NOTÍCIAS 2002
Chip faz carro da GM seguir comandos de voz
Você já se imaginou frente a frente com um carro, onde em vez
de usar as chaves ou comandos sem fio, simplesmente solicita que a porta seja aberta? Ou ainda que abra os vidros? Acenda os faróis?
Tudo isso apenas falando, sem necessidade de apertar qualquer botão ou trava? Há cerca de 10 anos, isso poderia ser a
descrição de uma cena de ficção. Entretanto, há alguns meses, isso é realidade e... no Brasil.
Tudo começou no primeiro semestre de 2002, a partir da iniciativa de um grupo de alunos e
professores da Faculdade de Engenharia Industrial (FEI), que se uniu ao Instituto Tecnológico Genius, da Gradiente, com a proposta
de criar uma aplicação para a tecnologia de comandos de voz em português, desenvolvida e disponibilizada pelo instituto. "No mundo
já existia essa solução, porém, em outros idiomas. Considerando-se o avanço nas pesquisas brasileiras e o nosso nível de
conhecimento industrial, chegamos à conclusão de que deveríamos desenvolver uma aplicação. E que o uso em um carro seria a forma
mais adequada", explica Renato Giacomini professor da FEI e mentor do projeto.
Com o apoio da GM, que cedeu um Vectra topo de linha, foi possível viabilizar a experiência.
Todo o desenvolvimento do projeto foi suportado pela tecnologia Flex, um componente de lógica programável da Altera, que
disponibilizou recursos de um programa de qualificação profissional por meio do Programa Universitário da
PI Componentes (Pupi), mantido na FEI em parceria com a PI, distribuidora exclusiva da
fabricante no Brasil.
Com a tecnologia Altera, a aplicação foi finalizada em apenas quatro meses, cerca de metade
do tempo de projetos baseados em outras plataformas. O carro foi modelado pelo grupo da FEI usando máquinas de estado, que foram
traduzidas para VHDL (Very High Speed IC Hardware Description Language) e implementadas num componente Flex 10K20, que controla um
conjunto de circuitos de acionamento que interferem diretamente nos motores, lâmpadas e relés do circuito elétrico do veículo.
Assim, os comandos podem ser transmitidos diretamente por qualquer pessoa, o que elimina a
necessidade de "treinamento prévio" do equipamento, como ocorre com sistemas mais antigos de reconhecimento da fala. Uma frase
curta, com um verbo e um predicado pré-estabelecidos, faz funcionar as travas das portas, o pisca alerta, as setas de direção, os
vidros, a luz interna, as lanternas, faróis (altos e baixos), ou sistema de ventilação, entre outros.
Na análise do professor, o sucesso do projeto, cuja qualidade atende a padrões
internacionais, é apenas uma amostra da capacidade técnica que o País ainda tem a explorar no segmento de microeletrônica.
"Parcerias como as estabelecidas entre as GM, FEI e Genius, aliadas a programas de qualificação profissional como os da Altera-PI
Componentes, são exemplos a serem seguidos pela iniciativa privada para o pleno desenvolvimento de todo potencial brasileiro",
conclui. |