NOTÍCIAS 2002
O guarda-costas é o meu primo
Marcos Antunes (*)
Colaborador
No final do ano retrasado, recebi um telefonema de um primo, muito
entusiasmado com o novo curso que acabara de completar em São Paulo. Ele me pedia para ajudá-lo a elaborar seu novo currículo.
Marcamos um horário e, enquanto eu digitava, contava-me os pormenores do que aprendera.
Quando na adolescência, cursara a Escola Técnica Agrícola e trabalhara em uma usina de cana-de-açúcar, na cidade vizinha. Mas
deixara o emprego, com a reprovação de toda a família, para seguir o seu sonho. E para realizar o seu sonho, teria que vencer
algumas etapas, tais como ter experiência profissional, na atividade que escolhera. Ele não tinha, senão apenas o biótipo.
Fez ele, então, o curso de vigilante, e lá conheceu algumas pessoas que lhe indicaram um
curso que, como elas diziam, o ajudaria muito a alcançar os seus objetivos: o de segurança de carros-fortes. Terminou o curso e já
estava empregado. Os anos passaram, e ele já tinha a experiência de que precisava para realizar o seu sonho: ser um agente de
segurança pessoal, um guarda-costas.
Foi para São Paulo, fez o curso de agente e, é claro, afobava-se para enviar os currículos e
realizar o seu sonho. Perguntei então, como era esse curso. Sem hesitar, explicava-me, com riqueza de detalhes, as técnicas
aprendidas.
A falha - Mas algo foi ensinado a ele nesse curso, que me deixou reflexivo por longo
tempo. Dissera-me que se algum dia algum cliente futuro sofresse uma tentativa de seqüestro, ou assassinato, mesmo sem êxito, e seu
segurança não percebesse o movimento suspeito, ele falhara.
Ou seja, mesmo que o cliente não sofresse nenhum dano físico e moral, mas se havida a
tentativa, a segurança falhara. E o exemplo que me deu foi que, para seqüestrar, todo um levantamento, uma investigação da rotina,
dos hábitos da vítima, fora feita, e o segurança não percebera o movimento suspeito. Assim, falhara...
Eu pensei: pôxa! Quando notei pessoas passando necessidades financeiras, algum descuido
ocorrera no passado... Falta de planejamento, por exemplo, ou algum outro motivo, desencadeara todo o processo que se transformara
em sérios apuros. Mesmo que essas pessoas não perdessem seus bens maiores, tudo seria evitado se agissem com inteligência
financeira.
E as empresas concordatárias ou falidas, com certeza, no passado, cometeram erros
semelhantes: falta de visão estratégica, análise de mercado, planejamento etc... Ou seja: descuidos financeiros!
Sem planejar... - A vida das pessoas, assim como a vida das empresas, rege-se por
equilíbrio financeiro. Os países também estão sujeitos às mesmas regras. Suas crises originam-se do passado, quando não planejaram
suas metas, quando não souberam entender o momento econômico etc. Descuidos econômicos... Tal como acontece no micro, acontece no
macro...
Quanto a meu primo, ganhou promoção na empresa em que trabalha, depois
do curso. Parece-me que o querem por lá. Mas cá comigo, penso que não desistiu do seu sonho.
Como sua perseverança é grande, já o vejo como O Guarda-costas.
PARÁBOLA
Lição de comportamento no emprego
Um urubu está pousado numa árvore não fazendo nada o dia todo. Um coelhinho viu o urubu e
perguntou: Posso sentar como você e ficar fazendo nada o dia todo?
O urubu respondeu: Claro, por que não?
Assim, o coelhinho sentou-se embaixo da árvore e ficou descansando. Subitamente apareceu uma
raposa que saltou sobre o coelho e o comeu.
Moral da história:
Para ficar sentado sem fazer nada, você precisa estar sentado muito, mas muito alto.
(*) O economista
Marcos Antunes é palestrante, professor de Inteligência Financeira, consultor financeiro de empresas
e proprietário da Potencial.com, empresa que oferece serviços de design,
tecnologia, treinamento, mercadologia e consultoria para Internet. |