NOTÍCIAS 2002
E... Vento
Eduardo Wyllie (*)
Colaborador
Capacitação e atualização tecnológica são duas expressões consideradas
chave para instituições que pretendem garantir seu lugar no futuro. Então, um grande amontoado de dólares, euros, yens, reais, são
investidos em participação de funcionários de toda espécie em seminários, congressos, debates, workshops, feiras e toda
espécie de eventos.
Sabe quanto sua empresa investiu em capacitação no último exercício? Sabe qual a previsão
orçamentária para o próximo período? Talvez. Sabe qual foi o retorno de tal investimento? Sabe o quanto se espera obter de retorno
no próximo período? Duvido.
A prática mais comum é não se impor metas relacionadas a investimentos desta natureza, é
considerar como retorno ter um número definido de pessoas treinadas e atualizadas trabalhando na instituição, sendo que o máximo que
geralmente se chega a exigir dos inscritos é divulgar àqueles que não participaram do evento o que viram. Investe-se pesado, os que
foram repassam o que viram aos que permaneceram e... Vento.
A primeira vez que sugeri um planejamento sério das participações em cursos e palestras ao
responsável pelo treinamento de uma instituição, a reação imediata foi questionar a possibilidade de se planejar sobre o
imprevisível. O argumento era: se vamos atrás de novidades, como podemos saber o que esperar, e se não sabemos o que esperar, como
podemos definir metas ou mensurar retorno? O fato é que mesmo em processos ad hoc é possível e necessário estabelecer ao
menos a natureza dos objetivos.
No que diz respeito ao retorno, haja ou não, só fará sentido adquirir novos dados se seguido
de um estudo no sentido de transformar tais dados em informação útil para o funcionamento da instituição. Se alguém decidiu
investir seja no que for, tem de ter alguma expectativa quanto ao retorno esperado, ou então tomou uma decisão leviana. E sempre que
houver dificuldade em estabelecer a natureza dos objetivos, basta partir da expectativa de quem propôs custear a participação no
evento para enxergar claramente ao menos o que se deve procurar.
Três questões - Vamos poupar tempo e dinheiro e ganhar respeito da instituição pela
qual trabalhamos? Proponho responder claramente, antes da participação de qualquer funcionário num evento, no mínimo as seguintes
perguntas:
1 - Que tipo de informação está sendo buscada?
2 – Por que tal informação é importante para a instituição que represento e de que forma?
3 – Qual o funcionário de minha empresa que teria a competência e capacidade para converter
os dados e informações adquiridas em algo útil para a instituição?
Uma vez sanadas tais dúvidas, seria fácil definir quem e por que deveria ser inscrito no
evento, bem como se tornaria possível fazer o primeiro esboço mental do que esperar de tal investimento.
No retorno do evento, ao invés de tomar o tempo de seus funcionários com o relato das
novidades descompromissado de aplicação prática, sugiro que se faça um relatório preliminar das possibilidades de implementação das
novas técnicas e/ou tecnologias e, caso seja considerado de interesse, que tal relatório seja convertido num projeto com a
participação de um grupo maior de funcionários.
Se assim sua instituição obterá maiores retornos do que tem investido em capacitação, isto
não posso garantir, mas não resta sombra de dúvida que poderá calcular, com toda a exatidão sonhada por seus sócios capitalistas,
cada centavo ganho com matrículas, diárias e passagens para treinar seu pessoal.
(*)
Eduardo Wyllie, M.Sc., é autor do livro
Economia da Internet, publicador do site
The CyberEconomist, consultor e palestrante, além de fundador do
E-Consultancy Workgroup, com sede em Porto Alegre/RS. Como pioneiro e como um dos
maiores visionários do setor, tem sido chamado de Patrono da Economia da Internet. |