Terrorismo na faculdade
Marcos Antunes (*)
Colaborador
Antes mesmo de eu passar no vestibular, já conhecia toda a fama do
professor mais comentado da faculdade que eu iria cursar. Todos diziam com a mesma entonação: "É um terror de professor".
Para minha sorte, já nos primeiros dias de aula lá estava ele: iria ser meu professor por
todo o ano. A boa notícia é que depois desse ano, só o veríamos no final do curso. Mas o ano parecia não acabar, minhas notas na
disciplina dele estavam péssimas, me restava apenas fazer o exame. Fui para o exame e graças a Deus passei de ano, e muito contente,
pois só iríamos vê-lo no último ano.
Mas aí sim, o tempo passou rápido demais e lá estava ele de novo na sala de aula. Minhas
notas agora eram bem piores do que no primeiro ano, até hoje não sei se era ruim na matéria ou se a fama do professor influenciou
meu comportamento e minhas notas.
Estava eu passando por um sufoco tremendo e não poderia ficar na dependência da matéria dele
logo no último ano e acabar não me formando com a minha turma. Entretanto pouco antes das últimas provas, eu tive um encontro com
ele, pois ele era o coordenador de nossas monografias, onde conversamos muito sobre a minha monografia e também sobre outros
assuntos.
A partir dessa conversa, eu não estava mais preocupado com minha nota na matéria dele e nem
com minha monografia. Não podia parar de pensar sobre o que ele me revelou: ele me disse que, alguns anos atrás, os antigos donos da
faculdade a puseram a venda e a ofereceram, a ele e a mais dois professores, mas que ele ficou com medo da dívida e não aceitou a
proposta de compra, mas os outros dois professores aceitaram, pagaram a faculdade em pouco tempo e ficaram muito bem
financeiramente.
E o meu professor, durante a conversa, só se lamentava, pois achou que a única oportunidade
da sua vida tinha se perdido. Como pode - eu pensava - um homem como ele, com diploma de muitas faculdades, mestre e doutor, um
verdadeiro gênio matemático, achar que só teve uma oportunidade na vida e essa já passou? Ele me disse que deixou essa oportunidade
passar, pois teve medo de se arriscar; preferiu a segurança que lhe era familiar, pois passou a sua vida a lecionar, e ser pago por
isso.
Eu tenho certeza absoluta que muitas oportunidades passarão na frente de seu nariz durante
toda a vida, mas ele usou toda sua genialidade para aprender mais em seu meio acadêmico e conseguir uma posição melhor nas escolas e
ganhar mais dinheiro de uma maneira segura e não em aprender a ser financeiramente inteligente para que sua mente mostrasse essas
oportunidades e não as perdesse tão rapidamente, passando pelos apuros financeiros que passou.
Pois, mesmo um doutor, com um bom salário e sem inteligência financeira, aumenta suas
despesas proporcionalmente ao salário, com uma casa luxuosa, carros importados e outras despesas.
Com as empresas, isso também acontece. As oportunidades têm que bater e insistir em suas
portas. Veja quanto tempo demorou para que as grandes empresas e magazines colocassem o seus produtos à venda pela internet?
E, para os que acham que a evolução parou por aí, o UMTS, a terceira geração de serviços de
telecomunicação móveis (interligação entre diversas tecnologias já existentes - Internet, rádio, TV, telefones, fax e satélites)
será uma grande realidade dentro de pouco tempo, e permitirá inúmeras oportunidades de novos negócios.
Isso influencia diretamente nas finanças de países que dão as costas às novas tecnologias e
que não investem ou incentivam as pesquisas.
Mas, tomara que as suas notas, as notas das empresas e dos países em inteligência financeira
também aumentem, assim como aumentou a minha nota na última prova, quando finalmente concluí o curso.
PARÁBOLA
Enigma
Certa vez, um grupo de jovens desafiou um velho sábio a
decifrar um enigma. A fama do velho sábio tinha se propagado por toda parte e sua sabedoria era reconhecida por todos que o
circundavam. Em uma praça pública da cidade, na presença de uma multidão, o desafio foi lançado. Um dos jovens chegou até o velho
sábio e perguntou: "Diga-me se este pássaro que está em entre as minhas mãos está vivo ou morto?"
A armadilha para vencer o velho sábio era perfeita, se o mesmo dissesse que estava vivo, o
jovem apertaria suavemente o pássaro, sufocando-o até a sua morte, então abriria a sua mão e a pequena ave se encontraria morta. Se
o velho sábio dissesse que a ave estava morta, aquele jovem abriria a sua mão e o pássaro ganharia altura, num vôo de liberdade.
Diante de tal dilema, o velho homem pôs-se a pensar tranqüilamente olhando profundamente nos
olhos daquele jovem desafiante, foi quando respirando fundo e falando calmamente lhe disse: "Jovem, a resposta está em suas mãos".
Muitas vezes, ficamos à espera de que algo nos aconteça para que tomemos o rumo de nossas
vidas e esquecemos que cabe a nós segurarmos as rédeas de nossa existência e lutarmos pelo que desejamos, seja o que for, um grande
amor, uma carreira, um bom emprego, saúde etc...
A reposta sempre estará em nossas mãos. Se não tomarmos consciência disso, corremos o risco
de passar a nossa vida inteira na mediocridade, esmolando oportunidades que nunca virão.
(*) O economista
Marcos Antunes é palestrante, professor de Inteligência Financeira, consultor financeiro
de empresas e proprietário da Potencial.com, empresa que oferece serviços de design,
tecnologia, treinamento, mercadologia e consultoria para Internet. |