NOTÍCIAS 2002
Os 7 pecados visuais
Luiz Renato Roble (*)
Colaborador
Existem empresários que pensam que sabem tudo a respeito de
mercadologia. Investem pesado na "decoração" de suas lojas e nos materiais de divulgação. Acreditam, por isso, que têm uma profunda
preocupação mercadológica e estética.
Não se dão conta de que apesar de sempre tentarem fazer alguma coisa e até gastarem bastante
com isso, acabam não vendendo um conceito positivo e forte de suas empresas. Isso acontece porque nem tudo o que eles fazem
apresenta um conceito único, uma identidade visual, ou seja, suas ações não são aplicadas respeitando um padrão visual.
Pequenos pecados diários agem silenciosamente fazendo com que a identidade da empresa seja
aos poucos diluída, enfraquecida, perdendo a força e pior, refletindo a imagem de uma empresa desorganizada, ultrapassada e amadora.
Veja a seguir sete dicas simples que absorverão esses pequenos pecados, largamente praticados por muitas empresas - que,
ingenuamente, acreditam estar praticando o bem:
1. Não seja preguiçoso e invente novas maneiras de divulgar promoções no
ponto-de-venda. Será que você não consegue fugir do óbvio, descobrindo algo mais interessante do que apenas entupir sua loja com
cartazes promocionais pendurados em tudo quanto é lugar?
2. Seja esperto e não desperte a ira dos deuses da estética e da mercadologia,
desrespeitando a tipologia, as cores ou as proporções da marca de sua empresa. Afinal de contas, por que um belo dia você pagou a
uma empresa para que criasse sua marca, cercada de todos os cuidados necessários contidos em bom manual de marca?
3. Não seja avarento na hora de optar por um orçamento. Lembre-se de que tudo que é
bom tem seu valor. Portanto na hora de decidir, pense qual será o custo versus benefício de um investimento e não apenas em escolher
o mais barato. Por que você acha que a gente vê tanta coisa feia quando andamos pelas ruas, como letreiros em fachadas e frotas
pintados à mão e outras pérolas da anti-comunicação?
4. Não seja guloso, querendo todo o espaço só para si. Comunicações exageradas acabam
funcionando contra. Entupindo os esgotos da cidade com toneladas de panfletos jogados nos bueiros ou congestionando visualmente a
cidade com faixas e placas sinalizadoras espalhadas pelas ruas, sua empresa até pode se tornar conhecida, mas não exatamente da
forma que dá dinheiro.
5. Não seja invejoso. Resista à tentação de copiar o que os outros fazem, alegando
que isso é pesquisa de tendências. Não é porque uma empresa vizinha tem um luminoso gigante, com luzes vermelhas, letras douradas
com um coração que muda de cor, que sua empresa tem de ter um igual. Lembre-se de que a linha de comunicação das empresas nem sempre
é a mesma. Principalmente se a empresa vizinha é um restaurante e a sua, uma livraria.
6. Não seja orgulhoso, seja exigente. Admita que o trabalho da gráfica que você
exigiu que contratassem não é admissível. Ou você acha certo aceitar que deformem a marca ou que apliquem o logotipo com cores
diferentes só porque a tal gráfica que você recomendou não possui as tintas especificadas?
7. Não se deixe levar pela luxúria. Golpes baixos procurando atingir clientes abaixo
da cintura podem até funcionar na hora, mas a imagem da empresa fica comprometida. Para que a comunicação seja eficaz, deve
apresentar uma mesma linguagem, um conceito único e claro, não ser apelativa. De que adianta colocar uma passista da escola de samba
vestida com duas fitas do Senhor do Bonfim rebolando e desfilando no estande da sua empresa, se na capa do folheto estampa a foto da
Rainha Elizabeth e o seu produto é destinado a matar a fome das crianças da Etiópia?
Veja bem se a comunicação visual de sua empresa está sendo feita com olhos clínicos. Analise
se a imagem da sua empresa não está sendo vítima de uma comunicação sem padrão e não pense que esses pequenos pecados são exclusivos
de pequenas empresas. Existe muita empresa grande que, apesar de investir fábulas na mídia, peca na hora da venda e seus vendedores
não dispõem de cartões ou blocos de anotações com o logotipo e as demais informações atualizadas para anotar preço, código, nome e
telefone da empresa para o cliente. Então eles rasgam um pedaço de papel e escrevem ali, alguns garranchos e entregam satisfeitos e
sorridentes. A imagem concreta que se guarda da tal empresa é um pedaço de papel rasgado e rabiscado. Cuidado, pois você pode não
estar atento, mas lembre-se, seus clientes estão!
(*)
Luiz Renato Roble é designer,
consultor de Identidade Estratégica e diretor de Criação da Datamaker Designers. |