclui.
Quatro revistas - O projeto reúne quatro revistas ilustradas, diferentes e
interativas, onde o personagem central é o Contador de Histórias que viaja pelo mundo das fábulas de Esopo, apresentando histórias
em quadrinhos, entrevistas, informações sobre Teatro de Sombras e Contadores de Histórias. O leitor aprende técnicas básicas de
teatro de sombras e a confeccionar caixas de histórias com material reciclado.
Cada fascículo vem acompanhado de um CD com fábulas escolhidas do universo de Esopo, com uma
trilha pontuada por efeitos sonoros especialmente criados para a coleção. O responsável pela arquitetura sonora do projeto é Flávio
Medeiros, artista inquieto que compõe, toca, especialista em gravações e mixagens, e detentor de três Profissionais do Ano, prêmio
da Rede Globo de Televisão. Ele declara que "o trabalho foi fascinante, tanto pela oportunidade de experimentar diferentes facetas
técnicas musicais, quanto pela identificação das crianças com o resultado final".
Com distribuição nacional, a obra pode ser utilizada nas escolas, por professores e alunos,
como ferramenta de educação no desenvolvimento da leitura; por pais e filhos como forma de fortalecer a comunicação na família.
A Coleção "Cia Histórias do Baú conta Esopo" está sendo editada pela Ambrosiana
Gráfica e Editorial, e pode ser encontrada nas lojas Wal-Mart a partir do dia 1/4/2005. A programação de lançamento conta com a
participação dos contadores de histórias Beto Vieira, Fernando Rino e José Barsenn, atores da Cia Histórias do Baú, e suas Caixas de
Histórias, e do cartunista Bill Silva, presentes durante todo o dia contando fábulas.
O lançamento ocorre no dia 1/4/2005 em Indianópolis/SP (Av. Jabaquara, 2.979); no Center
Plaza/SP (Av. Dr. Francisco Mesquita, 1.000) e na Barra da Tijuca/RJ (Av. das Américas, 3.050). No dia 2, em Barueri/SP (Al.
Araguaia, 2751); em Osasco/SP (Av. dos Autonomistas, 1.768/1.828) e na Linha Amarela/RJ (R. Projetada, 345). No dia 8, no Parque
João Ramalho/Santo André (Av. dos Estados, 8.500) e no Jardim Santa Teresinha/SP (Av. Aricanduva, 5.555). Mais informações pelo
telefax (0**13) 3467-2007 e na página Web.
Esopo - O Pai das Fábulas viveu na Grécia, aproximadamente entre os anos 570 e 620
a.C., ou seja, por volta do século VI a.C. (antes de Cristo). Responsável pela transformação da fábula em gênero literário, Esopo é
tido como o criador do menor texto em prosa do mundo. De origem Frígia, região da Ásia Menor na Antiguidade, foi aprisionado na
guerra entre Frígios X Helenos, tornando-se escravo da nobreza grega. Deixou como legado 358 fábulas, a quem os estudiosos atribuem
como de sua autoria.
No mundo antigo, os povos viviam em guerras internas, e os que perdiam tornavam-se escravos.
Muitos deles eram homens cultos, cientistas, letrados, que pertenciam à nobreza estrangeira e ao exército. Esopo foi um deles:
culto, sábio e cientista. Era um educador e um dos primeiros pedagogos (em grego: o que leva a criança), que se tem notícia.
Contava histórias em praça pública para o povo. Pequenas historietas recolhidas na Pérsia e
na Frígia, sempre com um ensinamento ético e moral. Muito prestigiado pelos atenienses, foi um hóspede brilhante na cidade, o
que lhe valeu uma estátua esculpida pelo célebre artista Lisipes. Era a estátua de um homem normal, contudo, há lendas que falam que
o pai das fábulas era disforme, "... o mais feio de seus contemporâneos, cabeça em ponta, nariz esborrachado, pescoço muito curto,
lábios salientes, tez escura, barrigudo, pernas tortas, encurvado...", Esopo foi assim apresentado pelo monge Planudes, em um texto
do século XIV, em sua obra Vida de Esopo.
Como quer que tenha sido a aparência de Esopo, o fato é que ele deixou 358 fábulas, uma obra
monumental, moderna, que nos fornece uma visão critica extraordinária da natureza humana e lições de moral que hoje, decorridos 26
séculos, são no mínimo de rara beleza e impressionante atualidade.
Há controvérsias sobre sua morte. Segundo o historiador grego da época Alexandrina,
Heráclides do Ponto, e de seu contemporâneo, o escoliasta Aristófanes (século III a.C. ), Esopo havia roubado um objeto sagrado. Diz
ele que "Esopo visitando Delfos, escarneceu de seus habitantes porque não trabalhavam: viviam das oferendas feitas ao deus Apolo.
