NOTÍCIAS 2002
Escondendo é que se mostra
Luiz Renato Roble (*)
Colaborador
A primeira impressão que temos de uma loja é a que fica. Esta
impressão, boa ou má, é formada pela somatória de pequenos detalhes. É preciso estar atento e forte para não pecar, pois a fachada
deve expor somente o que a loja tem de bonito, colocando-a em evidência e garantindo a visibilidade dela de ângulos diversos.
Uma loja deve ser criada para que, através de sua fachada, atraia clientes obtendo a atenção
primeiramente dos motoristas que passam pelo local em velocidade e, depois, por meio das vitrines dos pedestres. O design da
loja funciona como um cartão de visitas, mostrando todo o esforço que foi direcionado no sentido de refletir o conceito, ou seja,
comportamentos que a marca busca vincular a seus produtos. Muitas vezes a arquitetura funde-se com recursos cenográficos, criando
soluções personalizadas e atraentes.
Um ambiente estimulante é em boa parte creditado a um projeto de lighting design. A
essência está na associação entre iluminação geral de fundo e os múltiplos efeitos possíveis de combinações de feixes de luz, cores
e intensidade luminosas, que podem ser acionadas total ou parcialmente.
Poluição - Além da fachada, o próprio interior pode estar trabalhando contra ou a
favor da imagem e conseqüentemente do faturamento mensal da loja. Não se pode deixá-la parecida com o Programa do Ratinho, doze
meses por ano. É importante analisar se as informações oferecidas aos clientes estão mostrando algo de importante ou se estão apenas
aumentando a poluição visual da loja.
Cartazes em profusão não comunicam nada de especial, só poluem. Caixas de sapatos empilhadas
com produtos dentro, não demonstram os produtos e só poluem. Prateleiras com produtos em excesso, atrapalham o atendimento e também
poluem. Araras e expositores abarrotados de produtos semelhantes, tornam o interior da loja claustrofóbico e, adivinhe, só poluem.
Analise criteriosamente os cartazes e banners espalhados pela loja e deixe apenas o
essencial. Caixas e produtos repetidos, ficam melhor no estoque. Se não existe um espaço para o estoque, crie um. É melhor perder um
pouco da área da loja, do que transformar toda ela, em um imenso estoque aparente.
Coxias - Uma loja é como um cenário onde os produtos são os atores principais. Você
já conseguiu ver como é feita a parte de trás de um cenário enquanto assiste uma novela? Ou alguma vez permitiram que você visse a
bagunça que ocorre nas coxias de um teatro durante a apresentação da peça? Existem coisas que até se sabe como são, mas como ninguém
mostra: o público imagina como quiser ou até esquece que existem.
Selecione o que você pode e deve mostrar da sua loja para o público. Para realmente mostrar
a qualidade total dos produtos e serviços, mantenha a parte menos interessante da loja, longe dos olhos dos clientes. Não se
esqueça, é escondendo que se mostra.
(*)
Luiz Renato Roble é
designer, consultor de Identidade Estratégica e diretor de Criação da
Datamaker Designers. |