NOTÍCIAS 2003
FUST e o voto de minerva
Mário Oswaldo Gomes da Silva (*)
Colaborador
É crescente a discussão sobre a utilização de programas livre
(Linux, Free-BSB) em substituição aos programas de código fechado (Windows). Eles apresentam desempenho bastante similar, porém essa
discussão não deverá apresentar resultados concretos, ou seja, o Windows não será substituído pelos programas livres na maioria das
organizações. O fato é que cada uma dessas plataformas tem o seu nicho de mercado. Ou seja, as duas conviverão no mercado, de forma
natural não havendo a substituição.
Entretanto o questionamento sobre qual é a melhor solução não deve tomar proporções a ponto
de estacionar o desenvolvimento de um programa fundamental para a inclusão digital, como é o do Fundo de Universalização dos
Serviços de Telecomunicações (Fust). Os alunos das escolas públicas, que serão beneficiadas com o programa, já perderam muito por
causa do prolongamento desta discussão. O resultado é que nenhuma escola ainda foi beneficiada, apesar dos recursos do fundo já
terem rompido a barreira dos R$ 2 bilhões.
O assunto programa livre x código fechado não é tão complexo, que demande tanto tempo e
tantas reuniões entre parlamentares do Congresso Nacional e representantes do Governo, como ocorreu em 2002. A decisão, na realidade
é simples: basta que os computadores que irão equipar as escolas beneficiadas com recursos do Fust tenham os dois programas. Assim,
os estudantes terão a oportunidade de ampliar o seu conhecimento com o acesso àquele que é mais utilizado no mercado e também à
opção que já tem o seu espaço. Com isso, os alunos terão a chance de obter amplo conhecimento e mais possibilidade de sucesso quando
ingressarem no mercado de trabalho.
Esta convivência é possível porque o programa livre não vem revolucionar o uso da Tecnologia
da Informação (TI) nas organizações, ou seja, a aplicação não trouxe novidades significativas em relação ao Windows. Este cenário é
diferente de quando ocorreram as duas últimas revoluções no setor de TI. A primeira foi a que efetuou a troca do processamento
centralizado em mainframes pelo processamento descentralizado em estações de trabalho com o MS-DOS. A segunda foi a
substituição do MS-DOS pelo Windows. À época, o MS-DOS predominava nos computadores pessoais. Tratava-se de uma tela escura, com
letras verdes. O usuário tinha apenas a condição de editar textos.
A chegada do Windows foi um divisor de águas. As soluções se diversificaram de tal modo, que
o usuário pode desenvolver uma série de trabalhos que antes não eram possíveis. A introdução dos programas livres (Linux, Free-BSD)
não significou uma mudança neste cenário. No entanto, esta aplicação conquistou o seu lugar no mercado, sem que isso significasse o
fim do Windows.
É fundamental analisar este quadro de uma forma funcional, ou seja, quem quer
trabalhar com uma aplicação que não signifique custos em relação a licenciamento de programa e tenha um quadro funcional que absorva
facilmente a nova plataforma, sem necessitar de um investimento na geração da nova cultura computacional, o "programa livre" é uma
opção. No entanto, se o usuário pretende se cercar de garantias e não deseja investir na mudança e na formação de mão-de-obra, a
alternativa é o Windows. Tudo mais, além disso, é apenas um questão de objetividade.
(*) Mário Oswaldo Gomes da Silva é
professor da Universidade Católica de Brasília e da Faculdade Euro-Americana e diretor da Efatec/Grupo
TBA. |