NOTÍCIAS 2002
O saldo da guerra
Entre mortos e feridos, quem é condecorado e lembrado como herói? Quem são os traidores e
desertores?
Sérgio Buaiz (*)
Colaborador
Em fases de prosperidade, todos são iguais. É muito fácil
motivar-se, cumprir prazos e comemorar vitórias, quando os recursos são abundantes e o mercado está receptivo. A equipe está unida,
empenhada e satisfeita com os resultados. Todos se adoram e a harmonia exala pelos corredores do escritório.
A verdade é que liderar uma equipe sob o Sol da oportunidade é muito fácil. Distribuir
prêmios, organizar passeios e ver seu time sorrindo é mais fácil ainda. Difícil é manter calma e união quando o céu se fecha e surge
o primeiro raio. Logo aparecem as primeiras críticas, o desânimo e as fragilidades de cada um.
É por isso que uma carreira vitoriosa se constrói em tempos de crise. É diante dos desafios
que você descobre quem realmente é confiável! Quanto pior é a tempestade, mais a verdade aflora. Máscaras vão caindo e surgem os
primeiros desertores, que nunca acreditaram no projeto. As nuvens estão negras e o clarão de mais um raio assusta a equipe. Os
traidores estão nus, bem diante dos seus olhos.
Eis que estoura mais um trovão. Em quem você pode confiar? Quem continua ao seu lado? Quem
esmoreceu? O que dizem as pessoas? Quem critica? Quem apóia? Quem luta? Quem espera? Quem faz? Quem desdenha? Quem avança? Quem
retrai? Quem se expõe? Quem se cala? Quem se esconde? Quem assume?
Você está no meio da guerra, com seus subordinados. Veja a reação de cada um deles. Os que
faziam e aconteciam estão acovardados, mas aquele estagiário tímido é outra pessoa: ele está lutando com garra e surpreende
positivamente. Quando passar esta fase, quem será dispensado e quem será promovido? Aproveite as fases críticas para avaliar sua
equipe. E avalie a si mesmo também, procurando ser mais justo, leal e honrado.
A diferença - É claro que injustiças acontecem. Mesmo que haja a melhor das
intenções, talvez não exista a oportunidade de retribuir àquele apoio diretamente. Entretanto, a postura das pessoas em tempos de
crise faz toda a diferença ao longo de suas carreiras profissionais.
Um guerreiro sabe que pode perder e assume riscos durante a batalha, mas um guerreiro
derrotado ou injustiçado, ainda assim, é reconhecido como guerreiro por seus companheiros e adversários. Ele será naturalmente
lembrado por seus feitos e, no saldo da guerra, terá o passe valorizado no mercado.
Lealdade e auto-controle são valores cada vez mais importantes em uma geração cuja
sobrevivência das empresas depende das relações humanas, agilidade, descentralização de poder, confiança e autonomia para decidir.
Por isso, assumir a postura de um guerreiro diante dos desafios é colecionar admiradores que, em uma outra oportunidade, poderão
abrir novas portas para você.
Por outro lado, perder a cabeça e puxar o coro do "salve-se quem puder" é assumir a condição
de fraco, traidor e covarde, em quem não se pode confiar. Durante uma batalha, é difícil manter os pés no chão, porém você deve
sempre se lembrar que toda guerra tem sempre um fim. E quando isso acontece, você é avaliado sobre como reagiu e pelo que fez sob
pressão.
Tempo certo - Às vezes, as pessoas pulam do barco muito cedo, para proteger alguns
tostões que não farão a menor diferença em suas vidas. Às vezes, traem a confiança por detalhes insignificantes e decidem romper com
o grupo sem pensar nas conseqüências futuras.
Às vezes, continuar firme em seu propósito representa um risco muito pequeno, se comparado
ao prêmio que está em jogo. Sua imagem projetada a médio e longo prazos é muito preciosa!
Pense bem: o que está em jogo? Antes de decidir, pese os prós e contras. Ao invés de encarar
uma situação crítica como um problema, encare como uma oportunidade de se destacar. Talvez seja a sua grande chance de conquistar
espaços e a confiança do seu líder.
Todas as pessoas bem-sucedidas sabem controlar suas emoções em tempos de crise, pois
continuam focalizando os objetivos certos e têm visão de futuro. Elas sabem que a vida é feita de altos e baixos, porém nada pode
abalar sua verdadeira missão.
(*)
Sergio Buaiz é
publicitário e escritor, autor do livro "Marketing de Rede - A Fórmula da Liderança", diretor de Projetos da
Comunidade BeFriends, membro do conselho editorial da revista
Vencer! e embaixador da Universidade do Sucesso. |