NOTÍCIAS 2002
As empresas e as novas tecnologias de gestão
Mauro Anderlini (*)
Colaborador
A tecnologia avança e, a cada dia, torna disponíveis mais
instrumentos que permitem às empresas aumentar seu poder de fogo na conquista de clientes e na comercialização de seus produtos.
Algumas organizações ainda relutam em aderir a essas soluções tecnológicas, tamanha a velocidade das inovações e suas implicações
práticas. É o caso das práticas do B2B EC e outras a elas relacionadas, que muitos consideram "muito ousadas". O próprio nome soa
para muitos como um palavrão; trata-se nada mais que do comércio eletrônico entre empresas (business to (2) business electronic
commerce).
Em 2001, foi extremamente positivo o fato de haver aumentado no Brasil o número de empresas
que, pelo menos, se dispuseram a olhar com menos desconfiança as soluções de B2B eCommerce, EAI (Enterprise Application
Integration), eCRM, eSCM/ERP II, Business Intelligence e de EIP (Enterprise Information Portal).
Assim, iniciamos 2002 com alguns desafios "herdados" e com novos temas a serem integrados à
pauta de B2B das empresas. Entre eles, cabe destacar o ECM (Enterprise Commerce Management). O ECM, termo cunhado pela AMR
Research, é uma metodologia que apresenta uma visão integrada de planejamento e gestão de processos de negócios e das ferramentas
necessárias para englobar colaboradores, clientes, fornecedores e demais parceiros de negócios de uma organização.
Na prática, o ECM engloba o B2B EC (eProcurement, eSales/eDistribution e eMarketplace), as
aplicações de Customer Management (CRM), de Enterprise Management (ERP), assim como as de Supplier Management (SRM). Esta abordagem
apresenta forte correlação com o BPM (Business Process Management), que envolve as soluções que proporcionam maior
visibilidade e controle end-to-end sobre as partes colaboradoras do processo de informações e transações. Essas práticas, em
conjunto, propõem às empresas atingir (mais facilmente) o tão divulgado e sonhado "estado de Nirvana" em relacionamentos B2B: a
colaboração.
Neste cenário de provável fusão e harmonização de conceitos e tecnologias, vários fatores
têm impactado direta e indiretamente sobre a adoção das práticas de B2B EC. Entre esses fatores estão:
- Integração das organizações envolvidas (principalmente no que se refere à capacidade
tecnológica dos fornecedores);
- Visão estratégica de Tecnologia da Informação;
- Maior complexidade estratégico-tecnológica exigida para a aquisição de materiais diretos;
- Inexistência/existência insuficiente de indicadores de desempenho nas áreas de compras e
suprimentos;
- Sistemas com baixo nível de integração;
- Desconfiança quanto à qualidade/segurança dos serviços e das tecnologia(s) empregada(s);
- Pouca orientação, pouco suporte e falta de determinação das lideranças envolvidas na
prática de compras eletrônicas;
- Em alguns casos, criativas práticas de informalização comercial (não emissão
de Nota Fiscal, emissão da chamada meia-nota etc), que acabam amedrontando aquelas empresas que não querem
vulnerabilizar estes estratagemas competitivos através da exposição de catálogos oficiais de preços e/ou ordens de
compra com transparência para as condições acordadas, impossibilitando ou reduzindo significativamente suas iniciativas de compras
eletrônicas.
Em suma, para que o B2B EC evolua mais rapidamente em volume de participantes, transações e
categorias de produtos/serviços, pode-se dizer que exigem-se (apenas) "QI" e "QE".
O "QI" representa um melhor entendimento das possibilidades e necessidades de integração de
informações e negócios através do meio Internet e de um novo mindset (nova mentalidade) para avaliação e disponibilização de
investimentos em tecnologias focadas neste ambiente. Podemos chamá-lo de Quociente de Internet das organizações envolvidas
(clientes, fornecedores e parceiros).
O "QE" significa uma efetiva incorporação da questão à agenda estratégica dessas organizações,
visando:
1) Uma governança eficaz (nos casos de iniciativas consorciadas);
2) Identificação, entendimento e avaliação corretos dos relacionamentos existentes no
mercado, das oportunidades e riscos envolvidos, assim como das ações de educação, treinamento, habilitação profissional e change
management. São medidas necessárias para a plena inclusão tática e operacional das práticas de B2B EC, resumidas como o
Quociente de Estratégia das organizações envolvidas.
(*) Mauro Anderlini é gerente de compras eletrônicas da
Novabase do Brasil, empresa de origem portuguesa especializada em soluções tecnológicas. |