Clique aqui para voltar à página inicial  http://www.novomilenio.inf.br/ano02/0207b009.htm
Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 07/08/02 22:31:37
Clique na imagem para ir ao índice de Notícias 2002

NOTÍCIAS 2002

E... Vento

Eduardo Wyllie (*)
Colaborador

Eduardo WyllieCapacitação e atualização tecnológica são duas expressões consideradas chave para instituições que pretendem garantir seu lugar no futuro. Então, um grande amontoado de dólares, euros, yens, reais, são investidos em participação de funcionários de toda espécie em seminários, congressos, debates, workshops, feiras e toda espécie de eventos.

Sabe quanto sua empresa investiu em capacitação no último exercício? Sabe qual a previsão orçamentária para o próximo período? Talvez. Sabe qual foi o retorno de tal investimento? Sabe o quanto se espera obter de retorno no próximo período? Duvido.

A prática mais comum é não se impor metas relacionadas a investimentos desta natureza, é considerar como retorno ter um número definido de pessoas treinadas e atualizadas trabalhando na instituição, sendo que o máximo que geralmente se chega a exigir dos inscritos é divulgar àqueles que não participaram do evento o que viram. Investe-se pesado, os que foram repassam o que viram aos que permaneceram e... Vento.

A primeira vez que sugeri um planejamento sério das participações em cursos e palestras ao responsável pelo treinamento de uma instituição, a reação imediata foi questionar a possibilidade de se planejar sobre o imprevisível. O argumento era: se vamos atrás de novidades, como podemos saber o que esperar, e se não sabemos o que esperar, como podemos definir metas ou mensurar retorno? O fato é que mesmo em processos ad hoc é possível e necessário estabelecer ao menos a natureza dos objetivos.

No que diz respeito ao retorno, haja ou não, só fará sentido adquirir novos dados se seguido de um estudo no sentido de transformar tais dados em informação útil para o funcionamento da instituição. Se alguém decidiu investir seja no que for, tem de ter alguma expectativa quanto ao retorno esperado, ou então tomou uma decisão leviana. E sempre que houver dificuldade em estabelecer a natureza dos objetivos, basta partir da expectativa de quem propôs custear a participação no evento para enxergar claramente ao menos o que se deve procurar.

Três questões - Vamos poupar tempo e dinheiro e ganhar respeito da instituição pela qual trabalhamos? Proponho responder claramente, antes da participação de qualquer funcionário num evento, no mínimo as seguintes perguntas:

1 - Que tipo de informação está sendo buscada?

2 – Por que tal informação é importante para a instituição que represento e de que forma?

3 – Qual o funcionário de minha empresa que teria a competência e capacidade para converter os dados e informações adquiridas em algo útil para a instituição?

Uma vez sanadas tais dúvidas, seria fácil definir quem e por que deveria ser inscrito no evento, bem como se tornaria possível fazer o primeiro esboço mental do que esperar de tal investimento.

No retorno do evento, ao invés de tomar o tempo de seus funcionários com o relato das novidades descompromissado de aplicação prática, sugiro que se faça um relatório preliminar das possibilidades de implementação das novas técnicas e/ou tecnologias e, caso seja considerado de interesse, que tal relatório seja convertido num projeto com a participação de um grupo maior de funcionários.

Se assim sua instituição obterá maiores retornos do que tem investido em capacitação, isto não posso garantir, mas não resta sombra de dúvida que poderá calcular, com toda a exatidão sonhada por seus sócios capitalistas, cada centavo ganho com matrículas, diárias e passagens para treinar seu pessoal.

(*) Eduardo Wyllie, M.Sc., é autor do livro Economia da Internet, publicador do site The CyberEconomist, consultor e palestrante, além de fundador do E-Consultancy Workgroup, com sede em Porto Alegre/RS. Como pioneiro e como um dos maiores visionários do setor, tem sido chamado de Patrono da Economia da Internet.