NOTÍCIAS 2002
Sem EAI não há transição para os negócios eletrônicos
Só o aproveitamento das potencialidades do legado permite implementar de forma segura as novas
tecnologias de interfaceamento com o mundo
Roberto Rebouças (*)
Colaborador
Técnicos do Gartner Group e das mais respeitadas empresas de
consultoria do mundo estão de acordo em um ponto: a estratégia de EAI (enterprise application integration - integração de
aplicações empresariais) é a resposta mais adequada para resolver o impasse entre a adoção de novas tecnologias de e-business
(N.E.: negócios eletrônicos) e a manutenção das grandes e indispensáveis usinas de dados (os
mainframes) dentro de uma perspectiva evolutiva.
Há apenas dois anos, a urgência relacionada ao bug do ano 2000 fez com que as
empresas gastassem centenas de milhões de dólares no estudo aprofundado de seus legados e em suas tecnologias futuras. O que se
aprendeu neste período - e não foi pouco - pode ser sintetizado na constatação de que, ao contrário de ser um "fardo do passado", a
herança tecnológica é a superfície de sustentação (ou muitos diriam, de "mineração") das novas tecnologias de interfaceamento.
Interface - É bem verdade, todos sabem, que o calcanhar de Aquiles desse legado está
justamente na sua dificuldade de interfacear. Difíceis de serem acessados, os mainframes foram, de fato, concebidos
originalmente como fortalezas de dados; ou como enormes reservatórios de riquezas para os quais o acesso deveria ser naturalmente
limitado.
Mas substituir os sistemas legados por aplicativos ERP (enterprise resource planning
- planejamento de recursos empresariais) ou CRM (customer relationship management - gerenciamento de relações com os
clientes) muitas vezes resulta em soluções de baixa funcionalidade, enquanto simplesmente reescrever os aplicativos legados pode ser
um risco muito alto e - em situações extremas - levar à ruína algum sistema de missão crítica.
Assim, devido a sua insuperável robustez, centralização e segurança - além de suas enormes
jazidas de dados e processos codificados - os mainframes passam necessariamente à cogitação dos técnicos como sendo a
montanha que vai a Maomé (entendendo Maomé como o ambiente de Internet, ou melhor de negócios eletrônicos) ou para a qual Maomé irá
se dirigir de forma inexorável.
Requisitos - Partindo desta constatação básica, os especialistas mundiais começam a
definir a arquitetura de EAI que irá vingar nos próximos anos. Neste cenário, os requisitos que tem sido apontados com maior
freqüência são:
Integração
front-office/back-office: Não há efetividade nos negócios eletrônicos se não houver um perfeito entrosamento do legado com as
múltiplas interfaces analógicas e digitais que se abrem para os mundos interno e externo.
Integração comercial
total: se permanecer alguma fragmentação no processo, a automação da parte pode ser pior que a desautomação do todo.
Arquitetura
orientada a serviços: os desenvolvedores não podem mais se concentrar na arquitetura interna de seus aplicativos, mas considerar o
modo como o aplicativo trocará dados, com base em pedido/resposta, ou com sistemas de mensagens dos aplicativos externos.
Integração de
aplicativos no lugar de aplicativos novos: uma parte significativa do desenvolvimento se destinará a ligar aplicativos, em vez de
criar novos, mas a maior parte do desenvolvimento na área de informática será consumida por design, teste, documentação e
manutenção.
Demanda acionada via
clientes externos: o boom de integração de aplicativos não foi acionado pela conscientização dos gerentes de informática, mas
sim exigência cada vez mais imponente dos clientes externos. Esta tendência deve se consolidar nos projetos futuros. Gerentes de
sistema em todo o mundo estão aprendendo rapidamente a fazer a integração de aplicativos e já colhem frutos importantes, embora
ainda estejam a meio caminho de atingir seu objetivo.
Chegando a este estágio, estas empresas devem agora se concentrar em um esforço de
integração de segunda geração - a integração dos processos comerciais - para fornecer o máximo aos clientes, reduzir custos (via
negociação simplificada com fornecedores) e obter margens mais competitivas em seus mercados.
Enquanto isso, as empresas que navegaram sem objetivo, enquanto aguardavam o amadurecimento
da tecnologia de integração, esperaram tempo demais. Agora não dá mais para obter uma vantagem competitiva independentemente do
investimento que fizerem em middleware estratégico. No entanto, isso não é motivo para continuar a adiar uma tomada de
atitude. As empresas que ainda estão na linha secundária do desenvolvimento devem entrar com toda força no jogo da integração EAI,
ou ficarão cada vez mais atrás em relação a seus competidores.
(*) Roberto Rebouças é diretor e gerente técnico da
Attachmate Corporation para a América Latina.
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