NOTÍCIAS 2002 - TERROR NOS
EUA
Brasil tem opinião dividida sobre a guerra
Usuários de Internet tendem a discordar mais da ação estadunidense no caso
A guerra no Afeganistão pode ter acabado, mas as suas causas e
como se deveria lidar com o terrorismo, são assuntos que ainda envolvem os brasileiros. Preocupação e consideração com o tema
refletem-se, em parte, no alto número de pessoas que tomam partido e expressam sua visão antes de optar pelo evasivo "não sei".
Todavia, mesmo com uma alta taxa de resposta, o assunto está longe de resultar em opiniões homogêneas, segundo pesquisa produzida
pela Market Analysis Brasil e divulgada em seu boletim eletrônico trimestral
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Verão 2002.
Os brasileiros estão divididos sobre a interpretação dos ataques terroristas do 11/9/2001.
Perguntados sobre as causas dos ataques, mais de 45% atribuíram-nos ao fanatismo de uma pessoa ou de um grupo, talvez a
interpretação que foi mais amplamente difundida pela mídia de massa. Porém, quase 35% interpretaram os ataques como uma resposta às
ações dos Estados Unidos no mundo. Um distante terceiro grupo, representando 13% dos brasileiros, encontram ambas as respostas como
uma explicação apropriada para o evento.
Essa divisão de opiniões espelha as leituras feitas pelos diferentes meios de comunicação na
cobertura dos fatos. Quanto maior a exposição à televisão, mais inclinado é o indivíduo a ver o fanatismo como o principal motivo
dos ataques. Por outro lado, no grupo seleto de pessoas que lêem jornal, são usuários freqüentes de Internet e discutem sobre
política, o quadro de opiniões muda substancialmente.
Aqueles que alimentam seus pontos de vista com fontes de informação diferentes da TV (tais
como o jornal impresso ou a Internet), e os que freqüentemente se engajam em discussões políticas têm menor probabilidade de reduzir
a causalidade do evento ao extremismo de grupos ou pessoas. Comparados com aqueles que não lêem jornais, não acessam à Web e não
falam de política, estes estão mais inclinados a atribuir ao governo americano parte da responsabilidade pelos atentados. Já as
preferências por futuras políticas anti-terrorismo convergem para uma maior cooperação e menor repressão.
As opiniões estão muito definidas no tocante a como os EUA deveriam lidar com o terrorismo
no futuro. Perto de 95% concordam que aumentar os gastos para reduzir a pobreza mundial são a melhor opção para os EUA, com 87%
preferindo restrições ao comércio mundial de armas e 86% sendo favoráveis a um maior controle do espaço público como ruas e
aeroportos. Em um segundo nível, 77% dos brasileiros entendem que a redução da interferência americana sobre outros países e outras
culturas deveria fazer parte das políticas futuras.
Ações de repressão direta, tais como o confronto militar com os grupos terroristas e países
que os abrigam, e o aumento da vigilância sobre as pessoas de origem árabe, encontram menor grau de acordo: 61% e 54%,
respectivamente.
As escolhas de natureza cooperativa, tais como o combate à pobreza, a limitação às armas e a
redução na interferência em outros países foram igualmente valoradas pelos brasileiros, independentemente do ponto de vista sobre os
ataques. Por outro lado, a preferência pelas medidas repressivas de aumento de vigilância sobre os espaços públicos e sobre os
árabes, e os ataques militares, que foram as medidas tomadas pelo governo Bush contra o terrorismo, estão mais fortemente associadas
com a opinião de que os ataques foram uma decisão isolada de fanáticos.
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