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NOTÍCIAS 2002

Medicina ganha destaque na Web

Informática é forte aliada da área de Saúde. Problema é vencer a resistência à implantação da nova tecnologia

É possível imaginar uma perfeita integração entre Informática e Saúde? Se a pergunta for feita ao nefrologista Daniel Sigulem, a resposta é positiva. O chefe do Departamento de Informática em Saúde da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp/EPM) trabalha desde 1983 para que esse futuro da Medicina não demore a chegar.

Daniel está envolvido em vários projetos que visam a informatização da saúde no ensino, na cidade de São Paulo e em todo o Brasil. Uma necessidade motiva o nefrologista: durante a vida, as pessoas fazem uma série de exames, recebem diagnósticos e tomam medicamentos.

Em geral, esses dados ficam espalhados em diferentes arquivos. Se o histórico clínico individual (incluindo exames como ecocardiogramas, tomografias e endoscopias) for armazenado em uma central de computador (informação), no entanto, o próximo médico que atender esse indivíduo terá acesso fácil a sua ficha médica - o que permitirá uma avaliação mais correta do quadro.

Nos hospitais, o prontuário digitalizado do paciente indicará os procedimentos e exames que ele já fez e evitará testes e gastos desnecessários. Na Holanda e na Suécia já é assim. Aqui, ainda faltam vencer algumas resistências para que a saúde caia na rede.

O objetivo de Daniel é desenvolver programas de computador para gerar informação, que também é fundamental para todos os profissionais que trabalham na área da saúde. "Queremos reunir em um arquivo central cadastro, histórico do paciente e todos os procedimentos adotados pelo médico. Esses dados fazem parte da informática em saúde", diz.

Tema antigo - O assunto não é novo. "Já vem sendo estudado há 40 anos no Brasil. Começou-se a se falar sobre a integração no início da década de 80 e a Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS) foi criada em 1986", afirma. A intenção é reunir todas as informações e torná-las disponíveis na rede para facilitar a vida do paciente.

"Imagine alguém com uma determinada patologia, ou alérgico à penicilina, que sofre um acidente na rua. Inconsciente, é levado para o pronto-socorro, onde recebe uma dose de penicilina. Ninguém sabe que essa pessoa não pode tomar o antibiótico. Se o médico tiver o registro eletrônico dessa pessoa, apenas digitando o nome no programa, terá como saber da alergia", alerta o nefrologista.

Esse é um projeto do governo e tudo indica que deve ser colocado em prática com o lançamento do cartão nacional de saúde, que vai ser um identificador de todos os brasileiros. "Esse cartão surgiu de um projeto conjunto entre o Hospital São Paulo, o Hospital das Clínicas (HC) e a Santa Casa de São Paulo, oito anos atrás. Detectamos que muitos pacientes passam pelas três instituições para tratar o mesmo problema. São feitos exames e consultas desnecessários e alguém está pagando por isso. Então, naquela época, as universidades pensaram que o ideal seria criar um cartão com um chip de computador que o paciente carregaria entre seus documentos", diz.

"Na hora que precisasse de atendimento, o paciente usaria o cartão e o serviço que o socorresse teria acesso imediato às suas informações. Esse projeto acabou morrendo porque não recebemos financiamento adequado. Mas, de alguma forma, contribuiu para que o governo decidisse pelo cartão nacional de saúde. A diferença é que em vez de o cartão ter um chip inteligente capaz de carregar toda a informação da pessoa, terá um código de barras e as informações estarão registradas num banco de dados", afirma o nefrologista.

O Complexo Unifesp/SPDM está envolvido em outros projetos na área de informática, como a parceria com a Universidade Federal de Pernambuco: o projeto de auto-regulação do Datasus. Os municípios e os Estados estarão ligados a um sistema de agendamento de consulta e de transferência de pacientes que, por sua vez, estará ligado ao cartão da saúde. Será possível, por exemplo, saber que aquele paciente atendido no Hospital São Paulo veio de outro município, que terá, então, de pagar pelo atendimento. É uma forma de controle dos recursos.