Lojas virtuais estão prontas
para o Natal?
Murilo Almeida (*)
Colaborador
Os grandes
desafios do comércio eletrônico atual são fazer com
que os tradicionais canais de distribuição e o varejo sejam
substituídos pelo comércio eletrônico, onde a loja
é virtual e o consumidor tem a comodidade de receber os produtos
em casa. Fazer com que esses produtos cheguem de maneira correta, no menor
tempo possível e com o menor custo possível é o grande
desafio logístico.
Porém, o desafio aumenta quando
a entrega desses produtos aos clientes se tornam mais importantes que a
própria substituição do varejo. É, então,
nesse momento em que o maior desafio atual do varejista virtual passa a
ser muito complexo, o sucesso da empresa passa a depender de um sistema
eficiente de entrega de mercadorias aos consumidores, além do outro
grande desafio de serem lucrativas.
Alternativas - As lojas virtuais
em todo mundo, incluindo as do Brasil, como Submarino, Amélia e
Americanas, procuram alternativas para montar uma grande rede de distribuição
que entregará qualquer produto – desde livros à geladeiras
– no domicílio do consumidor, melhor e com menor preço que
o varejo tradicional.
Já foi o tempo em que essas
empresas utilizavam a mercadologia apenas como uma ferramenta para promoções
e vendas e passaram a usar um conceito do mercadologia esquecido até
então: como fazer para que o produto chegue até o cliente?
O conceito esquecido é o da distribuição – pegar o
produto certo (aquele que o cliente pediu e na quantidade certa), embalá-lo
de maneira que não seja entregue com avarias, enviá-lo para
o local certo e conseguir a satisfação do cliente na entrega.
Tenho plena certeza de que é nesse conceito do mercadologia que
devam estar centrados todos os esforços para a conquista de parcelas
do mercado do comércio eletrônico.
Assim, começam a surgir vários
grupos de empresas concentradas no desenvolvimento de um conceito de redes
de valor, tendo uma estratégia alinhada entre elas e focadas no
objetivo de entregar valor diferenciado ao cliente final. Isto faz com
que se tenha uma mudança no conteúdo da competição
na internet. É necessário portanto integração
entre fornecedores, lojas virtuais e empresas de serviços de entrega.
Entrega perfeita - Basicamente,
veremos neste Natal empresas mais acertadas em relação à
entrega ao cliente. Tudo envolverá a entrega perfeita. Exemplo disso
é um anúncio recente do site de comércio eletrônico
Submarino: "Nosso compromisso com
você: se atrasar a gente paga!". Este compromisso do site não
poderia ter sido feito nos Natais passados, pois realmente não havia
integração da cadeia de abastecimento eletrônico, o
e-supply
chain.
Verificamos, pela primeira vez, a
apresentação pública ao mercado de uma definida estratégia
de mercadologia, onde essa empresa não quer apenas realizar a venda,
precisa conquistar e encantar o cliente com um serviço de alto valor.
É ter o produto no momento certo que ele deseja, ou como o próprio
anúncio garante como compromisso, ter a confiança de que
o produto irá chegar no tempo certo, ou a satisfação
será substituída por receber o produto sem pagar nada! Somente
uma logística de distribuição bem definida e planejada
pode assegurar que esta promoção não seja desastrosa.
Infelizmente, a maioria dos lojistas
eletrônicos colocaram seus esforços iniciais nas áreas
que acreditaram serem as mais importantes: desenvolvimento de produtos
para a rede, geração de tráfego, sites dinâmicos
e personalizados, transações e assim por diante. Essas empresas
quase nunca davam a devida atenção à distribuição
e à entrega - um elemento crucial para o sucesso ou fracasso do
comércio na rede.
As companhias de comércio
eletrônico que acreditam na complexidade da entrega precisam procurar
empresas parceiras cujo foco principal é a logística. Não
é simplesmente uma aliança operacional tradicional com foco
somente em seu próprio serviço. Hoje em dia, essas redes
de empresas estão buscando juntas um objetivo comum, o de satisfazer
as necessidades dos consumidores finais.
Nova concorrência -
Está surgindo assim uma nova forma de concorrência: cadeia
eletrônica de abastecimento vs. cadeia eletrônica de abastecimento.
Na guerra dos sites generalistas na Internet, por exemplo, a competição
não é apenas entre a Submarino.com e Americanas.com mas também
entre grupos de empresas que compõem cada cadeia eletrônica
de abastecimento ancorada por essas empresas.
Vale lembrar portanto que o sucesso
dos modelos de logística para entrega direta ao consumidor depende
da integração dos seguintes pilares: o planejamento de entrega
de pedidos, a execução da produção em separar
os produtos e embalá-los, o gerenciamento da distribuição
e a integração entre sistemas operacionais informatizados.
A distribuição e a
reposição são fatores de extrema relevância
nesse negócio. O que faz o comércio eletrônico direto
ao consumidor tornar-se compulsivo para o cliente não é a
experiência da compra, mas sim a entrega em tempo, menos erros na
entrega, o serviço extra e a conveniência. Essas são
as coisas que o consumidor aprecia. Em 2001, se essas empresas falharem
em cumprir esses valores, elas estão se arriscando em perder a confiança
dos clientes, ou simplesmente deixar de vender a eles em datas posteriores.
Expectativa maior - Neste
Natal, a tarefa parece ser ainda mais difícil, pois satisfazer os
clientes com as crescentes expectativas requer uma mudança consciente
nas estratégias de entrega e uma estrutura tecnológica que
agrupe em um todo cada etapa da cadeia de entrega em domicílio.
Também é importante incluir a necessidade de informações
em tempo real aos consumidores, para que estes possam conhecer a situação
de seus pedidos a qualquer momento.
O que fez com que se reduzisse a
confiança do consumidor nos últimos dois fins de ano foi
o não cumprimento da entrega dos valores aos clientes. Ter a melhor
distribuição entre as redes de comércio eletrônico
concorrentes é fator substancial para continuar a atuar neste mercado.
As empresas que - no desenvolvimento de suas estratégias de entrega
em domicílio - conseguirem satisfazer esses desejos dos clientes,
certamente aparecerão como as grandes vencedoras na economia da
Internet.
(*) Murilo
Almeida é gerente de Projetos Logísticos da KOM International
- ABPL & Associados, consultoria em cadeia de suprimentos. Graduado
em economia pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU/MG), possui
especialização em Logística Empresarial pela Universidade
do Triângulo Mineiro e está concluindo MBA em Mercadologia
na Universidade de São Paulo (FEA/USP), em Ribeirão Preto/SP. |