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NOTÍCIAS 2002

Portal Aprende Brasil debate a clonagem

"O cientista de ponta não pode pensar muito em custos sociais ou aspectos éticos, pois, se ele refletir demais, não avança". A frase, que já é polêmica, fica ainda mais intrigante quando sabemos que foi dita por um cientista, James Waston. Há quase 50 anos, Watson e seu colega Francis Crick receberam o Prêmio Nobel de Medicina pela descoberta da estrutura de dupla hélice do DNA humano. Quais poderiam ser as conseqüências do que o cientista disse, se sua pesquisa envolvesse "custos sociais" e chegasse ao limiar da ética?

Parte da tela do portal Aprende Brasil. Clique na imagem para ir ao site

Parte da tela do portal Aprende Brasil

É a partir de reflexões como essa que alunos do ensino fundamental e médio de 22 escolas da rede estadual de São Paulo, três de Santa Catarina, duas da Bahia e outra de Curitiba serão estimulados a pensar sobre um dos temas mais debatidos ultimamente: a clonagem. Isso graças ao projeto "Clonagem: da ficção à realidade", a mais recente proposta disponível no Aprende Brasil, portal de educação desenvolvido pelo Grupo Positivo especialmente para as Secretarias de Educação e suas escolas.

"Escolhemos esse tema porque uma das grandes preocupações da Educação é preparar os alunos para serem cidadãos críticos, com condições para agir, opinar e intervir conscientemente nas relações cotidianas", afirma a coordenadora de projetos educacionais da Positivo Informática, Loreni Fagundes dos Reis. "A clonagem está na pauta do dia, mas apenas a mídia tem veiculado a maior parte de informações sobre o assunto, e sabemos que muitas pessoas ainda não entendem o tema. É preciso desmistificá-lo", completa.

Projeto colaborativo - O objetivo do projeto "Clonagem: da ficção à realidade" é auxiliar o professor a abordar questões relacionadas à clonagem, incentivando seus alunos a pesquisar, ler e discutir o assunto. Depois disso, a classe desenvolve um trabalho sobre o tema, que será publicado no portal Aprende Brasil, usando ferramentas de construção disponíveis no próprio Portal, na seção Construa e Publique.

"A idéia é promover o intercâmbio de idéias entre alunos e professores, envolvendo comunidades de diferentes estados", diz Regina Rodrigues, gerente de projetos educacionais da Positivo Informática. Entusiasmada com a possibilidade de a escola usar a Internet de outra forma que não apenas para a simples pesquisa, Regina acredita que projetos colaborativos como esse dão uma nova dimensão à Internet como ferramenta educacional. "Imagine um jovem da Bahia, trocando informações sobre clonagem com um professor de Curitiba, e enriquecendo um trabalho graças a uma foto, por exemplo, enviada por um colega de Santa Catarina, e por um vídeo fornecido por uma escola paulista. Isso é muito diferente de entrar em um site de busca, coletar dados de alguns sites, recortar um parágrafo de um texto e uma imagem de outro", explica Regina.

Além do projeto sobre clonagem, o Aprende Brasil, que é exclusivo para a rede pública de ensino, tem outros projetos educacionais colaborativos, enciclopédia multimídia com mais de 65 mil verbetes, atlas, mapas, banco de imagens, clássicos virtuais disponíveis para cópia, fórum, seções de bate-papo, entrevistas, canal especial para vestibulandos, Central de Jogos, entre outros conteúdos e atividades que extrapolam a sala de aula, integram alunos e professores e formam uma comunidade virtual.

Participação fácil - Para desenvolver o projeto "Clonagem: da ficção à realidade" o Aprende Brasil disponibiliza três propostas para discussão: Clonagem e Ética, Clonagem e Medicina e Clonagem e Meio-Ambiente. O primeiro passo é escolher um dos tópicos e estimular os alunos a pesquisar o assunto. O próprio portal Aprende Brasil tem uma seção de pesquisa, com textos sobre o tema. Os alunos podem usar o material do site, além de revistas, livros e quaisquer outros recursos disponíveis em bibliotecas ou mesmo em casa.

Feita essa "varredura", o segundo passo é incentivar os alunos a discutir o assunto, na própria classe e também no Aprende Brasil – o portal tem uma seção chamada Fórum, que registra as opiniões dos internautas e possibilita a troca de idéias entre usuários das mais diferentes regiões do país. "Essa é uma das vantagens da Internet", anima-se Regina. "A metodologia permite que pessoas geograficamente distantes possam dialogar sobre o mesmo tema. Isso abre os horizontes dos alunos para outras realidades e enriquece o debate com outros pontos de vista". Até 10 turmas diferentes podem participar simultaneamente de cada uma das propostas de discussão.

O portal tem ainda a seção Converse com o Especialista, que debaterá e responderá perguntas dos participantes. A mediação nesse chat estará a cargo da professora Maria Inês de Moura Campos Pardini, pesquisadora da Faculdade de Medicina da Unesp (Botucatu), com graduação, mestrado e doutorado em Ciências Biológicas, e pós-doutorado em Genética e Biologia Molecular.

Dois meses - O projeto "Clonagem: da ficção à realidade" foi lançado em 22/4/2002 e tem como público-alvo alunos da 7ª série do ensino fundamental até a 3ª série do ensino médio. Segundo Regina, a previsão é de que o projeto "Clonagem: da ficção à realidade", dure dois meses.

Ao final, a idéia é que os alunos desenvolvam um trabalho sobre o tema, que será publicado no Aprende Brasil. Ou seja, outras turmas poderão consultar o trabalho, para futuras pesquisas, ou mesmo por curiosidade. "Isso estimula os alunos e contribui para o intercâmbio de experiências", diz Regina. A publicação também é feita pelos próprios alunos, com as instruções e recursos oferecidos na seção Construa e Publique.