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NOTÍCIAS 2002

Compre um televisor e pague dois

Emanuel Gonçalves da Silva (*)
Colaborador

Este é um exemplo claro de que não existe a tão falada estabilidade da economia no Plano Real. Fico estarrecido ao ouvir ou ler comentaristas econômicos famosos se manifestando que a grande conquista deste plano foi a tal da estabilidade.

Meu Deus do céu! Quando vamos depositar nosso suado dinheirinho na poupança, a remuneração mensal é sempre inferior a 1%. Entretanto, quando precisamos de empréstimos para qualquer finalidade, pagamos, 4%, 6%, 8%, ao mês...Isto é estabilidade? Claro que não!

A situação é mais clara nas grandes redes de lojas que ganham com o lucro dos produtos e com os juros dos financiamentos. Quando você pretende comprar uma televisão com prestações para pagar em 12 meses, por exemplo, vai desembolsar ao longo desse período dinheiro que daria para comprar outra televisão, ou então mais uma geladeira. Isso mostra perfeitamente bem o motivo pelo qual nossa produção encontra-se totalmente paralisada.

O seu rico dinheirinho está sendo transferido para os lucros das financeiras, dos Bancos e dos investidores que praticam a AGIOTAGEM oficializada. É a ditadura econômica! Se os juros no Brasil e no mercado de consumo de 200% ao ano fossem de 4 ou 6% ao ano, como acontece nos Estados Unidos e na Europa, você não gastaria o dinheiro de duas televisões ao comprar apenas uma.

Logo, as lojas venderiam mais, as fábricas duplicariam sua produção e com isso teriam de contratar mais funcionários aumentando a oferta de empregos e reduzindo assim o índice de pessoas desesperadas por uma atividade para sustentar suas famílias.

Vocês sabem qual o segmento que mais cresceu no Plano Real? As financeiras! São lojas e mais lojas que abriram no centro de todas as grandes cidades do Brasil, sem contar milhares de escritórios de corretores espalhados nos quatros cantos do País, anunciando em jornais o oferecimento de empréstimos etc.

O dinheiro extremamente “caro” circula se multiplicando facilmente, fazendo crescer os lucros de poucos, quando deveriam estar sendo aplicados na produtividade, no trabalho para gerar oportunidade produtiva a muitos.

Vamos ver se o próximo presidente não vai ser conivente como FHC, que deixa o sistema financeiro explorar a população de forma escancarada e perversa.

(*) Emanuel Gonçalves da Silva é diretor da EGS Consultoria Empresarial Ltda., especialista em Negociação de Dívidas, juiz arbitral e instrutor de palestras, cursos e seminários. Autor do livro Como Negociar Dívidas e do Kit do Bom Pagador. Criador do SOS Dívidas, que apresenta soluções para a inadimplência.