NOTÍCIAS 2002
Ouro à vista com o xDSL
John Columban Hoe (*)
Colaborador
A verdadeira explosão do ADSL como alternativa de custo factível para
acesso rápido à internet é uma realidade que se iniciou nos EUA e, já há cerca de dois anos, está perfeitamente integrada ao cenário
brasileiro. Ocorre porém que, se por um lado, o ADSL pode responder satisfatoriamente a essa necessidade de acesso, o fato é que
esta exploração do seu protocolo de origem - o xDSL - representa apenas uma parte das potencialidades de novos negócios oferecidas
pelo padrão.
Existem basicamente dois tipos de DSL (Digital Subscriber Line) o simétrico e o
assimétrico. O DSL Assimétrico (ADSL) oferece transferência de dados mais rápida na direção do downstream (do provedor para o
assinante) do que na direção oposta (do desktop ao Central Office). Em outras palavras, os usuários podem receber
dados em velocidade bem maior que aquela em que podem enviar. Como sabemos, a aplicação clássica do ADSL consiste em serviços de
Internet rápida para o usuário doméstico, tal como esta tecnologia vem se disseminando no Brasil.
Em contraste, o SDSL (DSL Simétrico, com taxa de transferência idêntica nas duas vias)
transmite a mesma quantidade de dados, na mesma velocidade, em ambas as direções. O SDSL é apropriado para usuários que não apenas
necessitam receber, mas também transmitir grandes volumes de dados. E aí saímos de uma perspectiva exclusivamente doméstica, para
uma perspectiva talvez muito mais rentável; isto é: a oferta de aplicações corporativas de voz e dados a custos altamente
competitivos. Empresas de médio porte, por exemplo, podem utilizá-lo para conectar sua rede de modo a ligar diversas redes locais (LANs)
regionais ao computador central da rede corporativa. Além disto, o SDSL pode ser usado para transmitir tráfego de voz sobre a mesma
linha de cobre do assinante (Voz sobre DSL; ou VoDSL).
Simples e de baixo custo - Este é, aliás, um dos aspectos notáveis desta tecnologia:
com a crescente necessidade de redução dos custos de voz e de implementações de CTI, o SDSL fornece uma base tremendamente simples e
aderente ao legado para a solução deste requerimento.
O sistema de VoDSL encapsula voz e dados num único pacote. Ao invés de enviar o sinal de voz
na banda de base, o VoDSL suporta até canais de voz não comprimidos de alta qualidade, bem como tráfego de dados de banda larga.
Isto se reflete em enormes vantagens de custo, uma vez que as médias empresas precisam fazer um único investimento para resolver as
duas necessidades de tráfego. Assim, Voz sobre DSL tem tudo para se tornar a killer application para o setor de negócios. De
fato, esta tecnologia vem registrando um verdadeiro boom, principalmente junto às novas operadoras, ajudando-as a otimizar o
posicionamento de mercado de suas dispendiosas linhas privativas de assinantes.
Qualquer que seja o sabor de DSL, o objetivo desta tecnologia é prover transmissão de alta
performance para o maior número possível de usuários. Em cargas de alta transmissão, a ocorrência de ruídos por interferências
mútuas - também chamados "linhas cruzadas" - podem se registrar principalmente nos entroncamentos de cobre com fibra. Também neste
aspecto, há uma diferença entre os vários tipos de DSL.
Os ADSL são particularmente sensíveis a interferências de vários sinais trafegando através
do mesmo cabo. Quanto maior a multiplicidade de serviços utilizando este mesmo duto, maior a dificuldade de gerenciamento da
configuração do cabo para se garantir uma coexistência livre de problemas. Uma complicação adicional, e que deve se agudizar a cada
dia, está no fato de que diferentes operadoras partem cada vez mais para o uso da mesma infra-estrutura de última milha. Para
prevenir qualquer deterioração da performance geral das transmissões, as operadoras tendem a preferir qualquer tipo de solução em
detrimento daquelas que possam incrementar os níveis de ruído ou linha cruzada.
G.SHDSL - Na busca de uma solução mais madura, há algum tempo começa a se destacar o
emprego de um novo padrão normativo que, ao que tudo indica, poderá se tornar uma espécie de hit no mercado de conexões
corporativas, devido a algumas características ainda não encontrada nos demais. Trata-se do G.SHDSL.
Mais que um novo integrante da sopa de letras do setor, o G.SHDSL é um desenvolvimento
posterior do SDSL, que apresenta baixo nível de ruído de interferência, principalmente na convivência com outros sabores de DSL.
Bingo: esta conjunção de fatores é, nada mais nada menos, do que aquilo que as operadoras
vinham ansiosamente esperando. Esta é uma das razões pelas quais os especialistas da indústria avaliam que a compatibilidade com a
norma G.991.2, o protocolo usado pelo SDSL, é cotada para se tornar a substituta do RDSI. O G.SHDSL transmite dados a velocidades de
192 Kbit/s a 2.3 Mbit/s.
Comparado ao SDSL, isto equivale a uma performance até 30% maior em termos de distância - um
fator decisivo de custo para as operadoras de redes DSL, uma vez que reduz drasticamente as despesas com dispendiosos
amplificadores, usados para atingir os pontos mais remotos da rede. O G.SHDSL também garante a interoperabilidade entre múltiplos
DSLAMs (multiplexadores de acesso DSL) e IADs (integrated access devices), além de oferecer ótima imunidade a ruídos.
Para completar, a indústria de ponta em dispositivos de telecomunicações chegou, finalmente,
ao desenvolvimento de uma nova classe de modems adaptativos, baseados na G.SHDSL, que visam resolver o problema de incompatibilidade
entre modems de diferentes fabricantes. De custo bastante factível e integração muito simples, estes novos dispositivos permitem que
as operadoras ofereçam serviços de voz e dados sobre sua infra-estrutura de cobre a distâncias bem superiores - até mais que 5 Km).
Por serem adaptativos, os modems G.HDSL balanceiam perfeitamente a sua taxa de dados (de 2.048 Mbps), de modo a superar as
limitações do legado e oferecer o máximo de desempenho ao menor TCO (total cost of ownership - custo total de propriedade) do
mercado.
Tudo isto faz desta tecnologia uma forte candidata a se tornar a solução preferencial das
operadoras no segmento de pequenas e médias empresas. E, a julgar pelo cenário atual - em que o conservadorismo dos investimentos e
a corrida pelo ROI empurram as operadoras para soluções de rápido retorno - estamos prontos a apostar que essa preferência será logo
notada, não só no plano mundial como em território brasileiro.
John Columban Hoe
(*)
John Columban Hoe é diretor da
RAD do Brasil. |