Irritados, colocaram uma taça sagrada entre os pertences de Esopo que, ao sair da cidade, foi apanhado e acusado de roubar um objeto
sagrado. Como era costume no caso de sacrílegos, Esopo teria sido atirado do alto de um rochedo".
Fábulas -As fábulas são pequenas histórias que reúnem homens, animais, vegetais,
deuses e objetos ao redor de um acontecimento e, ao final, tiram delas um ensinamento. As fábulas são para contar e divertir. Também
servem para nos ensinar as coisas do mundo, dos homens, sobre nossas atitudes e como o que fazemos pode magoar, ferir ou fazer o bem
a nós e aos outros.
Elas não são apenas uma história de bichinhos, a lição de moral está sempre ligada ao
homem e não aos animais. A fábula e seu autor conseguem fazer com que o leitor pense sobre seu comportamento e sua atitude consigo e
com os outros. Elas nos ensinam a pensar e a sentir.
Todos os povos do mundo criaram suas próprias fábulas. Foram encontradas no Egito, na Índia,
por toda a Ásia e Europa. Mas os primeiros registros escritos surgiram na Grécia, pois é lá onde ela passa a ser considerada como um
tipo de literatura.
Algumas fábulas foram escritas há mais de 2.600 anos, mas foi somente por volta do ano 1.300
que elas começam a ser coletadas e redigidas em mais de 40 pergaminhos. As fábulas de Esopo foram estudadas por todas as escolas
gregas, desde a pré-escola até a faculdade de Direito.
Estilo - Para entendermos o estilo de Esopo, é necessário que voltemos um pouco no
tempo, quando somente existiam as formas de comunicação oral. A palavra, a sintaxe, a coordenação sintática, a linguagem como gênero
literário foi aos poucos sendo construída.
No início havia um vocabulário para a poesia, a que os gregos chamavam Epos (epopéia), cujo
maior representante foi Homero, o poeta da corte, seguido de Hesíodo, o poeta popular. Em pleno século VIII a.C., o pensamento
helênico se dirigia mais à ficção através da poesia. No século VII a.C. surgem as elegias morais, religiosas, familiares e de amor,
a forma e linguagem utilizadas eram homéricas, seguiam o padrão criado por seu poeta maior.
No século VI a.C. surgem os primeiros contadores de histórias, geralmente pessoas
pertencentes à nobreza, às castas militares, que no momento em que eram aprisionadas em guerra, se transformavam em pedagogos. Essas
pessoas detinham a Cultura, o conhecimento e o saber. Este século também é o responsável pelo surgimento das primeiras escolas,
quando se define a diferença entre educar (relação social) e instruir (aprendizado escolar). Surgem também as primeiras grandes
guerras entre os povos, que estabelecem as primeiras relações internacionais e uma escravidão atípica. Surge a política e o direito
social.
A preocupação com a ciência moral, histórica e filosófica começa a fluir no mundo grego
através de pequenos textos em prosa (logos - palavra, argumento), criados pelos chamados Sete Sábios da Grécia e por meio das
fábulas de Esopo, até chegarmos a Heródoto, isso no século V a.C.. Heródoto escreveu o primeiro grande livro em prosa do mundo
antigo. Quanto aos Sete Sábios da Grécia, a eles se atribuem máximas como "Conhece-te a ti mesmo" e "Nada em excesso".
Já Esopo teria sido o criador de fábulas ou apólogos, pequenas histórias em que deuses, homens, animais, vegetais e objetos em geral
conversam e discutem principalmente sobre problemas de moral prática. Com ele surgia a linguagem popular em prosa, onde palavra e
argumento eram expostos para o público em praça pública.
Surgem os primeiros Sofistas, tidos como os primeiros professores. No século II d.C.,
criam-se os primeiros cursos Universitários de Direito, com a inclusão das fábulas de Esopo como estudo obrigatório do curso de
Retórica. As fábulas de Esopo foram importantes objetos de estudo durante a Idade Média, Idade Moderna e para o surgimento da
Burguesia, fornecendo as bases para os principais momentos
históricos até os dias de hoje.
Voltemos ao estilo de Esopo. Seus textos são concisos e bem à moda dos primeiros textos em
prosa. Não raro, usa dois ou três prevérbios (prefixos de verbos), o que nos faz transformar uma oração em duas ou três. Abre mão do
uso abusivo de gerúndios e particípios, e de frases começando por e e por mas. Isso acontece porque o grego foi
efetivamente o primeiro povo a se preocupar com a estrutura sintática dos textos, tanto quando se trata da coordenação como da
subordinação. E a língua grega dá preferência indiscutível ao emprego das orações que hoje chamamos de reduzidas. |