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NOTÍCIAS 2002

O salto qualitativo da Educação

Guy Gerlach (*)
Colaborador

Recentemente, a revista Time publicou nota prevendo que, em 2060, um veículo da mídia impressa estará noticiando, na primeira página, o novo meio eletrônico sucessor da Internet... À primeira vista, a previsão, mesmo que bem-humorada, pode parecer manifestação de exagerado otimismo por parte de uma empresa cujo principal negócio é a elaboração e venda de um produto da chamada comunicação gráfica. Entretanto, as tendências, estudos e pesquisas indicam que a palavra impressa irá mesmo se perpetuar como vetor de conhecimento, cultura e informação.

Interessante pesquisa do maior fabricante mundial de equipamentos e máquinas para a indústria gráfica demonstra que a mídia impressa representa 70% da comunicação no mundo. Em 2010, será superada pela eletrônica, numa proporção equilibrada (49% contra 51%). Porém, com o crescimento da demanda, a mídia impressa, em números absolutos, será muito maior do que atualmente. No futuro, haverá um sistema interativo de mídias, e a comunicação impressa continuará muito forte.

Dados atuais da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf) também demonstram a força do segmento editorial. E a amostragem do Brasil - que se alinha entre as 10 maiores economias do mundo - é significativa: a indústria gráfica, que representa cerca de 1% do PIB nacional e 3% do PIB industrial do País, emprega 195 mil colaboradores, em quase 15 mil estabelecimentos. O segmento editorial, com a impressão de livros didáticos, paradidáticos e literatura geral, boletins, revistas e jornais (com exceção dos periódicos), tem a maior participação no faturamento do setor (26%).

Definitivamente, os livros, jornais e revistas, que sempre constituíram a grande base da disseminação da cultura e do conhecimento, continuarão cumprindo, de forma perene, essa importantíssima missão. A leitura, sem qualquer dúvida, é uma das bases mais sólidas da educação de um povo, fator condicionante do desenvolvimento.

Estatísticas - Nos Estados Unidos, por exemplo, fica muito clara a relação conhecimento/prosperidade, que pode ser percebida nos números do mercado editorial: média anual de 8,2 livros por habitante. São vendidos dois bilhões de exemplares (fonte: Book Report/The Christian Science Monitor - 1997), para uma população de 276,2 milhões. Os ingleses gastaram o equivalente a R$ 11 bilhões em livros no ano 2000, com média superior a cinco exemplares por habitante. Noventa por cento dos lares declaram adquirir material para a leitura, comprando livros ou pedindo emprestado à biblioteca.

Sob o prisma dessa análise, é bastante promissora a perspectiva de avanço da educação e, portanto, do processo de desenvolvimento brasileiro. A prioridade conferida pelo novo governo ao ensino e à cultura permite supor que o País estará mobilizado no sentido de ampliar o acesso da população de baixa renda à leitura e à educação pública de qualidade.

No governo que se encerra, conforme pudemos constatar por meio da imprensa, o Brasil avançou de forma expressiva na educação, colocando todas as crianças na escola e realizando um dos maiores programas mundiais de distribuição de livros didáticos (cerca de 100 milhões de exemplares/ano). A continuidade do processo de ampliação e melhoria do ensino, independentemente de ideologias, é um fator importante para o Brasil. A questão, de fato, não é política, pois refere-se ao futuro de milhões de crianças.

Agora, conforme foi possível notar com muita clareza na campanha eleitoral de 2002, está previsto o salto qualitativo da educação, que tem, necessariamente, a comunicação gráfica e o produto editorial como uma de suas bases de sustentação. A interatividade das mídias, com a utilização do computador em sala de aula, é uma importante ferramenta do ensino contemporâneo.

Trata-se de recurso importante, que, felizmente, o Brasil também está conseguindo introduzir na educação pública universal. Entretanto, o aluno não leva o computador para casa. É no livro - didático, paradidático, de ficção ou ciência - que estará constituindo o seu conteúdo intelectual para o trabalho e a vida.

(*) Guy Gerlach é diretor-gerente da Pearson Education do Brasil.