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Última modificação em (mês/dia/ano/horário): 05/10/02 22:48:38
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NOTÍCIAS 2002

Curiosidade na rede, compras fora dela

E um estudo aponta falha nas pesquisas de classes de renda dos brasileiros

Nada mudou no comportamento comercial do universo internauta brasileiro, em 2001. Pesquisa da Market Analysis Brasil, de Florianópolis/SC, revelou em 12/2001 que 42% dos usuários adultos da rede acessaram sites Web em busca de produtos e serviços, bem como de informações sobre estes. Doze meses antes, essa proporção foi de 43%.

Se a curiosidade mantém-se razoavelmente alta e estável, os cliques decisivos de compra virtual ainda são mínimos, executados por apenas 5% dos internautas, uma queda de um ponto percentual em um ano, conforme dados ponderados de pesquisa com 412 adultos residentes em São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre, em 12/2001.

A aparente redução em ambas proporções ocorre num contexto de pequeno aumento na base absoluta de consumidores conectados. De fato, quanto mais popular torna-se a rede, maior a chance de diminuição do número relativo de compradores, pelo menor poder aquisitivo da média dos usuários.

Uma decorrência do anterior é que as visitas aos sites comerciais na Web estão cada vez mais fortemente associadas às compras no mundo desconectado do que as feitas no mundo virtual. Se para finais de 2000, menos de 20% das vendas de varejo iniciadas na rede eram completadas na loja, em 12/2001 essa proporção subiu para metade das compras feitas por internautas. Por sua vez, as compras feitas no próprio site Web caíram 50%.

A indiscutível popularização da rede ainda espera o momento de se traduzir na popularização do comércio eletrônico, como demonstrou a comparação entre os resultados de 360 entrevistas com adultos residentes em São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre em 12/2000 e de 412 entrevistas com moradores nessas cidades realizada em 12/2001 (dados ponderados).

Distorções nas pesquisas - Por outro lado, o informativo trimestral Feedback da Market Analysis Brasil aponta na edição do outono/2002 um problema que empresas e pesquisadores de mercado no Brasil têm em comum: a necessidade de atualizar a forma de mensurar a classe social dos brasileiros.

Desenvolvido antes de 1997, quando o país viveu uma explosão de consumo, o atual critério de classificação sócio-econômica ficou desatualizado, complicando os trabalhos de campo e de projeção do mercado. Nele a renda da família é ignorada, focando na quantidade de itens presentes no lar do pesquisado e a escolaridade do chefe de família. Para cada um destes itens se atribuem pontos que são somados para se determinar a classe a qual o indivíduo pertence. Por anos, o critério significou uma ajuda inestimável, pois se constitui na fórmula padrão, possibilitando medições contínuas e comparações entre pesquisas. Hoje, infelizmente, sua contribuição para estimar o poder de compra é cada vez mais questionável.

A aquisição ou perda de bens, por exemplo, provoca o deslocamento de indivíduos de uma classe para outra, o que, naturalmente, já vem ocorrendo desde o estabelecimento do critério. Conseqüentemente, estas alterações fazem com que as classes não reflitam mais o mesmo potencial de consumo do passado. Um primeiro resultado disso é que aquelas pessoas que o critério classifica como de classe "E", a mais inferior na pirâmide, virtualmente desapareceram. No outro extremo, nas classes "A" e "B" são classificadas famílias com condições de vida muitíssimo diferentes.

Por exemplo, hoje, 20 % dos indivíduos da classe "A" têm a mesma renda  mensal daqueles nas classes "C" e "D", de 501 a 1.500 reais, ao passo que 12% dos indivíduos da classe "C" têm rendimentos de 1.501 a 3.500 reais, que é característico das classes "A" e "B".

A classe econômica "B" é a que apresenta a pior distribuição de pessoas em relação à renda: seus membros se distribuem ao longo de de três diferentes faixas de renda, isto é, não existe um valor característico de ganho mensal. Para a classe "D" também não há uma renda identificadora, pois 20% dos seus indivíduos recebem até 200 reais mensais, e 34,5% entre 501 e 1.500 reais.

Finalmente, a classe "E" divide-se igualmente entre indivíduos que recebem até 200 reais mensais e entre aqueles com renda de 201 a 500 reais, conforme apontou o Estudo ônibus Brasil, que entrevistou 554 adultos residentes em cinco regiões metropolitanas nacionais em 12/2001:

Tais inconsistências exigem a atualização da forma como a classe social é medida. Até pesquisadores e clientes chegarem a um novo padrão, dependerá, e muito, da capacidade de cada instituto para ajustar a informação assim coletada à realidade dos consumidores brasileiros. Depois de tudo, não são poucas as decisões que se complicam por um critério que junta na mesma classe consumidores com rendas substancialmente diferentes e que revela consumidores com idêntica renda como pertencendo a classes diferentes.