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NOTÍCIAS 2002

Por que as empresas estão investindo na Net?

Dailton Felipini (*)
Colaborador

Para quem vive o cotidiano da Internet, como é o caso das empresas ponto.com, justificativas para investir nesse novo canal podem parecer estranhas. Mas para as empresas tradicionais, já com um bom tempo de mercado e de sobrevivência à crises e modismos, vale a pena rever alguns pontos fundamentais que tornam a não presença na Internet quase que uma não alternativa. Vejamos.

A Internet veio para ficar. A possibilidade das pessoas e empresas poderem se comunicar, interagir e transacionar através da rede mundial de computadores é uma das faces de uma mudança estrutural em nossa sociedade, uma mega-tendência chamada Era da Informação - onde cada vez mais, a informação digitalizada, passa a ocupar um papel central em nossas interações sociais e em nosso dia a dia.

Cada vez menos usamos papel e tinta para nos comunicarmos, e mais texto digitado no computador e enviado em segundos na forma binária de Zeros e Uns (lembra-se da última vez que você escreveu uma carta e colocou no correio?). Cada vez menos usamos dinheiro para transacionar mercadorias e sim informações de débito e crédito em nossas contas e cartões. E vai por ai afora.

Rolo compressor - O mundo está mudando e não existe mais a possibilidade de voltar ao estado inicial. Uma empresa que não compreender, se adaptar, e usar essas mudanças a seu favor, corre o risco de se tornar sucata rapidamente, na esteira daquele ditado que diz: "A Internet é como um enorme trator com o seu rolo compressor assentando o novo asfalto; ou você está em cima do trator ou..."

A Internet representa uma revolução cultural também dentro das empresas. Ao romper barreiras geográficas e temporais, a Internet possibilita aos funcionários e dirigentes trocar dados, informações, decisões e conhecimento de forma fantasticamente mais ágil, entre si e também com seus fornecedores, revendedores e clientes, criando uma nova cultura digital.

Nessa nova cultura, fatores como a distância e tempo tendem a ser cada vez menos relevantes. Apenas digitando algumas teclas do computador pode-se mandar um boletim para milhões de clientes espalhados pelo globo. Se você necessita de um programa para o departamento de engenharia de sua empresa, pode comprá-lo de um fornecedor situado no Índia e pagar, receber, instalar e começar a usar, sem sair de sua cadeira.

Seu funcionário, ou mesmo você, pode fazer aquele treinamento de sua casa no sábado a noite, de pijamas, enquanto sua família assiste a TV na sala ao lado... as possibilidades são ilimitadas. Ganhando-se tempo e agilidade nas interações, ganha-se melhor desempenho, o que  fatalmente vai refletir-se no resultado da empresa.

Ganhos - A Internet possibilita ganhos para seu cliente, e se ele ganha... Desde  que o homem começou a transacionar, passando pelo surgimento da Mercadologia, sabe-se que a longo prazo o que efetivamente importa é o atendimento eficiente das necessidades do cliente. Se ele está satisfeito, você tem um negócio vencedor. Pois a Tecnologia e as facilidades da Internet abrem um importantíssimo canal de interação com seus clientes, atuais e futuros.

Através da Internet pode-se buscar novos clientes, pode-se conhecer melhor os hábitos e comportamento de seus clientes atuais (de forma até a antecipar suas necessidades), pode-se fazer atendimento personalizado a centenas de milhares de consumidores, naquilo que se chama personalização em massa ("Monte seu computador, pela Internet, com a configuração que quiser e lhe entregaremos em sua casa"). Pode-se atendê-lo melhor ("Veja aqui o andamento de seu pedido").

Enfim, pode-se gerar muito mais valor para o cliente de forma mais fácil e econômica, o que, inclusive, é extremamente saudável, na medida em que possibilita às pequenas empresas uma disputa mais equilibrada pelo mercado.

Estar on-line. Tudo isso, sem contar o fato que estar na Internet é estar 24 horas no ar, sete dias por semana, durante todo o ano, como uma espécie de antena de alcance global. Pronta para trocar  informações, a um custo baixíssimo, com um mercado mundial crescente de mais de meio bilhão de internautas pertencente às camadas de renda mais altas da população.

Para finalizar, poderíamos dizer que a questão colocada agora para as empresas já não é mais investir ou não na Internet. A questão é: que tipo de utilização será priorizada inicialmente de forma a maximizar o retorno desse investimento. E é essa questão que discutiremos a partir do próximo artigo, quando mostraremos as principais aplicações da Internet e que tipo de benefícios elas podem gerar para as empresas.

(*) Dailton Felipini é mestre em Administração pela Fundação Getúlio Vargas, consultor e professor de Planejamento e Gestão de Empresas Ponto-com na Universidade Ibirapuera e editor do site E-commerce.org.br. Texto publicado pelo autor em 16/6/2002.