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Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 07/31/02 18:47:35
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NOTÍCIAS 2002

ALCA, hipotecando o futuro

José Pascoal Vaz (*)
Colaborador

A população brasileira terá oportunidade, em plebiscito que será realizado de 1º a 7/9/2002, de dizer sim ou não ao Acordo da ALCA. Este assunto é de grande importância para o futuro do Brasil e da América Latina.

Mas, por que a assinatura de tal acordo preocupa, a ponto de ensejar plebiscito? Afinal, ALCA significa Acordo de Livre Comércio das Américas e, portanto, garantiria relacionamento livre de barreiras, com os países das três Américas podendo trocar suas “vantagens comparativas”, elevando ao mais alto padrão a vida dos 800 milhões de americanos do Norte, Centro e Sul. Não é o que todos desejam?

É, seria, se os valores presentes na relação entre países, entre empresas e entre classes fossem outros. Ou melhor, se as classes não existissem. Mas elas estão aí, mais nítidas e distanciadas do que nunca. O que prevalece é a vitória do mais sobre o menos competitivo, sob a regência do mercado, propalado como infalível. E quando a competitividade não é a favor do mais forte, este se impõe como um velho troglodita, comportamento que o presidente dos EUA explicita sem peias.

Suicídio - Nestas condições, abrir completamente as porteiras é suicídio. Primeiro, porque estaríamos oficializando a imitação de padrão de vida que não interessa à maioria do povo brasileiro, pois nossas necessidades são completamente diferentes daquelas dos americanos.

Segundo, porque os EUA têm renda per capita cinco vezes a nossa e muito melhor distribuída; e seu grau de avanço tecnológico e nível educacional são incomparavelmente superiores. Portanto, dispõem de produtividade e força muito maior.

Como então assinar um acordo que perpetue relações comerciais baseadas apenas no poder de competição de cada país? Se o fizermos, estaremos nos condenando a crescente desigualdade social - o que, no caso do Brasil e da América Latina, significaria mais exclusão social, já insuportável.

Por fim, vivemos ciclo mundial de baixo crescimento e de aumento constante da desigualdade social, apontando para possível recessão generalizada. O que a história nos ensina é que - em tal situação - há refluxo da globalização, com os países se fechando em busca de soluções nacionais. Como assinar agora um acordo, o da ALCA, que hipoteque nossa soberania?

(*) José Pascoal Vaz é economista e professor na UniSantos e na UniSanta.