Tele-trabalho: nova tendência
André Correia (*)
Colaborador
Uma das grandes tendências do cenário corporativo mundial é o
tele-trabalho (teleworking ou telecommuting). Pesquisas apontam que este novo tipo de relação comercial proporciona
uma série de benefícios para ambas as partes: empregados e
empregadores. Entre as vantagens, estão as reduções de gastos com infra-estrutura, menos
engarrafamentos, menos atrasos, maior tempo com a família e a maior resistência a situações de crises. Alguns estudos indicam
aumentos de produtividade que variam de 20 a 45% de ganhos. Ao contrário da primeira impressão, o tele-trabalho não se restringe às
residências, podendo ser realizado em um escritório satélite ou ainda num escritório móvel.
A destruição do World Trade Center foi uma grande prova para o tele-trabalho, quando
diversas empresas, sob o risco de incalculáveis perdas financeiras, tiveram que restabelecer seus negócios em tempo recorde. A
inexistência de um plano de
contingência foi um grande entrave que atingiu até mesmo gigantes do mercado de consultoria. A
boa vontade de funcionários e fornecedores foi fundamental, mas ainda hoje existem muitos funcionários trabalhando em suas
residências.
As barreiras tecnológicas para o advento do tele-trabalho são praticamente inexistentes. A
banda larga deixou de ser uma realidade exclusiva dos entusiastas da tecnologia, o preço vem caindo a cada mês e, em muitos casos,
os modems estão saindo de graça, como o que aconteceu com as antenas de recepção de televisão digital via satélite.
A Eletropaulo está testando (março de 2002) as suas linhas para fornecimento de serviços de
conectividade com a Internet. O piloto da Cemig será finalizado em maio. Ao que tudo indica, este serviço será bastante acessível,
levando ao chão o preço das conexões via banda larga.
Hoje o tele-trabalho conta com diversas ferramentas de programação para propiciar esta
experiência. São ferramentas de colaboração eletrônica (e-collaboration), compartilhamento de documentos, mensagens
instantâneas, agendas compartilhadas, vídeo-conferência, web fone, uma infinidade de recursos que somente o tempo poderá classificar
como utilidades ou inutilidades. Também entra como debutante neste mercado a tecnologia Bluetooth, prometendo ser um padrão
universal para redes pessoais de comunicação sem fio a curtas distâncias.
Entre todas estas maravilhas para propiciar a experiência do tele-trabalho, pouco ou nada
tem se falado sobre segurança das informações. Pode ser que as VPN (Virtual Private Network) estejam tomando o lugar de onipotência
ocupado pelos firewalls no passado. Quem tinha um firewall em sua rede acreditava estar seguro contra qualquer mazela
do mundo digital. Para quem anda pensando assim, a segurança das informações vai muito além da criptografia para a camada de rede.
Qualquer computador pessoal ligado à Internet, seja ele utilizado para tele-trabalho,
entretenimento ou uso doméstico, deve possuir um conjunto básico de programas para garantir a segurança das informações armazenadas
localmente. Neste sentido, é fundamental ter bem configurado e atualizado, de preferência automaticamente, anti-vírus, firewall
pessoal, solução de cópia de segurança (backup) e uma solução de criptografia para disco rígido.
Para uma utilização profissional, além de VPN, é interessante possuir uma solução de
criptografia completa, interligando a aplicação que funciona nos clientes ao servidor corporativo, utilizando certificados digitais
para assinatura de transações.
Também, quanto à questão dos processos, é salutar pensar numa política de segurança para
estabelecer regras na utilização dos recursos computacionais, cuidados na manutenção do equipamento, regras e orientações sobre o
acesso de familiares e visitantes, e também a classificação das informações sensíveis.
Vencidas as barreiras, o tele-trabalho tem tudo para emplacar em diversos segmentos que
podem operar com trabalho distribuído, como por exemplo jornalismo, publicidade, pesquisas, vendas e marketing, corretagem,
atendimento ao consumidor, consultoria financeira, desenvolvimento de sistemas e digitação. Talvez o tele-trabalho venha a criar o
mundo virtual globalizado, tão sonhado pela "velha nova economia".
(*)
André Correia é gerente de Planejamento e
Consultoria da Open Communications Security. Tem formação em Tecnologia em Processamento de Dados e especialização em Redes de
Computadores. |