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Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 08/28/02 20:14:42
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NOTÍCIAS 2002 - TECNOLOGIA
Uma polêmica mensagem eletrônica

Carlos Pimentel Mendes (*)

Olá, com licença, permita-me ocupar uns momentos de seu precioso tempo com algumas reflexões sobre um dos assuntos que, nos últimos dois anos, vem ocupando grande parte do tempo de empresários, estudantes, publicitários e internautas em geral. É um enlatado geralmente de baixa qualidade, que até a Segunda Guerra Mundial era vendido como se fosse carne. Seu nome ficou depois esquecido por quase 50 anos, e então ressurgiu na Internet como centro de uma grande discussão: o spam.

Nem vou tentar desfilar argumentos pró e contra, ou analisar formas de regulamentá-lo (ou não), é assunto para mais de metro e sei que seu tempo é reduzido. Quero apenas sugerir que reflita um pouco sobre o tema, antes de autorizar uma campanha para divulgação de seus produtos através de uma daquelas listagens de 15 milhões de endereços eletrônicos por 50 reais, de um vendedor eletrônico que se assina "Ghost" ou algo parecido.

Pense, primeiro, na forma como foram coletados esses endereços: certamente, não foi por autorização desses internautas para receber publicidade. Tudo bem, não há lei contra isso, no Brasil, e os juízes também não chegaram a um acordo. O problema não é por aí. Nem se atreva a usar aquela frase batida de que a mensagem é enviada de acordo com as diretivas da lei 105... - não é! Também não pense em enviar uma mensagem dando ao internauta o direito de remover seu nome do cadastro - internauta experto fica aborrecido mas nem responde, pois a resposta apenas confirma que a mensagem chegou ao destino.

0,0...% - Não acredite naquelas estatísticas furadas de que 1% de milhões de nomes significa uma grande clientela. Não é verdade, primeiro porque daqueles milhões de endereços, talvez alguns milhares sejam aproveitáveis. Segundo, use sua própria experiência: de todas aquelas mensagens que atulharam a sua caixa postal, quantas o convenceram a adquirir um produto ou serviço?

Use ainda mais essa experiência: você e seus amigos costumam receber bem esse tipo de mensagem, que entope sua caixa postal eletrônica impedindo a chegada de outras bem mais importantes, lhe custa tempo de conexão com o provedor e ainda lhe dá um trabalho extra para separar das mensagens nas quais tem interesse? Mesmo quem usa filtros de mensagens sabe que por mais que barre os emissores de spam mais conhecidos, muita coisa passa pelo controle automático e você terá que perder tempo apagando manualmente.

Pense no conceito que ficou em sua mente das empresas que usam tais expedientes. É essa a imagem que espera que seus clientes tenham de sua empresa? Acredita que conseguirá dessa forma construir uma imagem sólida, respeitável, um bom conceito público para seus produtos/serviços?

Qualquer que seja a resposta, saiba que muitos não acreditam nisso. Parte considerável dos internautas acredita que, se a sua empresa envia mensagens publicitárias a qualquer um é porque está "no vermelho", já numa situação de desespero, em que o que menos importa é ter um bom conceito no mercado. Nesse caso, aperte o botão "Enviar". E comece a escolher o nome de sua próxima empresa.

Ah, sim: muito obrigado pela sua atenção. É uma honra para mim que tenha tido a paciência de ler até aqui...

(*) Carlos Pimentel Mendes é jornalista, editor do jornal eletrônico Novo Milênio. Para ele, spam é como enlatado de carne: tem quem compre; ele não. Este artigo é publicado em conjunto com The CyberEconomist